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Pesquisadores voluntários participam do censo de aves
Publicado em
31/01/2019 18h37
Atualizado em
07/02/2019 13h49
O censo simultâneo é realizado nos países do cone sul da América do Sul – Peru, Chile, Argentina e Uruguai.
No domingo (27), pesquisadores do Cemave, IDEIA, UFSC-Aprender, Aves Catarinenses e SAVE Brasil realizaram a contagem de aves aquáticas nos diferentes ambientes (de praias arenosas, rochosas, estuarinas, lagunares e campos), nos municípios de Laguna, Jaguaruna e Içara, SC, na área compreendida pela APA da Baleia Franca. Foram percorridos cerca de 150 quilômetros em busca e contagem das aves, com foco nas aves limícolas. O censo simultâneo é realizado nos países do cone sul da América do Sul – Peru, Chile, Argentina e Uruguai, e nesse ano, o Brasil está participando com as contagens no litoral do Estado do RS e litoral sul do Estado de Santa Catarina. O ICMBio, através do Cemave, participou do projeto, organizado pela SAVE no Brasil.
A APA da Baleia Franca é mais conhecida por outra espécie migratória – a baleia franca austral. No entanto. ela também é importante habitat para diversas espécies de aves aquáticas e ponto de parada de aves limícolas migratórias que utilizam a rota migratória Atlântica entre o Hemisfério norte e extremo sul do Hemisfério sul. No sul do Brasil, as concentrações mais expressivas de aves limícolas migratórias no verão são encontradas no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul. Santa Catarina localiza-se ao norte de um grande sítio de invernada das aves limícolas migratórias – onde as aves realizam a mudança de plumagem, descanso e reposição energética para as próximas migrações. Maiores concentrações no litoral catarinense são encontradas durante os períodos de migração para o sul (setembro e outubro) e para o norte (março e abril).
No entanto os pesquisadores buscam estimar, com o censo simultâneo nos diversos países no auge do verão, as populações globais das diferentes espécies de aves limícolas em todo o sítio de invernada. O gradiente de concentração ao longo da costa também permite identificar os habitats críticos para alimentação e descanso das aves e as áreas mais importantes para as aves não migrantes. Em campo, os pesquisadores registraram as aves e reportaram no site e-bird. Os números dos diferentes locais receberão tratamento estatístico para obtenção das estimativas e ampla divulgação dos resultados, que poderão subsidiar medidas de conservação das espécies e habitats, e para a gestão das UCs.
Na APA da Baleia Franca os pesquisadores registraram maior número de aves residentes que migratórias – como esperado. Surpreenderam positivamente grandes grupos do maçarico-pernilongo (Himantopus melanurus), encontrados em centenas, mesmo nas praias frequentadas por banhistas. Também o expressivo número de curicacas (Theristicus caudatus) encontrados nos campos costeiros. Outras espécies como o piru-piru, maçarico- pintado, maçarico-grande-da-perna-amarela e maçarico-pequeno-da-perna-amarela foram registrados, além de espécies aquáticas de garças, biguás, trinta- réis e gaivotas e algumas espécies mais raras na região como a capororoca (Coscoroba coscoroba).
Alguns problemas para a saúde pública e para a conservação das aves também foram observados, como à disposição e acúmulo de lixo na área de dunas, utilizadas para nidificação de espécies como os piru-pirus. O tráfego de veículos, que já vem sendo controlado em parte das praias na região, ainda é grande, e ameaça a segurança dos banhistas, representa risco de atropelamento de filhotes e a destruição dos organismos que vivem enterrados na areia, e que são o alimento da maior parte das aves na praia. Preocupa também o grande número de cães observados na praia. Além das questões sanitárias, os cães perturbam, perseguem e predam as aves.
Nas Áreas de Proteção Ambiental buscam-se a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos por meio de planejamento e ordenamento das atividades humanas. Atividades como o censo de aves aumentam o conhecimento sobre potenciais e fragilidades do território e são importantes para auxiliar na conservação das espécies e para subsidiar a gestão da UC. Participaram dos censos na APA da Baleia Franca os Analistas do ICMBio Danielle Paludo (Cemave), Isaac Simão-Neto (CR9) e Caio Eichemberg (APA BF), os Pesquisadores Ariane Ferreira (Cemave), Carla Cravo (Aves Catarinentes), Cristiano Voitina (IDEIA), Fabrício Basílio (UFSC – Aprender), Juliana Bosi de Almeida e João Damasceno (SAVE Brasil).
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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