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Tamar alerta para cuidados com tartarugas
Praias cheias de gente, carros invadindo as areias, barcos cruzando o mar. No verão, mais do que em outras estações, é preciso ficar atento para não afetar os animais
Brasília (28/12/2016) – Nas férias de verão, principalmente em janeiro, as praias brasileiras ficam lotadas. E é exatamente nesse período que as tartarugas marinhas estão em plena reprodução. Por isso, é importante que as pessoas tomem cuidados para evitar impactos às condições naturais das áreas de desova. O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), reforça nesse período as suas ações de proteção no litoral e alerta as pessoas para terem todo o cuidado.
O trânsito de veículos nas praias de desova, incluindo carros, caminhonetes e quadriciclos, destacam os gestores do Tamar, além de ser uma ameaça aos banhistas, pode compactar os ninhos das tartarugas, atropelar os filhotes e ainda afugentar as fêmeas durante a desova.
O Tamar lembra que esse tipo de prática (veículos motorizados na praia) é ilegal, conforme estabelece a portaria n° 10, de 30 de janeiro de 1995, editada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Os técnicos do Tamar pedem, inclusive, às pessoas que têm dúvidas sobre isso para consultarem as leis de trânsito de seu estado, de forma a obter mais informações e adotar todas as precauções e medidas preventivas para garantir a integridade dos ninhos e das tartarugas.
Capturas incidentais
Outro fato preocupante é a captura incidental de tartarugas marinhas pelos barcos de pesca, atividade que ocorre o ano todo, mas aumenta no verão pela demanda dos produtos pesqueiros. Por isso, desde 1990, o Tamar trabalha em áreas onde esse tipo de ocorrência é elevado.
O Centro criou até o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, em 2001, para diminuir a incidência de tartarugas capturadas e mortas pela atividade pesqueira, tanto em águas costeiras como oceânicas.
Entre as ações do programa estão a coleta de informações e a pesquisa sobre artes e apetrechos com o objetivo de propor alternativas, como a substituição de determinadas técnicas e equipamentos por outros que diminuam a incidência e mortalidade nas capturas.
As capturas incidentais ocorrem, principalmente, por redes de emalhe, espinhéis pelágicos (longline) e redes de arrasto para peixes e camarão. Sem poder subir à superfície para respirar, as tartarugas acabam desmaiando e morrendo afogadas. A pesca artesanal, tradicional em algumas regiões do país, como em Ubatuba, no litoral de São Paulo, também captura tartarugas incidentalmente.
Luz artificial
Outra preocupação é com a incidência de luz artificial nas praias, resultado da expansão urbana sobre o litoral, que prejudica fêmeas e filhotes. O fenômeno é maior ainda no versão pela presença maciça de carros com faróis ligados em regiões de beira-mar. As fêmeas deixam de desovar, evitando o litoral, se a praia está iluminada inadequadamente. Os filhotes, por sua vez, ficam desorientados. Ao invés de seguir para o mar, guiados pela luz do horizonte, caminham para o continente, atraídos pela iluminação artificial – e fatalmente são atropelados, devorados por predadores como cães e raposas, ou morrem de desidratação.
O Tamar conseguiu aprovar leis que impedem a instalação de novos pontos de luz em áreas de desova e faz campanhas permanentes para substituição, nessas áreas, das luminárias convencionais por outras, especialmente desenhadas com a consultoria do Projeto, para que a luz não incida diretamente sobre a praia. Para orientar gestores públicos e as demais pessoas, o Centro editou uma cartilha com orientações sobre a iluminação adequada (
Confira aqui
).
Poluição das águas
A poluição das águas por elementos orgânicos e inorgânicos, como lixo e esgoto – outra ameaça às tartarugas marinhas – cresce no verão com a maior presença das pessoas nas praias. Esse tipo de poluição interfere na alimentação e locomoção e prejudica o ciclo de vida das tartarugas marinhas. É uma das principais ameaças, pois degrada o ambiente marinho como um todo.
A ingestão de plástico e outros resíduos está relacionada aos hábitos alimentares das tartarugas marinhas. As espécies que não perseguem suas presas, como a tartaruga-verde (
Chelonia mydas
), estão mais sujeitas ao problema. A tartaruga-de-couro (
Dermochelys coriacea
), que se alimenta principalmente de águas-vivas, também é um alvo fácil porque se confude com os plásticos transparentes deixados na praia e que acabaram arrastados para o mar. Restos de redes e linhas de pesca abandonados no mar também são perigosos, pois permanecem no ambiente, matam indiscriminadamente e desnecessariamente não só as tartarugas marinhas como outros animais.
O Tamar realiza um trabalho de sensibilização e educação ambiental nos seus museus espalhados por todo o litoral brasileiro, convidando as pessoas a fazerem a parte que lhes cabe para contribuir com a saúde dos oceanos. Os gestores do Centro aproveitam para convidar as pessoas que forem curtir as férias no litoral, neste verão, a visitar os museus do Tamar (
Veja onde eles ficam
).
Por fim, o Tamar alerta para o fato de que, a cada mil filhotes que nascem, somente um ou dois conseguem atingir a maturidade. São inúmeros os obstáculos que enfrentam para sobreviver, mesmo quando se tornam juvenis e adultos. Muito mais que os predadores naturais, as ações humanas estão entre as principais ameaças às populações de tartarugas marinhas em todo o mundo. Portanto, ao ir à praia, adote um comportamento cuidadoso para reduzir essa ameaça.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280