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Produção sustentável em UCs é tema de evento
Publicado em
21/02/2018 19h44
Atualizado em
22/02/2018 17h32
Aporte financeiro do Governo Federal e parceiros estimulam a produção e economias de populações tradicionais.
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
Castanha-do-brasil, andiroba, murumuru, açaí, látex e borracha natural, produtos amazônicos que estão cada vez mais presentes na vida dos brasileiros, são essenciais para a subsistência de populações tradicionais do norte do país. Parte delas vive nas unidades de conservação federais geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, especialmente em Florestas Nacionais e Reservas Extrativistas.
As iniciativas de produção sustentável foram tema de uma série de palestras que ocorreu na tarde de ontem (20) e que reuniu funcionários da Fundação Banco do Brasil, um dos integrantes do Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica, também chamado de Ecoforte. O Ecoforte é um programa capitaneado pelo Governo Federal, com apoio do Ministério do Meio Ambiente, do ICMBio, Fundação Banco do Brasil e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
Promover a conservação com o uso racional e sustentável dos recursos naturais, junto aos residentes do interior das áreas de conservação e adjacências, é uma das missões e desafios do ICMBio. “Cabe a nós buscar formas de assegurar qualidade de vida, trazer visibilidade às populações tradicionais, proporcionando autonomia, o que para nós resulta em conservação da biodiversidade”, ressaltou a coordenadora-geral de Populações Tradicionais (CGPT), Bruna de Vita. O ICMBio participa do processo, que já está em sua segunda edição, com dados e subsídios das famílias extrativistas e na articulação de lideranças comunitárias para capacitação nos editais, a fim de que mais projetos fossem habilitados.
Em 2014, na primeira edição, o Ecoforte aportou 4 milhões de reais para beneficiar 10 empreendimentos e 2.658 participantes em 10 municípios nos estados do Amazonas, Pará e Amapá. No edital lançado em 2016, cuja última etapa ocorreu em novembro do ano passado, aproximadamente 12,3 milhões de reais estavam disponíveis para 23 instituições, beneficiando mais de 6 mil pessoas distribuídas em 17 municípios em cinco estados. O sucesso do projeto foi comemorado pela Secretária de Extrativismo do Ministério do Meio Ambiente, Juliana Simões, que apontou que a ideia de editais como o Ecoforte pode auxiliar famílias em outros biomas. “O cerrado, por exemplo, tem metade do tamanho da Amazônia e sofre com uma taxa de desmatamento maior. Projetos como esses estimulam a aplicação dos modelos em outros biomas ameaçados como Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, ampliando assim a carteira de projetos”, concluiu Juliana.
O papel do Ecoforte para as comunidades
A produção sustentável em Unidades de Conservação possui várias especificidades que incluem desde falta de infraestrutura, dificuldade de comunicação por causa das grandes distâncias, a falta de capacitação e o alto custo dos maquinários e equipamentos.
Com os editais Ecoforte, as comunidades possuem maior capacidade de contornar esses desafios. O aporte financeiro auxilia na compra de equipamentos que facilitam o beneficiamento dos produtos, agregando maior valor e consequentemente aumentando a renda. Também são investidos valores na melhoria da logística de transporte e equipamentos de proteção, propiciando maiores oportunidades de negócios.
A Reserva Extrativista Ituxi, no sul do Amazonas, foi uma das beneficiadas pelo Ecoforte I e II, ambos no segmento da coleta e beneficiamento de castanhas. Com o auxílio do Ecoforte, as 143 famílias puderam mapear os castanhais, adquirir equipamentos e insumos, melhorar o sistema de comunicação.
Na Resex Médio Juruá, também no Amazonas, o ganho foi na aquisição de equipamentos e na melhoria da infraestrutura no mercado das oleaginosas, como andiroba e murumuru. Já na Resex do Lago Cuniã, o manejo de jacarés, que começou como compensação ambiental da Hidrelétrica de Jirau, conta agora com o primeiro frigorífico dentro de UC e equipamentos de proteção na produção de carne e couro de 900 animais por ano rendendo cerca de 250 mil reais por safra para os comunitários. “Divulgar o trabalho dá publicidade aos projetos e nos estimula a aperfeiçoar ainda mais nossos esforços e diagnósticos”, completou o coordenador de produção sustentável do ICMBio, João da Mata.