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Resex no Amazonas investe na produção da castanha
Além de capacitar os extrativistas, ICMBio ajuda a mapear os castanhais
Thaís Alves
thais.lima@icmbio.gov.br
Brasília (05/03/2012) – O Núcleo de Gestão Integrada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (NGI-ICMBio), em Lábrea, no Amazonas, participa do mapeamento dos castanhais da Reserva Extrativista do Rio Ituxi, que fica na região. O trabalho, que vai subsidiar o manejo da castanha pela comunidade, seguirá durante os meses de março, abril e maio. A atividade chegou a ser iniciada no ano passado, mas, por conta do regime hídrico, ficou impossível se ter acesso a algumas áreas que serão inventariadas nesta fase.
“Nessa época do ano será possível visitar importantes áreas de produção de castanha que não pudemos visitar anteriormente como o rio Curequetê, o alto Siriquiqui, o igarapé dos Perdidos e o Vamos Ver”, disse Valdeson Vilaça, técnico do Instituto de Desenvolvimento do Amazonas (Idam), parceiro do ICMBio nessa empreitada, juntamente com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB) e a Associação de Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit).
O mapeamento será realizado por meio de entrevistas com os castanheiros e visitas aos piques de castanha utilizados por cada um deles. Além dos dados pessoais dos extrativistas, serão levantadas informações quanto às coordenadas geográficas, situação de uso dos castanhais (em uso ou abandonados), número de castanheiras e potencial produtivo estimado.
O levantamento servirá também para a mediação de conflitos existentes na área da unidade de conservação (UC), uma vez que a criação da resex atenuou os tradicionais conflitos entre patrões e castanheiros, mas gerou novos conflitos entre moradores e usuários. “Estamos sendo diariamente requisitados para mediar conflitos entre castanheiros que residem na unidade de conservação e aqueles que se mudaram para a cidade e mantiveram as suas áreas de coleta de castanha. Os dados do levantamento serão indispensáveis para estabelecer acordos”, afirma Leonardo Pacheco, gestor da Resex do Rio Ituxi.
COLETA – Com a safra da castanha, os moradores da Reserva Extrativista Ituxi vêm se dedicando à coleta do fruto, um dos principais produtos da UC. O trabalho envolve uma complexa operação. A maioria dos castanheiros chega a navegar até 12 dias para alcançar os castanhais localizados nas cabeceiras dos três principais rios da reserva: Siriquiqui, Punici e Curequetê. Lá permanecem durante os quatro primeiros meses do ano.
“Algumas comunidades ficam totalmente desertas durante essa época. Todas as famílias se deslocam para o alto dos rios”, explica Silvério Pessoa, tesoureiro da Associação de Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi e morador da comunidade Floresta.
Desde a criação da resex em 2008, a rede de parceiros que trabalha na UC investe em importantes aspectos da cadeia produtiva da castanha devido à importância econômica do fruto para os moradores locais. A melhoria da qualidade da castanha através da adoção de boas práticas de coleta e manuseio de frutos e sementes são exemplos desses investimentos.
CAPACITAÇÃO – Da última safra para cá, o ICMBio, em parceria com o Idam, o IIEB e a Apadrit, trabalha na capacitação dos castanheiros e em boas práticas de manuseio desde a última safra. A estimativa é que cerca de 150 extrativistas já tenham sido capacitados. “É preciso agora fazer um monitoramento para entender os principais desafios da adoção das práticas pelos castanheiros”, afirma Francisco Monteiro Duarte, vice presidente da Apadrit.
O emprego das boas práticas evita a contaminação e proliferação de fungos produtores de aflatoxinas, substância cancerígena encontrada em sementes em geral. Atualmente, uma barreira fitossanitária estabelecida pelos países da Comunidade Européia impede a entrada de sementes com alto teor da substância, o que reflete diretamente no preço pago aos produtores pela castanha.
Como o armazenamento e secagem das sementes possui um papel fundamental para evitar a contaminação por fungos, o ICMBio, por meio do Projeto PNUD/BR 823, apoia também a construção de um paiol e um secador de castanhas na área da reserva extrativista.
As estruturas estão sendo construídas em locais estratégicos da unidade de conservação de forma a atender o maior número de castanheiros possível. Além disso, as comunidades entraram com a mão de obra necessária para a construção das estruturas.
“As principais demandas das comunidades da resex estão relacionadas ao fortalecimento da cadeia produtiva da castanha. Temos nos empenhado em responder a essas demandas da melhor maneira possível”, diz Andrea Ximenes, gestora da Reserva Extrativista Ituxi.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280