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Socorro eficiente e na hora certa
ICMBio participa do grupo de instituições que atuam na costa brasileira para salvar animais marinhos encalhados na praia ou enroscados em redes de pesca
Sandra Tavares
Sandra.tavares@icmbio.gov.br
Brasília (08/09/2016) – Toda vez que um animal marinho aparece morto nas praias surge a dúvida sobre a causa da morte, que pode ser natural ou não. Mas uma coisa é certa: a investigação precisa ser feita sempre, pois o resultado pode revelar problemas graves.
E é exatamente com base nessa premissa que atuam as unidades do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), como os centro nacionais de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA) e de Tartarugas Marinhas (Tamar) e a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca (SC).
Mas o que caracteriza um encalhe? É quando o animal marinho de grande, médio ou pequeno porte, como baleia, peixe-boi, tartaruga e até aves, fica preso à areia ou a pedras na orla sem condições de locomoção. Isso pode ocorrer com o animal ainda vivo, sem condições de voltar à água, necessitando ou não de cuidados médicos, ou com o animal já morto, seja na praia ou na água.
CMA
Para a chefe do CMA/ICMBio, Fábia Luna, é preciso conscientizar a população sobre a atuação mais eficaz em cada caso de encalhe. O CMA, junto com a Aquasis, ONG com sede no Ceará, tem longa tradição no atendimento a peixes-bois marinhos encalhados. “Quando um animal encalha vivo geralmente precisa de apoio das pessoas para se recuperar, e, quanto mais rápido e adequado for o atendimento, maiores são as chances de sobrevivência”, diz ela.
Segundo Fábia, é importante que técnicos e especialistas que atuam em grupos de atendimento a encalhes, como a Rede de Encalhe e Informação de Mamíferos Aquáticos do Brasil (Remab), sejam acionados. Assim, pessoas capacitadas e com equipamentos apropriados atuarão para salvar os animais.
Ainda segundo a chefe do CMA, há casos em que os animais estão apenas descansando e não devem nem ser tocados. Assim, caberá à equipe capacitada avaliar cada situação. “Mesmo que os animais já estejam mortos também é importante o resgate da carcaça. A análise delas nos traz informações valiosas, pois é quando se consegue descobrir a causa da morte, e temos condições de avaliar quais atividades podem estar impactando os animais marinhos e, com isso, podemos estabelecer novos procedimentos que visem evitar que mais mortes ocorram”, frisa Fábia.
Criada em 2011 no ICMBio, a Remab atua em todo território nacional. Tem como missão otimizar o monitoramento e atendimento a encalhes e capturas em artes de pesca. Dessa forma, desenvolve pesquisa e informações sobre mamíferos aquáticos, promove o intercâmbio de informações entre as instituições que trabalham com esses animais e produz diagnóstico sobre os mamíferos marinhos encalhados.
Tamar
O Tamar é outro centro especializado do ICMBio que pode ser acionado nos casos de encalhes de tartarugas marinhas. Além dele, várias instituições parceiras atuam ao longo da costa brasileira com conservação e pesquisa das tartarugas marinhas, algumas instituídas em redes, como a Rede de Tartarugas Marinhas do Nordeste (Retamane).
Das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo, cinco ocorrem no litoral brasileiro e podem ser alvo de encalhes: Caretta caretta (conhecida popularmente como Cabeçuda ou Mestiça); Eretmochelys imbricata (Legítima ou de Pente); Dermochelys coriacea (Gigante ou de Couro); Chelonia mydas (Verde ou Aruanã) e Lepidochelys olivácea (Oliva).
Diversas unidades de conservação (UC) marinhas, geridas pelo Instituto Chico Mendes, monitoram e atuam diretamente quando ocorre um encalhe. A APA da Baleia Franca, no litoral de Santa Catarina, integra a Remab e atua fortemente na região onde predomina a espécie baleia-franca (Eubalaena australis), que deu nome à UC.
APA da Baleia-Franca
Comunicados de encalhes de baleias (quando o animal fica preso na areia) ou emalhes (quando enrosca-se em alguma rede de pesca) no litoral de Santa Catarina podem ser feitos à APA da Baleia-Franca/ICMBio ou às demais instituições que assinaram protocolo nesse sentido – Projeto Baleia-Franca, Associação R3 Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC, Museu de Zoologia Professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski da UNESC, Corpo de Bombeiros, Capitania dos Portos e Policia Militar Ambiental.
Em parceria, todas essas instituições atendem, juntas, os casos de encalhes e emalhes na região da APA. Com base no caso, se de encalhe ou emalhe, e se houve morte ou não de baleia-franca ou de outras espécies de baleias ou de demais mamíferos marinhos, coletam-se informações buscando reduzir novos incidentes.
