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Produtos da biodiversidade ganham espaço nas Olimpíadas
Feira dos Povos do Brasil, que reunirá alimentos e artesanatos produzidos de forma sustentável, será aberta ao público nesta quinta-feira (18), no Rio
Brasília (16/08/2016) – Macarrão e azeite de castanha-do-Brasil; queijo do serro, café certificado pelo fair trade (comércio justo); biojoias, fruteiras e panelas em argila branca; geleia de umbu e de maracujá da Caatinga; açafrão do município goiano de Mara Rosa; paçoca de castanha do baru; farinha de mandioca produzida por famílias ribeirinhas do rio Juruá (AM).
Com a Feira dos Povos e da Biodiversidade do Brasil, que será aberta ao público nesta quinta-feira (18), no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) vai mostrar sabores e cores da biodiversidade brasileira durante as Olimpíadas.
Realizada em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), a Feira dos Povos contará com a participação de associações e cooperativas, que levarão ao público alimentos e artesanatos produzidos de forma sustentável.
A feira seguirá até domingo (21) no Jardim Botânico, mas ocorrerá, também, paralelamente, na sexta (20) e sábado (21), na Casa Brasil, no Boulevard Olímpico, na Praça Mauá. A abertura, somente para convidados, nesta quarta (17), contará com a presença do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.
Montada na Praça Mauá, a Casa Brasil é um espaço para promover a imagem do país durante os Jogos Olímpicos e receberá, também, uma série de debates organizados pelo MMA. O objetivo da feira é promover o reconhecimento dos povos e comunidades tradicionais e divulgar os produtos da sociobiodiversidade brasileira aos visitantes dos espaços.
Vitrine
Segundo a secretária interina de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Juliana Simões, o evento nas Olimpíadas é uma vitrine para mostrar a diversidade biológica e cultural do Brasil. “Valorizar a biodiversidade e os povos e comunidades tradicionais que a usam é a melhor maneira de conservá-la para esta e para as próximas gerações”, destaca Juliana.
Foram selecionados empreendimentos de todos os biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e zona costeira marinha. Participam associações, cooperativas ou redes de comercialização de indígenas, quilombolas, pantaneiros, povos de matriz africana e de terreiro, extrativistas, pescadores artesanais, entre outras comunidades tradicionais.
Qualidade
A Cooperativa de Produtores de Café Especial de Boa Esperança, fundada em 2009 e que possui 191 associados, produz cerca de 900 quilos de café por mês. Gisele Laudislau, responsável pelo setor comercial da cooperativa, explica que há um monitoramento constante na produção do café, do plantio na lavoura à comercialização final. O setor de controle de qualidade, por exemplo, chega a provar 66 amostras de café por dia para classificar a bebida em fina, fraca, doce, adstringente, entre outras características.
A Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs), que possui 117 associados, vai levar 300 quilos de queijo artesanal para a Feira da Biodiversidade. O modo de fazer do queijo artesanal do Serro é o mesmo há 300 anos e é registrado como bem cultural imaterial pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).
Muito procurado, o queijo de leite cru tem características bem específicas devido à vegetação, altitude, temperatura e ao clima da área onde é produzido, a região do Serro, composta por 11 municípios de Minas Gerais. O sabor muda dependendo dessas características e dos diferentes períodos de maturação. Grizielle Campos, coordenadora da associação, conta que, para o evento do MMA, vão ser levados queijos de maturação bem diferentes: de seis meses a 17 dias.
A Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa (Cooperaçafrão), criada em 2003, foi fundada por 23 produtores. O município de Mara Rosa, em Goiás, é considerado a capital do açafrão por responder por cerca de 90% da produção goiana e abrigar aproximadamente 200 produtores da agricultura familiar, além de algumas empresas intermediadoras da comercialização da “curcuma”. A região do município é a primeira do estado de Goiás a ter indicação geográfica (IG) – selo conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, o que lhes atribui valor intrínseco, identidade própria, e os torna mais competitivos no mercado.
Inovação
A CooperFrutos, do município de Alto Paraíso (GO), criada em maio de 2006, possui 316 associados, a maioria mulheres. Maria Augusta Macedo, diretora comercial da cooperativa, explica que eles chegaram a fornecer para Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) por quatro anos, em seis municípios do Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros, região conhecida como Nordeste Goiano.
Atualmente, a cooperativa está se reinventando, agregando novas associações e novos produtos para uma melhor divulgação do trabalho e mais renda para os quilombolas, Calungas e extrativistas da região. Na Feira, por exemplo, a cooperativa vai expor tapeçaria e peças em argila branca, paçoca e rapadura de baru, entre outros produtos.
A Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam) atua, desde 2008, na região noroeste de Mato Grosso. São 69 associados, a maioria mulheres, e os produtos são todos feitos com castanha do Brasil. Há farinha, barrinha de cereais, macarrão, azeite e muito mais. Segundo Paulo César Nunes, coordenador geral do projeto Sentinelas da Floresta da Coopavama, a aceitação de produtos diferenciados, como o macarrão é muito grande.“Durante o último evento que participamos, os Jogos Mundiais Indígenas, foi o produto que mais vendeu, esgotando o nosso estoque. Em todas as feiras que participamos, nosso estande fica conhecido como o point do macarrão de castanha do Brasil”, conta.
“Nossa expectativa para esse evento é grande. Este é o nosso primeiro evento internacional. Acreditamos que um público como este, das Olimpíadas, tem a consciência exata do valor nutricional de um produto orgânico como a castanha do Brasil e abertura para entender que, por trás deste produto,existem histórias de vidas de pessoas que estão protegendo e ajudando na conservação do meio ambiente”, afirmou.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com Ascom/MMA (Marta Moraes) – (61) 2028-1227