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Risco de extinção de ungulados é avaliado
Publicado em
28/02/2018 14h40
Oficina aconteceu no Cenap em São Paulo e contou com a participação de pesquisadores de universidades e de centros de pesquisas.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), através do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), realizou, nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro, a 2a oficina para Avaliação do Estado de Conservação dos Ungulados Brasileiros (são mamíferos dotados de cascos) em Atibaia, São Paulo. A oficina contou com a participação de 17 pesquisadores de 12 instituições, notadamente universidades e centros de pesquisa.
Os pesquisadores alteraram a categoria para os ungulados, que significa a retirada de algumas poucas espécies da lista de espécies ameaçadas (Livro Vermelho). “Porém, é importante ressaltar, que para as espécies que saem da lista de espécies ameaçadas não significa necessariamente uma melhora em seu estado de conservação, mas, sim, a disponibilidade de mais informações e o aprimoramento e rigor na aplicação dos critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN)”, explica a analista do Cenap Paula Condé.
Como a maior parte das categorias são aplicadas seguindo critérios quantitativos, existe muitas vezes uma diferença pequena entre o real estado de conservação de uma espécie categorizada como Vulnerável (VU – Uma das categorias de ameaça que incluí a espécie no livro vermelho) e de uma espécie categorizada como Quase Ameaçada (NT). “Ou seja, uma espécie pode transitar entre estas duas categorias, que são muito próximas na prática”, exemplifica Paula.
Segundo a técnica do Cenap, Carolina Raquel Melo, ficou clara a preocupação dos pesquisadores, durante a oficina, da repercussão para a sociedade dessa alteração do status de conservação. “Pois mesmo essas espécies de ungulados saindo da Lista Vermelha, o consenso entre eles foi que a mudança não ocorreu por alterações práticas de melhora no status de conservação, e que não se deve diminuir os esforços de conservação para essas espécies. Isso nos leva a uma reflexão, de que como qualquer ferramenta de categorização depende de recortes, esses recortes podem não ser completos ou até possuir degraus maiores de separação por diferenças que são na verdade pequenas”, explica Carolina.
“O desafio para realizar o processo de avaliação das espécies em um país superdiverso como o Brasil é proporcional à grandeza de nossa biodiversidade”, complementa. Segundo ela, a complexidade biológica e sociocultural em cada bioma e estado brasileiro geram uma pluralidade de resultados de ameaças e estados de conservação. “Mas como para a nossa Avaliação, em escala nacional, o que vale é a prevalência ou eminência de extinção das espécies para um futuro próximo, em alguns biomas o status de uma espécie pode ser crítico ou até extinto e a espécie estar qualificada como Menos Preocupante (LC) na categoria nacional. Isso ressalta a importância complementar das listas estaduais para acompanhar a situação local das populações em seus ambientes naturais e considerar estas especificidades dos biomas e populações locais”, ressalta.
Lista vermelha
A metodologia que é utilizada para o processo de Avaliação foi desenvolvida pela UICN (União Internacional para Conservação da Natureza) para a elaboração das famosas “Listas Vermelhas” (IUCN RedList) e seguem categorias e critérios que visam avaliar o risco de extinção de um determinado táxon. Segundo os pesquisadores, o processo de avaliação visa responder à seguinte questão: Qual a probabilidade de uma espécie tornar-se extinta em um futuro próximo, dado o conhecimento atual das tendências populacionais, da distribuição e das ameaças recentes, atuais ou projetadas?
Dentro do 2º Ciclo de Avaliação das Espécies, a Oficina de Ungulados foi a primeira das oficinas a ser realizada. “E já demonstrou um maior amadurecimento da equipe participante no processo a partir da experiência acumulada com as oficinas anteriores do 1º Ciclo de Avaliação”, explica a analista do Cenap Paula Condé. O resultado deste novo ciclo de Avaliação trará novidades na categorização das espécies para a próxima publicação oficial do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, que ocorrerá somente após a validação e publicações oficiais das Avaliações. A tendência que deve ocorrer para as próximas oficinas, acompanhando o que aconteceu na Avaliação de Ungulados, são alterações nas categorias de várias espécies.
Comunicação ICMBio
61 20289280
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