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Resex Chico Mendes quer aprimorar manejo florestal
Em reunião com ICMBio e parceiros, moradores da reserva no Acre fortaleceram o arranjo estabelecido entre as comunidades, parceiros e o Instituto Chico Mendes
Brasília (16/11/2016) – Moradores da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no Acre, querem melhorar as atividades de Manejo Florestal Sustentável Comunitário (MFSC) realizadas na unidade.
Em reunião dias atrás, com presença do ICMBio e parceiros, eles se responsabilizaram em dar continuidade às atividades produtivas de acordo com o plano de manejo e diretrizes do MFSC em unidades de conservação federais.
A reunião foi promovida pela Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), na comunidade Rio Branco, Seringal Floresta, no interior da Resex.
A finalidade era debater o Manejo Florestal Sustentável Comunitário, mostrar o que já foi realizado na reserva e pleitear medidas que deverão ser tomadas para aprimorar a atividade produtiva, fortalecendo o arranjo estabelecido entre as comunidades, parceiros e o ICMBio.
Além do ICMBio e da comunidade, representada pelas associações dos moradores e produtores da Resex Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), Brasiléia (Amoprebe) e Assis Brasil (Amopreab), participaram do evento representantes do WWF, Cooperfloresta, Secretaria de Meio Ambiente do estado e Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)
“O trabalho da reserva deve ser feito de forma conjunta com as organizações e os moradores”, disse o diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial do Instituto Chico Mendes, Cláudio Maretti, após apresentação feita por Carlos Eduardo, do ICMBio, sobre as diretrizes do MFSC em UCs federais.
Apoios
Marky Brito, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, falou sobre os investimentos realizados pelo Governo do Estado do Acre na Resex Chico Mendes. O represente da Cooperfloresta, Evandro Aráujo, traçou o histórico do MFSC na Amoprex desde 2001 até 2016. O representante da WWF, Moacyr Araújo, confirmou apoio às instituições parceiras e à comunidade.
Moradores da reserva participaram com perguntas a respeito do MFSC e sugestões para melhoria do manejo. Segundo eles, é necessária uma gestão mais participativa, além de buscar conhecer a cadeia (safra) do manejo, da mesma forma que se conhece a safra de outros produtos como a borracha e a castanha.
Quanto ao preço da madeira, os moradores disseram que é necessário que a cooperativa trabalhe junto com a comunidade para que o produto seja mais valorizado, inclusive abrindo portas no mercado de fora.
“Enquanto não tivermos a consciência que o manejo florestal é nosso, enquanto não soubermos o que significa e tratarmos do mesmo jeito que tratamos as outras safras, não chegaremos nunca a lugar nenhum. Enquanto não entendermos isso, e acharmos que o manejo é dos outros e não nosso, a nossa madeira não será valorizada”, disse Leide Aquino, moradora da reserva.
Próximos passos
Durante encontro no início do mês, os moradores sugeriram fiscalização mais intensiva e disponibilização de mais profissionais da área (engenheiros florestais) para cada município. Eles defenderam ainda o Plano de Manejo Florestal Sustentável de Uso Múltiplo, incluindo o aproveitamento dos resíduos da madeira, e a criação de uma serraria comunitária para que os jovens possam trabalhar e se profissionalizar.
“A atividade de manejo é importante, por conta de ser sustentável, mas usufruindo de todo os resíduos, aderindo a um projeto de serraria comunitária para Resex. Os jovens da comunidade que estão carentes de trabalho podem se profissionalizar e trabalhar dentro da reserva sem precisar ir para a cidade”, disse Raimundo Mendes, o Raimundão, morador da reserva.
Renda e investimentos
Desde a aprovação do Plano de Manejo Florestal, foram feitos muitos investimentos na Resex Chico Mendes por meio de politicas públicas, programas dos governos federal e estadual e cooperações técnicas com organizações governamentais e não governamentais.
Em 2014, 37 Unidades de Trabalho (UTs) foram exploradas, contemplando 50 produtores e 3.278 m3 de madeira (volume comercial). Os manejadores receberam, no conjunto, R$ 229 mil pela venda do produto. “Temos estocados 800 m3 em tora e 200 m3 de madeira serrada, sendo que 133 m3 dessa última estão no pátio da comunidade Rio Branco”, ressalta Evandro Araújo superintendente da Cooperfloresta.
Segundo os participantes da reunião, para o novo Plano Operacional Anual (POA), há 97 famílias cadastradas e 25.000 m3. Para obter êxito nessa atividade e manter o caráter de manejo sustentável comunitário, eles consideram necessária a colaboração dos governos federal e estadual e de entidades não governamentais. Mas, mais importante ainda, é preciso que a comunidade esteja comprometida com a atividade, que contribui para manter a floresta em pé e complementa a renda das famílias, promovendo, assim, o desenvolvimento socioambiental.
Certificação FSC
No Acre, em parceria com as comunidades extrativistas e a Cooperfloresta, o Imaflora atua há aproximadamente 15 anos adotando especialmente a Certificação Florestal FSC como ferramenta de transformação. Ações relacionadas à certificação FSC na Resex Chico Mendes foram iniciadas em 2004 e retomadas em 2012, culminando na certificação propriamente dita em 2016, após muito esforço dos comunitários e parceiros, além do ICMBio.
“Atualmente, toda energia está direcionada à manutenção desta certificação, de forma que possa gerar benefícios socioambientais e de gestão e, adicionalmente, ser estendida a outras iniciativas de manejo florestal dentro da Resex Chico Mendes”, afirma Guilherme Ttuccle, consultor do Imaflora.
O secretário-adjunto da Secretaria de Meio Ambiente do Acre, Paulo Mastrangelo, que também participou do encontro, disse que “a atividade madeireira é extremamente polêmica, mas precisamos juntamente com a comunidade encontrar o melhor jeito de desenvolver o manejo madeireiro dentro da reserva”.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280