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Seminário discute áreas de canga em Carajás
Mais de 400 participantes, entre professores, alunos e pesquisadores de várias instituições, debateram formas de compatibilizar a conservação da biodiversidade com a atividade minerária na região
Brasília (01/12/16) – Com o tema "Ecossistema de Canga", foi realizado o I Seminário de Pesquisa da Floresta Nacional (Flona) de Carajás, unidade de conservação (UC) administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Parauapebas, Pará.
Uma parceria do ICMBio com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), o evento possibilitou que pesquisadores de diversas instituições contribuíssem para o debate de temas relacionados ao desafio de compatibilizar a conservação da biodiversidade com a atividade minerária da região, uma das principais províncias minerais do país.
De acordo com o chefe da Flona de Carajás, Frederico Martins, o seminário realizado entre os dias 21 e 26 de novembro, em conjunto com a Ufra, reforça a importância das parcerias entre a academia e os órgãos ambientais para a gestão da biodiversidade brasileira. “Foi impressionante o apoio da Ufra durante todo o evento, onde enfatizamos a necessidade de se conservar o ecossistema de canga, tão raro e tão ameaçado pela mineração”, destacou Frederico.
Patrimônio espeleológico
Um dos assuntos abordados no seminário foi a conservação do patrimônio espeleológico (grutas e cavernas naturais) associado às formações ferríferas, que requer avanços em conhecimentos geológicos, sísmicos, hidrodinâmicos, geotectônicos, entre outros, que proporcionam o fortalecimento de grupos de pesquisa, tanto nas universidades quanto nas demais instituições. Ainda sobre a questão espeleológica, houve palestras, mesas redondas, apresentação de trabalhos sobre cavernas e um minicurso.
Também foi bastante enfatizado o rol de oportunidades para pesquisa em várias áreas do conhecimento na busca de análises integradas e inovações para lidar com o conflito entre mineração e conservação. Nesse contexto, o processo de licenciamento ambiental foi debatido e destacado pelos participantes como elemento fundamental para a melhoria da exploração mineral em relação à proteção ambiental, bem como para o estímulo aos avanços científicos.
Participação universitária
De acordo com uma das organizadoras, a professora de Ecologia da Ufra Andrea Carvalho, mais de 400 pessoas participaram do seminário, em sua maioria alunos da universidade. Foram apresentados 122 trabalhos de iniciação científica, 30 deles realizados no interior da Floresta Nacional de Carajás.
“O evento proporcionou aos alunos a oportunidade de participar de mesas redondas de alto nível e diversos minicursos, vários deles com atividades práticas realizadas na Flona Carajás. Os alunos tiveram acesso a uma formação diferenciada com profissionais de destaque nacional”, ressaltou Andrea.
O palestrante Paulo Pessoa, da Hidrovia Hidrogeologia e Meio Ambiente Ltda, considerou o seminário um “evento ímpar”, principalmente pelo “olhar observador” dos futuros pesquisadores e profissionais que participaram. “Uma discussão aberta como essa deveria ser, a meu ver, repetida pelo menos uma vez por ano, pois os fóruns multidisciplinares seriam a melhor ferramenta rumo à formulação de bases mais assertivas para a tomada de decisões”, pontuou Pessoa, que tratou da questão dos recursos hídricos associados à geodiversidade.
O pró-reitor da Ufra, Antônio Cordeiro de Santana, também palestrante, salientou a troca de conhecimentos e a integração dos temas com a missão da universidade. “Anima bastante ver nossa comunidade evoluindo no conhecimento científico sobre a Amazônia”, concluiu o pró-reitor.
Projeto Cenários Carajás
O seminário contou com recursos da Vale destinados à elaboração do projeto coordenado pelo ICMBio "Estratégia de conservação da savana metalófila da Flona Carajás (Cenários Carajás)", condicionante do licenciamento da mina S11D. “Esse estudo trouxe subsídios para o novo zoneamento da unidade publicado em 2016, com proteção significativa de áreas de canga, diretamente pressionadas pela mineração”, explica Katia Ribeiro, responsável pela coordenação do projeto. A contribuição do Projeto Cenários para a ampliação do diálogo e para a construção técnica conjunta também foi muito lembrada pelos participantes do evento.
Os participantes destacaram ainda a influência positiva que as estratégias de conservação desenvolvidas em Carajás podem ter sobre a região do Quadrilátero Ferrífero, de gestão muito mais complexa. Entre as estratégias de conservação do ecossistema de canga, está a criação do Parque Nacional Campos Ferruginosos de Carajás, cuja proposta prevê a proteção integral da Serra do Tarzan, hoje dentro da Flona Carajás, e da Serra da Bocaina, ao leste da unidade.
Comunicação ICMBio
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