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Golfinho Rotador comemora 27 anos nesta quarta
Reconhecido no Brasil e no exterior, projeto coordenado pelo ICMBio em Noronha busca sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação da biodiversidade marinha por meio dos carismáticos animais
Brasília (23/08/2017) – Não é qualquer programa de conservação da biodiversidade marinha brasileira que chega a quase três décadas de vida ininterrupta podendo apresentar resultados e conquistas reconhecidos no Brasil e no exterior, como o Projeto Golfinho Rotador, que completa 27 anos nesta quarta-feira (23).
Ao superar desafios e obstáculos, o projeto segue sua caminhada com o objetivo de sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação da biodiversidade marinha, usando como ferramentas o conhecimento científico, o carisma dos golfinhos e a facilidade de se conhecer a vida oceânica no arquipélago de Fernando de Noronha.
Segundo José Martins da Silva Júnior, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e coordenador do projeto, o sucesso do Golfinho Rotador se deve ao arranjo institucional que o mantém e ao envolvimento com a comunidade noronhense.
A ONG local Centro Golfinho Rotador é responsável pela execução do projeto, que tem coordenação do ICMBio. O projeto conta com o patrocínio oficial da Petrobras ao longo de grande parte de sua história, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Para alcançar todas as suas metas, o Projeto Golfinho Rotador foi elaborado a partir de três sólidos fundamentos. Primeiramente, a missão de desenvolver ações de pesquisa, educação ambiental, envolvimento comunitário e sustentabilidade, em prol da conservação dos golfinhos-rotadores, da biodiversidade marinha e de Fernando de Noronha.
Em segundo lugar, a visão de tornar-se referência mundial em conservação ambiental e sustentabilidade em ecossistemas insulares. E, por último, os valores que pautam o projeto - ciência, compromisso, comunicação, cooperação, ética e sustentabilidade.
As conquistas
Assim, o Projeto Golfinho Rotador alcançou conquistas expressivas e admiráveis, afirma Martins. Um dos números mais impressionantes é o registro de cerca de 2 milhões de entradas de rotadores na Baía dos Golfinhos, todas sistematicamente monitoradas, pesquisadas e protegidas. Tudo isso gerou uma gama de resultados positivos que podem ser divididos em ambientais, de conservação, na educação ambiental, científicos, sociais, econômicos e turísticos.
Além disso, por conta das ações de preservação desenvolvidas pelo Projeto Golfinho Rotador e ICMBio, a quantidade de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha permanece constante desde 1990, quando o projeto teve início.
“Isso é um marco importantíssimo, considerando que neste mesmo período ocorreu o declínio em número de muitas espécies de cetáceos no mundo e aumentou em dez vezes o turismo náutico em Fernando de Noronha, principal ameaça ao bem estar desses mamíferos, mas que ao mesmo tempo tem contribuído para mostrar a importância da conservação como atrativo a turistas admiradores da natureza”, diz o coordenador do projeto.
Martins destaca ainda conquistas na área da conservação, por meio de normas de proteção aos cetáceos (golfinhos e baleias) e ao arquipélago, como a portaria do Ibama n° 05/1995 e o plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha, que define regras específicas para evitar o molestamento dos golfinhos e agregar o valor da sustentabilidade na ocupação humana na ilha.
Na área de educação ambiental, o projeto contribuiu para sensibilizar ilhéus e visitantes quanto à necessidade de se preservar os golfinhos, sobre a importância da espécie para o ecossistema marinho e ensinar sobre os demais benefícios econômicos, sociais e de saúde provenientes do meio ambiente equilibrado.
Já na área científica, ele foi fundamental para descobrir e divulgar que o descanso é a principal utilização da Baía dos Golfinhos pelos rotadores; descrever para a espécie Stenella longirostris os comportamentos de descanso, reprodução, guarda e amamentação em ambiente natural; qualificar e quantificar a ocupação de Fernando de Noronha pelos golfinhos-rotadores; qualificar e quantificar o impacto do turismo náutico sobre os golfinhos.
Os resultados das pesquisas, lembra José Martins, foram publicados em 4 livros, 4 capítulos de livros, 4 teses de doutorado, 7 dissertações de mestrado, 32 trabalhos de conclusão de curso, 30 trabalhos publicados e 160 trabalhos apresentados em eventos científicos.
Mas as conquistas não ficam por aí. O coordenador do projeto cita ainda avanços sociais – capacitação de ilhéus para se incorporarem no mercado do ecoturismo, patrocínio de iniciativas culturais e esportivas locais, como o maracatu e o surf, como forma de fortalecer a cultura e estimular novas alternativas de renda –; econômicos – divulgação de Fernando de Noronha no Brasil e no exterior como destino para o ecoturismo – e turismo propriamente ditos – promoção de melhorias nos serviços de condução e hospedagem, por meio dos cursos profissionalizantes e orientação de como implantar uma gestão sustentável nos empreendimentos turísticos da ilha.
Reconhecimento
Uma das provas do êxito do trabalho realizado pelo projeto, destaca José Martins, são os prêmios nacionais e internacionais obtidos pelo Golfinho Rotador, como o 1º Lugar no Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2015. “O prêmio representa o reconhecimento do trabalho que o projeto vem realizando desde 1990 em prol de um turismo sustentável no arquipélago de Fernando de Noronha. Serve como estímulo para a aplicação de práticas sustentáveis no turismo brasileiro”, explicou o analista ambiental.
Martins ressalta, também, o prêmio Okayama de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, no qual o Projeto Golfinho Rotador foi um dos 10 finalistas de todo o mundo em 2016. Promovido pela cidade de Okayama no Japão, selecionada como uma das parceiras da Unesco para o Programa de Ação Global para a efetivação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Por esta razão, a cidade de Okayama lançou, em 2015, o "Okayama Award", com o objetivo de divulgar práticas mundiais em prol do Desenvolvimento Sustentável.
