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Projeto incentiva a restauração de áreas degradadas na região da Estação Ecológica do Taiamã
Paisagem na Esec do Taiamã - Foto: Palê Zuppani
Em 2020, um incêndio de proporções severas atingiu o bioma Pantanal. À época, o fogo passou por propriedades privadas, estradas, unidades de conservação, fazendas e até mesmo “pulou” o Rio Cuiabá.
Dois anos depois, o Pantanal dá mostras de sua resiliência e se recupera da severidade do incêndio. Em geral, a natureza consegue se recuperar sozinha de eventos assim, mas em alguns casos, é preciso que os seres humanos deem uma “mãozinha” para o meio ambiente.
No dia do Pantanal, que é comemorado no dia 12 de novembro, uma das boas notícias sobre o bioma é o projeto Restaura Pantanal, que abrange a Estação Ecológica do Taiamã, no Mato Grosso e suas regiões do entorno. O objetivo é promover a recuperação das áreas degradadas pelo incêndio de maneira participativa, envolvendo a comunidade. O projeto é capitaneado pelo Instituto Gaia, com apoio do ICMBio, Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), Colônia de Pescadores Z2 e diversas organizações civis. Instituições como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) financiam a iniciativa.
O padrão de vegetação do Pantanal é o de campos que ficam alagados parcial ou integralmente pelas cheias dos rios. Estas áreas são entremeadas por pequenos fragmentos florestais, que geralmente ficam na beira do rio ou em locais conhecidos como cordilheiras, que são formados pela dinâmica de cheias e vazões do Pantanal e que formam estruturas feitas pelos sedimentos trazidos pelas águas.
Conforme explica o chefe da Estação Ecológica do Taiamã, Daniel Kantek, na unidade é observado este padrão. Estudos conduzidos indicaram que o fogo causou a morte de até 70% das árvores nos fragmentos florestais e a mesma tendência foi observada nas massas de carbono. Os frutos destas árvores são a base de alimentação para peixes e mamíferos locais. Por sua vez, estes alimentam grandes mamíferos, como a onça-pintada. A Esec do Taiamã é uma área de grande importância para a conservação deste felino, uma vez que é o local com o maior número de indivíduos conhecidos num mesmo território.
Deixar a natureza se recuperar sozinha pode ser um processo bastante lento. Estudos indicaram que, em áreas que foram atingidas por incêndios anteriores, não se recuperaram totalmente após quase uma década do incêndio. Por isso, a importância de interferência para acelerar o processo.
A restauração de árvores frutíferas impacta diretamente na cadeia alimentar na qual a onça-pintada ocupa o topo (Foto: Daniel Kantek)
Uma das ações, que será feita em comemoração ao Dia do Pantanal, celebrado no dia 12 de novembro, será o plantio de mudas nativas. O evento ocorrerá na Baía do Malheiros, área localizada no Rio Paraguai, próximo ao cais da Praça do Barão do Rio Branco, e que também foi fortemente atingida pelos incêndios. O evento é fruto dos esforços na educação e sensibilização ambiental com a reunião de diversos parceiros e organizações comunitárias. Organizar o plano de recuperação das áreas degradadas de maneira participativa, inclusive, é um dos diferenciais do projeto, buscando representatividade de proprietários privados, comunitários e outros atores envolvidos na conservação da Esec do Taiamã e áreas do entorno.
Desafios
Um dos grandes desafios para a recuperação das áreas do Pantanal é a própria dinâmica do Pantanal. Segundo o Instituto Gaia, é preciso conhecer o funcionamento das áreas úmidas em todas as suas dimensões, as espécies e como estas se regeneram e estabelecem no sistema, seja na Esec Taiamã, seu entorno e em todo o Pantanal, das suas nascentes na área de relevo até a sua planície.
Não é fácil comparar o ritmo de recuperação do Pantanal com outros biomas, cada ecossistema possui suas características, como por exemplo, geológicas, climatológicas, fitofisionômicas, atividades econômicas, políticas públicas, tudo pode influenciar nas atividades de recuperação das áreas degradadas, inclusive no que diz respeito aos incêndios.
Saiba mais em: https://www.institutogaiapantanal.org/
Comunicação ICMBio
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