Notícias
Pesquisa registra répteis em parque no Paraná
Lista já conta com 18 espécies, dizem os biólogos
Brasília (21/11/2012) – Terminou na semana passada a coleta de dados em campo sobre os répteis da ordem Squamata (que inclui cobras e lagartos) no Parque Nacional de Saint Hilaire/Lange, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no litoral do Paraná. O trabalho faz parte do projeto de pesquisa Anuros e Squamata do parque, desenvolvido pelos biólogos André Penteado e Luciano Plombon.
O projeto foi aprovado pela Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio e recebe recursos orçamentários do próprio Instituto e do Projeto BRA/08/023 – Conservação da Biodiversidade e Promoção do Desenvolvimento Socioambiental, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Além dos biólogos, participam das atividades servidores do Parque e estudantes universitários dos cursos de Biologia e Gestão Ambiental.
A pesquisa teve início no mês de outubro. Cada etapa de campo teve a duração de oito dias. As atividades incluíram o uso de armadilhas tipo pitfall instaladas no interior do Parque, busca ativa na floresta e de animais nas margens e ao longo da rodovia PR-508, que margeia a face leste da unidade de conservação. No estudo, os animais são capturados vivos e transportados até a sede do parque, onde são medidos e examinados para identificação do sexo. No dia seguinte, são devolvidos ao local de captura.
Resultados surpreendentes
Para os pesquisadores, os resultados são surpreendentes. “Estamos com uma lista de 18 espécies de répteis, somando 48 indivíduos”, disse André. “Das espécies que podemos destacar estão aquelas que precisam de ambientes florestais relativamente bem preservados para a sua sobrevivência como, por exemplo, as cobras-cipós ( Chironius bicarinatus, Chironius exoletus, Chironius foveatus, Chironius fuscus ) e os lagartos Enyalius iheringii (papa-vento, iguaninha, camaleãozinho) e Placosoma glabellum ”, concluiu Luciano.
Outra espécie que merece destaque, segundo os pesquisadores, é a cobra d’água ( Erythrolamprus miliaris ). Por ser uma serpente abundante, é a que mais sofre com atropelamentos na PR-508 (Alexandra-Matinhos), totalizando 12 indivíduos encontrados atropelados nos monitoramentos realizados em outubro e novembro.
Também integram a lista de espécies do parque algumas com potencial para causar acidentes ofídicos tais como jararaca (Bothrops jararaca), jararacuçu (Bothrops jararacussu ) e coral-verdadeira (Micrurus corallinus ). Essas espécies estão sujeitas a grande pressão humana devido ao medo generalizado de cobras por parte da população, que acaba por matá-las indiscriminadamente.
Com isso, são mortas também as cobras não peçonhentas como as das espécies Xenodonneuwiedii (jararaquinha) e Sibynomorphus neuwiedii (dormideira), confundidas com a jararaca e a jararacuçu – essas, sim, peçonhentas – e Oxyrhopus clathratus e Erythrolamprus aesculapii , ambas parecidas com a coral-verdadeira, também venenosa.
A ideia é que a pesquisa gere informações para o plano de manejo do Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange e dê origem a um guia ilustrado com os répteis e seus hábitos, colaborando assim para identificação das espécies por parte de leigos e especialistas que venham a trabalhar na sua conservação.
Os estudos ligados aos répteis preveem mais duas etapas de coleta nos meses de verão, época em que as serpentes estão em maior atividade e em período de reprodução.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280
Fotos: Rogério Florenzano Júnior e André E. Penteado