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Rede de Conhecimentos da Sociobiodiversidade é debatida
Publicado em
10/08/2018 14h18
Consulta sobre Rede de Conhecimentos da Sociobiodiversidade é realizada durante o evento Belém+30 com a participação de povos e comunidades tradicionais, governo, ONGs e academia.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou ontem (09), durante o evento Belém + 30, a primeira consulta pública sobre a Rede de Conhecimentos da Sociobiodiversidade. Segundo o diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em UCs, Cláudio Maretti, a rede vem sendo gestada desde 2012, mas agora foram criadas as condições para sua efetiva implementação até o final do ano.
A iniciativa busca estabelecer uma rede de conhecimentos sobre a sociobiodiversidade brasileira, integrando bases de dados existentes em várias instituições, reunindo informações relevantes em uma plataforma única e de acesso livre. Participaram do evento órgãos de governo, como o Ministério do Meio Ambiente, Funai e Incra, organizações de extrativistas como o CNS e a Confrem, de quilombolas, de indígenas, bem como representantes de universidades e ONGs.
Para Gabrielle Soueiro, chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT), ligado ao ICMBio, a rede deve promover a divulgação e democratização do conhecimento sobre sociobiodiversidade e é muito importante que a base de povos e comunidades tradicionais participe desta iniciativa.
Segundo Natalia Havasaki, pesquisadora da UFSC, atualmente há diversas informações e bases dispersas, com múltiplas fontes isoladas em diferentes bancos de dados brasileiros. “A nossa contribuição é acadêmica, pois tem que ter o acadêmico e as populações tradicionais, muito do que estamos pensando vamos aprender fazendo e a rede vai crescer a medida que tivermos mais parceiros”, ressaltou.
Iara Vasco, também do CNPT, afirmou que a alimentação das bases será participativa; as pessoas e instituições que aderirem à rede poderão acessar e também disponibilizar informações. Cada banco de dados tem protocolos diferentes, níveis diferenciados de acesso de informação. Os dados também serão combinados com fontes biobibliográficas, com banco de dados depuradores, com uso de indexadores que utilizamos na academia. “Um desafio é começar a dialogar e refletir como a rede pode ser útil para os povos e comunidades tradicionais, como os eles poderão acessar informações de seu interesse. Queremos saber quais são as informações que interessam às comunidades tradicionais. É um processo de aprender fazendo”.
Belém +30
Realizado, em Belém/Pará, entre os dias 7 e 10 de agosto, o XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, também conhecido como Belém +30 foi organizado pela Sociedade Internacional de Etnobiologia. O evento se configura como um encontro mundial que busca agregar pesquisadores, gestores públicos e lideranças dos movimentos sociais em um amplo debate sobre a defesa da sociobiodiversidade no planeta. O ICMBio está participando do evento integrando oficinas, sessões temáticas e apresentação de trabalhos.
O evento tem como tema “Os direitos dos povos indígenas e populações tradicionais e o uso sustentável da biodiversidade três décadas após a Declaração de Belém”. Faz referência à carta elaborada no primeiro encontro, realizado também no Brasil em 1998, que deu origem à Sociedade Internacional de Etnobiologia – um documento pioneiro a destacar a conexão entre os povos tradicionais e a biodiversidade, reivindicando seus direitos sobre territórios, recursos naturais e conhecimentos ancestrais e que se tornou base para muitas políticas públicas.
O objetivo do congresso é refletir sobre os avanços nesse campo ao longo dos últimos trinta anos, focando nos desafios científicos, éticos, jurídicos e políticos relacionados à garantia dos direitos dos povos indígenas e populações tradicionais e o uso sustentável da biodiversidade.
Além de gestores, o evento contou com a presença de diversas comunidades tradicionais residentes em unidades de conservação, que participaram da I Feira Mundial da Sociobiodiversidade, com a venda de produtos do extrativismo e também com manifestações culturais, como o tambor de Criola, apresentado pela comunidade da Resex Quilombo do Freixal.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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