Metodologia de trabalho
Para que seus objetivos sejam alcançados, o Projeto Golfinho Rotador é executado por meio de quatro programas: pesquisa, educação ambiental, envolvimento comunitário e sustentabilidade.
O programa de pesquisa é desenvolvido desde 1990. Consiste no estudo da história natural dos golfinhos-rotadores por meio de sete subprogramas: ocupação e distribuição de cetáceos (golfinhos e baleias) em Fernando de Noronha; ecologia comportamental, catalogação, caracterização genética e estudo do comportamento trófico dos golfinhos-rotadores; interação do turismo com os golfinhos; Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos. Os pesquisadores somam mais de 8 mil dias de pesquisa, 77 mil horas de observação, mil expedições de barco e 1,5 mil mergulhos.
Já o programa de educação ambiental é realizado em parceria com o parque nacional marinho, a APA e a Escola Arquipélago de Fernando de Noronha. Tem como foco a temática marinha e as inter-relações ecológicas deste ecossistema com o cotidiano da população local e dos visitantes.
“Nosso objetivo principal é sensibilizar ilhéus e visitantes quanto à necessidade de se preservar os golfinhos e o planeta. Foram realizados atendimentos a mais de 500 mil visitantes. Para os estudantes de Noronha, foram realizadas mais de mil oficinas teóricas e práticas de Educação Ambiental, atendendo a mais de 15 mil alunos e 200 professores”, diz José Martins.
O programa envolvimento comunitário tem o objetivo de estimular o desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha, promovendo capacitação profissional, apoiando iniciativas culturais e esportivas e estimulando a representatividade política dos ilhéus. O Projeto Golfinho Rotador patrocina continuamente algumas das principais manifestações culturais e esportivas de Noronha, como o Grupo Cultural Dona Nanete, o Grupo Maracatu Nação Noronha e a Associação de Surf de FN.
Outra ação de destaque do projeto é o incentivo ao protagonismo juvenil e à formação de lideranças locais, por meio de apoio ao Grupo ComVida da Escola Arquipélago FN e da realização de oficinas de capacitação para lideranças locais.
Por fim, o programa sustentabilidade tem como principal meta desenvolver uma relação harmoniosa entre as atividades humanas e a preservação do meio ambiente. “Internamente, a sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador está no dia a dia da nossa equipe e é guiada por nossa Política de Sustentabilidade, em harmonia com nossa sede, cujo projeto arquitetônico foi concebido de acordo com o conceito de arquitetura sustentável, recebendo 1º Lugar no Prêmio Procel”, afirma José Martins.
De acordo com o analista, o apoio à sustentabilidade econômica da comunidade local é feito por meio da capacitação profissional e por consultoria para gestão sustentável aos empresários da ilha. A capacitação ocorre por meio da realização de cursos profissionalizantes em ecoturismo, visando inserir os ilhéus no mercado de trabalho. Os cursos de formação em profissões relacionadas ao turismo local – como condutor de visitantes no Parque Nacional Marinho, instrutor de mergulho e conversação em inglês – são ministrados gratuitamente.
Desde 2005, o Projeto Golfinho Rotador já realizou 63 cursos profissionalizantes em ecoturismo, totalizando 3.983 inscritos, com taxa de conclusão/aprovação de 71,17%. Para minimizar o impacto ecológico da ocupação humana em Fernando de Noronha, o projeto oferece consultoria gratuita em gestão sustentável aos meios de hospedagem da ilha, buscando a melhoria dos indicadores relacionados à gestão do uso da água, eficiência energética, resíduos sólidos, efluentes líquidos, insumos, trabalho e renda, qualidade, turismo sustentável e legislação.
O projeto tembém elaborou, junto com parceiros, quatro matrizes para o Selo de Reconhecimento Noronha+20, que visa valorizar os empreendimentos turísticos que adotam práticas sustentáveis. As matrizes são para meios de hospedagem, bares e restaurantes, empresas de passeio de barco comercial e de mergulho autônomo comercial.
"Nestes 27 anos, foram capacitados mais de 4 mil alunos, 75 meios de hospedagem, 20 bares e restaurantes, 20 empresas de passeios de barco, 3 empresas de mergulho autônomo e 200 condutores de visitantes”, lista o coordenador do projeto, José Martins.
Rede Biomar
O Golfinho Rotador integra a Rede de Projetos de Biodiversidade Marinha (Rede Biomar), que reúne projetos de conservação marinha patrocinados pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A Rede Biomar é fruto da parceria entre as organizações, a Petrobras, o Ministério do Meio Ambiente e o ICMBio. A intenção é unir esforços em prol da conservação marinha no Brasil, por meio da proteção e pesquisa das espécies e ambientes trabalhados pelos projetos patrocinados, promovendo a sensibilização e a articulação da sociedade em torno do tema.
Além do Golfinho Rotador, fazem parte da Rede Biomar os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Tamar. “Com todos esses números e conquistas para apresentar à sociedade, o Projeto Golfinho Rotador seguirá trabalhando para realizar ainda mais, em benefício dos animais, da natureza e do homem. Para isso, continuará contando com o apoio das comunidades, da classe científica, dos seus patrocinadores e dos turistas do Brasil e do mundo. E que venham muitos outros anos de trabalho, desafios e vitórias”, conclui Martins.
Serviço:
Para saber mais sobre o projeto, fale com os gestores pelo e-mail contato@golfinhorotador.org.br ou acesse o site www.golfinhorotador.org.br
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações da Ascom do Projeto Golfinho Rotador – (81) 3619-1295