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Produção de açaí-solteiro é tema de oficina no Acre
Publicado em
07/06/2018 17h27
Evento, promovido pelo ICMBio, quer dar ainda mais destaque a produto amazônico essencial na economia de populações tradicionais amazônicas.
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
Presente há muito tempo na dieta dos moradores da Amazônia, o açaí recentemente ganhou as mesas do Sudeste e Sul do Brasil e até mesmo do exterior. São três espécies: juçara (típico do Cerrado e Mata Atlântica), o açaí-de-touceira e o açaí-solteiro, cuja polpa tem a preferência dos consumidores locais. Pensando em fortalecer ainda mais as cadeias produtivas deste importante produto, o ICMBio concluiu, no dia 30 de maio, a Oficina de Cadeias de Valor do Açaí-Solteiro.
O evento foi composto por painéis temáticos, mapeamento das cadeias de valor, identificação de desafios e oportunidades, apresentação de propostas para apoio do Projeto Cadeias de Valor Sustentáveis em áreas protegidas e identificação de subsídios para intervenções estratégicas em outros elos da cadeia de valor.
Dentre os temas estão o apoio governamental e desenvolvimento da cadeia de açaí; elementos introdutórios (como ecologia e relevância comercial, custo de produção e panorama do mercado); manejo da produção; perspectivas dos compradores no varejo e no atacado; questões sanitárias e epidemiológicas; mapeamento das cadeias de valor do açaí em áreas protegidas e outras mais.
“O painel de apoio governamental foi importante para mostrar como tem sido a atuação de assistência técnica, as políticas públicas em âmbito federal e no âmbito das unidades e de assentamentos”, exemplificou o coordenador de Produção Sustentável (COPROD), João da Mata. “A ideia é gerar subsídios para ações futuras do projeto visto que o momento é de convergência de ações integradas, otimizando esforços de todos os que atuam nessa cadeia produtiva”, ressalta.
"O açaí, em conjunto com outros produtos da sociobiodiversidade, além de garantir a floresta em pé, tem um forte componente de geração de renda para os povos e comunidades tradicionais e de reprodução dos meios de vida", explicou a assessora técnica da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ),Tatiana Balzon
“A oficina do açaí nos mostra que, a diferença de outras cadeias de valor com histórico de conflitos e ilegalidade entre os elos, a cadeia do açaí solteiro no sul do Amazonas e Rondônia e recente, jovem, cheia de oportunidades para estruturar com base em relacionamentos justos e racionais entre produtores, indústria, e mercado consumidor. Também aprendemos que há um papel importante para divulgação das diferenças e complementaridades entre as duas espécies de Euterpe na Amazônia, que trazem para o consumidor o potencial de escolher o açaí que ele mais gosta ou tem costume de consumir”, arremata a representante do Serviço Florestal dos Estados Unidos, Kirsten Silvius.
Ao todo participaram oito unidades de conservação do Acre, Rondônia e Sul do Amazonas (Reservas Extrativistas Chico Mendes, Cazumbá Iracema, Lago Cuniã, Lago Capanã Grande, Rio Cautário, Rio Ouro Preto e Florestas Nacionais de Macauã e São Francisco) e também a equipe acreana do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/ICMBio). Além deles, indígenas, empresários, pesquisadores, instituições e organizações da sociedade civil parceiras que atuam na cadeia de valor do açaí.
“A oficina nos abriu um leque de visão e melhora a nossa visão sobre o açaí-solteiro, mesmo sendo um produto que a gente convive diariamente”, opinou o extrativista Gilberto, da Resex Lago do Cuniã. O gestor da unidade concorda. “A oficina mostrou a importância dos cooperados na questão da troca de informações e conhecer outras realidades e os diversos trabalhos que estão sendo desenvolvidos sobre o açaí solteiro”, afirma.
A oficina também foi oportunidade para estabelecer vínculos comerciais. O empresário Richard Cain, da Frutas Baixo Acre, aproveitou a quantidade de associações e grupos para incrementar os negócios. “Por meio da oficina pude conhecer outros grupos de produtores e, pelo fato de estarem organizados por regiões, facilita muita a logística de compra e distribuição do açaí”, afirma Cain.
A Oficina foi promovida dentro do componente Cadeia de Valor Sustentáveis, que é coordenado pelo ICMBio e pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) no âmbito do projeto “Parceria para Conservação da Biodiversidade na Amazônia, fruto da cooperação internacional entre o governo do Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Também estiveram envolvidos o projeto Bem Diverso (Embrapa/PNUD) e Negócios Verdes e Consumo Sustentáveis (GIZ/ SEAD/EcoConsult/ IPAM), que possuem ações voltadas para o fortalecimento da cadeia de valor do açaí em algumas áreas da Amazônia brasileira e convergentes com as estratégias consideradas pelo ICMBio. O projeto ICMBio/USAID/USFS promove ações em algumas unidades de conservação federal e terras indígenas com o objetivo de fortalecer cadeias de valor de produtos oriundos da sociobiodiversidade, especificamente a do pirarucu manejado, madeira comunitária, castanha do Brasil e açaí.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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