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Ribeirinhas do Xingu ganham máquinas de costura
Entrega foi feita durante reuniões com as comunidades do interior da reserva extrativista, no Pará. Além de beneficiar as famílias, uso do equipamento resgata práticas históricas da cultura seringueira
Brasília (06/10/2017) – A Reserva Extrativista (Resex) Rio Xingu, em Altamira, no Pará, promoveu mutirão para a entrega de 19 máquinas de costuras a mulheres ribeirinhas das comunidades de Morro do Félix, Gabiroto, Morro Grande, Monte Alegre e Baliza, todas no interior da reserva, localizada no médio curso do rio. As máquinas, do tipo pedal, que podem ser usadas sem energia elétrica, foram entregues durante uma série de reuniões com os comunitários encerradas na semana passada.
Segundo o chefe da Resex Rio Xingu, Claudio Costa, o mutirão foi uma ação estratégica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para fortalecer os grupos locais, como jovens e mulheres, contribuindo para gerar renda e melhorar a qualidade de vida das ribeirinhas. “Desde gestões passadas, o Instituto tem atuado junto aos comunitários da reserva no fortalecimento da organização social pré-existente, como dos vínculos por vizinhança, da juventude, das mulheres, comadres, etc”.
O critério de recebimento da máquina de costura foi pautado no interesse das mulheres, a partir dos núcleos familiares das comunidades. Devido à distância da cidade, as ribeirinhas acabam tendo que costurar para toda a família. Sem maiores estruturas no local, as costuras são, historicamente, feitas à mão. Desse modo, são confeccionados desde mosquiteiros adaptados para redes a enxovais de bebês.
A máquina de costura é, assim, um sonho antigo de muitas mulheres, diz Costa. Segundo ele, a entrega do equipamento beneficia toda a família ribeirinha. Ao todo, 19 chefes de família recebeeram a máquina de costura, além de um quite para costureira. A aquisição das máquinas foi feita por meio de projeto da fase II do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).
Facilitadas pela consultora Núbia Cardoso e pela também extrativista Maria do Livramento, as reuniões tiveram como eixo o tema “Mulher ribeirinha: espaço-rio-corpo”, cuja metodologia – “Costurando histórias de vida” – propiciou momentos descontraídos de conversas sobre o universo da mulher do Xingu, envolvendo saúde, trabalho, planejamento familiar, violência doméstica, além de demandas e organização própria das mulheres.
Outro aspecto importante dos encontros e do “pensar” coletivo sobre o uso das máquinas de costura, ainda segundo Claudio Costa, foi a revalorização de práticas da cultura seringueira, que marcam a formação histórica dessas comunidades.
De acordo com o chefe da Resex, foram confeccionadas as chamadas “borocas” do seringueiro, um tipo de bornal “encalchado” (reforçado) com o leite extraído da seringueira num processo de defumação que gera um aspecto de couro. As borocas e outros utensílios “encalchados” eram comumente produzidos e serviam para serem levados à mata sem correr o risco de molhar, resguardando, assim, a integridade dos produtos levados para o trabalho pelos seringueiros.
Comunicação ICMBio
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