“Essas oito instituições são de fundamental importância para as ações de salvamento, pois conseguimos agregar competências e recursos para atender cada caso”, diz o chefe da APA da Baleia-Franca, Cecil Roberto de Maya Brotherhood de Barros.
Cecil lembra que, na próxima semana, entre dias 14 e 16, o Protocolo e a APA irão realizar um curso de desemalhe de baleias, ministrado pelo pesquisador norte americado David Matilla, do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA/EUA) e membro da Comissão Baleeira Internacional.
No curso, que será dirigido especialmente a militares do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, serão transmitidos ensinamentos teóricos e práticos sobre atendimento a emalhes de baleias. Os bombeiros foram escolhidos como público-alvo preferencial por já terem experiência nesse tipo de ocorrência.
APA Costa das Algas
Recentemente, gestores da APA Costa das Algas e do Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz, no Espírito Santo, acompanharam o encalhe de um macho de baleia Jubarte (Megaptera novaeanglie), de 11 metros. Como o animal já se encontrava morto, na Praia de Gramuté, a prefeitura de Aracruz (ES) foi acionada para retirar o corpo.
Nesse caso específico, a causa da morte estaria relacionada à lesão provavelmente causada por um cabo de amarração utilizado em atividades náuticas e que se encontrava amarrado no animal.
Por ter encalhado dentro da APA Costa das Algas, os gestores participaram de todos os momentos da ação, buscando proteger o ecossistema de manguezal que existe na UC e que fica sobre couraças lateríticas (formação de rochas sedimentares na porção marinha das unidades).
“Como o encalhe se deu sobre essas pedras, foi necessário uso de uma embarcação rebocadora. Somente após a maré subir é que a embarcação pôde puxar a baleia, já devidamente amarrada por cabos, e transportá-la até uma praia onde foi enterrada, evitando com isso riscos à saúde humana”, disse o chefe da APA Costa das Algas, Roberto Sforza.
Ibama
O Ibama instituiu, no âmbito dos licenciamentos costeiros e marinhos, os Programas de Monitoramento de Praias (PMP) como condicionantes de licenciamento ambiental referentes a empreendimentos de exploração de petróleo e gás, sísmica, construções portuárias, entre outros. A intenção é avaliar o impacto desses empreendimentos na fauna marinha. Com base nos PMPs, todo e qualquer encalhe deve ser acompanhado pelas empresas. Entre as atividades a serem cumpridas, está a de avaliar a causa de encalhes ou das mortes desses animais marinhos.
Entre Sergipe e Alagoas, o Programa Regional de Monitoramento de Encalhes e Anormalidades, criado em cumprimento a condicionante de licenciamento ambiental da Bacia Sergipe/Alagoas, divulga como forma de avisos em casos de encalhes o 0800 0793434. Na Bacia de Santos, que engloba os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina é o 0800-0039-5005.
Saiba mais
As baleias-francas são uma espécie ameaçada de extinção e protegida pela lei Federal 7643/1987. A Portaria Ibama 117/1996 determina normas de aproximação e cuidados para evitar o molestamento.
Como ajudar?
- Entre em contato com as instituições responsáveis
Em caso de emalhes:
- Não tente remover a rede
- Registre o local da ocorrência
- Obtenha fotografias do animal, possibilitando a identificação da espécie e documentação do caso, para que possa ser avaliado.
Em caso de animais vivos encalhados na praia:
- Não tente devolver o animal para a água, pois pode ser perigoso devido ao tamanho e peso do animal.
- Ajude a isolar a área mantendo pessoas e animais domésticos afastados
- Obtenha fotografias do animal, possibilitando a identificação da espécie e documentação do caso.
- Colabore com a sensibilização e a conscientização da comunidade
Proteja a sua saúde:
- Os animais encalhados podem transmitir doenças aos seres humanos.
- Evite respirar o ar expirado pelos animais.
- Não se aproxime da cauda. São animais grandes em situação de debilidade física, que podem se tornar ariscos com a aproximação de outros indivíduos e causar ferimentos.
Telefones:
Tamar – (27) 3222-1417/3029-3687
CMA – (81) 3544-1056
APA da Baleia Franca: (48) 3255-6710
Projeto Baleia Franca (Imbituba): (48) 3255-2922
Núcleo de Fauna IBAMA/SC: (48) 3212-3368 ou 3212-3356
UFSC – Laboratório de Mamíferos Aquáticos: (48) 3721-9626
UNESC (Criciúma): (48) 3431-2573
UDESC - (48) 9696-6025
Polícia Militar Ambiental: Laguna:(48) 3644-1728/ Maciambú:(48) 3286-1021/ Florianópolis:(48) 3269-7111/ Maracajá:(48) 3523-1870
PMP Bacia Sergipe/Alagoas: 0800 0793434
PMP Bacia de Campos e Espírito Santo: 0800-0039-5005
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280