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Tamar faz expedição ao Parque Nacional de Abrolhos
E caracteriza o arquipélago como área de alimentação da tartaruga-de-pente. Ideia é realizar ações para captura, marcação e recaptura de tartarugas a cada três meses no local
Brasília (22/11/16) – Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e da Fundação Pró-Tamar visitaram o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, unidade de conservação (UC) administrada pelo ICMBio no litoral sul da Bahia.
A visita teve como objetivos dar andamento ao Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Tartarugas Marinhas e caracterizar o arquipélago como área de alimentação da tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). A expedição partiu de Caravelas (BA) na lancha do ICMBio e contou com a presença do chefe da UC, Fernando Repinaldo, além de monitores e pesquisadores locais e da equipe do Tamar.
Os esforços de captura foram realizados principalmente entre as ilhas Santa Bárbara e Siriba, devido às condições do mar, sempre em áreas rasas, variando de 0,5 a 5 metros de profundidade. Várias atividades foram realizadas durante os três dias de visita, como mergulhos para capturas, capacitação e palestras sobre procedimentos e metodologias e gravação do programa da TV Globo 'Como Será?'.
Uma tartaruga-de-pente que já era conhecida da equipe local e tinha até nome – Bebete – foi recapturada e teve dados coletados. Na gravação do programa 'Como Será?' foram recapturadas duas tartarugas-de-pente e se falou sobre Abrolhos, tartarugas marinhas e conservação.
Capacitações e palestras
Durantes as capacitações, um dos temas abordados foi a metodologia de estudos de indicadores demográficos através de captura, marcação e recaptura de animais na água, a longo prazo. Além disso, o biólogo Armando Barsante, do Tamar, tratou dos métodos de captura, regras básicas de segurança, protocolos de coleta de dados, equipamentos necessários e possibilidades de investigação.
Também foi realizada pela analista ambiental do Centro Tamar/ICMBio, Cecília Baptistotte, uma apresentação sobre fibropapilomatose, uma atualização sobre o estado da arte nas pesquisas científicas sobre a doença, com enfoque nos cuidados sanitários necessários no manuseio dos animais, além de informações básicas sobre reabilitação, resgate e transporte.
Mergulhos e capturas
Um mergulho noturno resultou na captura de uma tarraruga-de-pente marcada e de quatro tartarugas-verdes (Chelonia mydas), sendo três recapturas e uma marcada pela primeira vez, que apresentava tumores. No último dia de visita, em um mergulho, foram capturadas quatro tartarugas-de-pente, sendo três recapturas e uma marcada pela primeira vez.
Para atingir os objetivos do PAN, foi discutida a necessidade de um esforço contínuo e a direção do Parque Nacional Marinhos dos Abrolhos declarou que pretende realizar uma expedição para captura, marcação e recaptura a cada três meses.
As tartarugas-de-pente até o momento identificadas em Abrolhos são principalmente animais jovens, entre 40 cm e 50 cm de comprimento de casco, o que leva a crer que o arquipélago é uma importante área de alimentação e descanso para esta espécie.
Elas são vistas comumente em águas rasas e são carnívoras, alimentando-se de uma grande variedade de presas, mas principalmente anêmonas e esponjas. As análises genéticas conduzidas pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) têm indicado que as tartarugas-de-pente encontradas em Abrolhos nascem principalmente na Bahia e no Rio Grande do Norte, que são as principais áreas de desova desta espécie no Brasil. Entretanto, há também contribuições em menor escala da África e do Caribe.
Sobre o Projeto Tamar
Iniciado nos anos 80, o Projeto Tamar é uma soma de esforços entre Centro Tamar/ICMBio e a a Fundação Pró-Tamar. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).
O Tamar protege aproximadamente 1.100 km de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações do Projeto Tamar