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Rosto do “Homem de Lagoa Santa” é revelado em 3D
Pesquisador faz reconstituição facial do crânio de um fóssil de mais de 10 mil anos encontrado na região onde fica hoje APA gerida pelo ICMBio, em Minas
Brasília (16/05/2017) – Um fóssil de mais de 10 mil anos, encontrado na década de 70, em Lagoa Santa, na região hoje englobada pela Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), e conhecido como “O Homem de Lagoa Santa”, teve o seu rosto revelado por meio de um programa de reconstituição facial 3D.
O trabalho de reconstituição da face do “Homem de Lagoa Santa” foi feito pelo designer e pesquisador Cícero Moraes, com auxílio da historiadora Erika Suzanna Bányai. O fóssil foi encontrado pelo arqueólogo autodidata Mihály Bányai, em 1971, na Lapa da Samambaia, no interior de uma gruta junto de uma mulher. A teoria é a de que ambos eram chefes de um bando.
O processo para reconstruir a face foi feita através da digitalização de mais de 30 imagens da ossada em 3D por meio de um programa de computador. Segundo Cícero, as fotos foram feitas por pesquisadores parceiros para se evitar transportar o fóssil, o que poderia comprometer as características naturais dele.
Toda a anatomia facial foi realizada por meio de tomografias eletromagnéticas, traçando o perfil, referências frontais, músculos principais, escultura básica, retopo e a finalização com adição do cabelo. Pelas características do crânio, chegou-se à conclusão de que a ossada seria de um homem asiático de, no mínimo, 28 anos.
O trabalho envolveu a comunidade local e representou um ganho sociocultural para todos, além de mostrar a importância da APA Carste de Lagoa Santa para a proteção das riquezas arqueológicas da região. "Durante a reconstituição, os moradores da APA conheceram um pouco da identidade dos povos que viveram no local no passado remoto e, dessa forma, contribuíram para a história cultural de Lagoa Santa. Muito mais que uma ação científica, foi uma atividade de integração comunitária”, disse Cícero Moraes sobre a reconstituição.
A apresentação do trabalho foi feita na semana passada, no Museu Arqueológico de Lagoa Santa, também conhecido como Museu da Lapinha, onde se encontra o crânio do “Homem de Lagoa Santa”. O local abriga um dos maiores sítios arqueológicos do Brasil, com mais de 700 fósseis descobertos, e representa a identidade sociocultural da comunidade.
A APA
Administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a APA Carste de Lagoa Santa destaca-se entre as unidades de conservação (UCs) federais por sua importância em relação à história das ciências naturais no País. Além de grafismos nas paredes calcárias com datação de aproximadamente 7.000 anos, o local é o ponto de encontro do crânio de "Luzia", nome dado ao fóssil humano (provavelmente de uma mulher) considerado o mais antigo da América, com cerca de 12.500 a 13.000 anos. A revelação, feita no anos 70, reacendeu questionamentos acerca das teorias da origem do homem americano.
Na APA, são frequentes as descobertas de vestígios de ocupação pré-histórica, como instrumentos de pedra, pontas de flecha, entre outros. O naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund, considerado o pai da arqueologia e paleontologia no Brasil, realizou pesquisa na região e descobriu um grande número de fósseis de animais extintos da megafauna e também restos e fósseis humanos pré-históricos que estabeleceram o padrão morfológico conhecido hoje como “Homem de Lagoa Santa”.
Comunicação ICMBio
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