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Sons da natureza são tema de pesquisa
Objetivo do projeto é utilizar a paisagem sonora como ferramenta de análise da biodiversidade
Nana Brasil
ascomchicomendes@icmbio.gov.br
Brasília (26/09/2016) – Os sons da natureza têm muito mais a nos dizer sobre a biodiversidade do que poderíamos supor. É o que revela o projeto de doutorado do analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ivan Campos. Entre os meses de abril e agosto de 2016, o pesquisador percorreu 7.800 km e gravou mais de 6 mil horas de áudio nos Parques Nacionais da Serra da Bodoquena (MS), da Chapada dos Veadeiros (GO) e da Serra do Cipó (MG).
Desenvolvido na Universidade de Auckland (Nova Zelândia), o projeto se intitula 'Escutando a Natureza – Uma Abordagem Acústica Passiva para o Monitoramento de Biodiversidade em Unidades de Conservação'. De acordo com Ivan Campos, o objetivo do trabalho é abordar a paisagem sonora enquanto ferramenta de análise da biodiversidade.
“O som contém grande quantidade de informações sobre o ecossistema e as espécies que nele vivem. Pretendo aprender a extrair, quantificar e interpretar parte dessas informações tendo como foco o monitoramento de biodiversidade em unidades de conservação (UCs)”, explica o pesquisador.
Segundo Ivan, o propósito maior é aprimorar técnicas de análise do som para investigar se a biodiversidade está mudando dentro e fora das áreas protegidas. “O intuito é verificar, ao longo do tempo, se as UCs estão efetivamente contribuindo para a sobrevivência das espécies”, destaca.
Desafios
Uma das dificuldades de se estudar a fauna é que a simples presença do investigador que está em campo interfere no comportamento dos animais que se pretende estudar e, muitas vezes, acaba por afugentá-los. Com o uso de gravadores esse problema é evitado: os aparelhos gravam continuamente por vários dias sem interferir no comportamento dos bichos.
Além disso, é possível registrar sons produzidos por diversos grupos de animais, como insetos, anfíbios, mamíferos e aves. Poucos métodos são capazes de abordar tantos grupos de animais ao mesmo tempo. Para Ivan, o som é uma boa forma de acompanhar a comunidade animal e de verificar se o número de espécies e indivíduos que podemos escutar aumenta ou diminui ao longo do período analisado.
“É possível estudar, ainda, se a atividade acústica dos bichos muda com o passar do tempo, indicando possíveis alterações comportamentais. A natureza está produzindo som o tempo inteiro, som este que está repleto de informações. Pretendo buscar entender um pouco sobre o que o som nos está dizendo, aprender a escutar a natureza”, conclui o pesquisador.
Comunicação ICMBio
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