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Manejo de capivaras diminui disseminação de carrapatos
Projeto de pesqusiadores do Cepta auxilia na prevenção da febre maculosa
Brasília (13/05/2011) – Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixeis Continentais (Cepta/ICMBio) Francisco Neo e José Melo analisaram como o manejo de capivaras pode influenciar na ocorrência ou dispersão do carrapato-estrela em áreas de circulação e trânsito de pessoas no Cepta, em Pirassununga/SP. A hipótese, confirmada após a conclusão do estudo, era de que nesses locais a capivara é o maior responsável pela disseminação do parasita.
Eles testaram que, manejando as capivaras, eles impediam o acesso delas a áreas de maior circulação de pessoas – ação que se consolidou como uma estratégia eficaz para impedir a disseminação de carrapatos e garantir a prevenção de doenças transmitidas por esses animais.
O perigo é que a espécie está associada à ocorrência de febre maculosa, por ser hospedeira do carrapato (Amblyomma cajennense) - um vetor biológico e reservatório natural de bactérias do gênero Rickettsia, agente etiológico da febre maculosa.
Foram comparadas as frequências de ocorrência de carrapatos em dois períodos: julho/2008 a junho/2009 (antes, durante e logo após a instalação de cercas que impediam a circulação dos animais); e julho/2009 a junho/2010 (após a instalação da cerca). Oitenta voluntários, entre funcionários e visitantes do Cepta/ICMBio, foram orientados a relatar as ocorrências de carrapatos detectados.
Entre os meses de dezembro de 2008 e março de 2009, foram instalados 2.200 metros de alambrado nos limites entre as áreas de tanques, viveiros e laboratórios do Cepta/ICMBio e as áreas florestadas, para reter as capivaras, impedindo sua passagem e mantendo-as fora das áreas de maior circulação das pessoas.
Pôde-se observar uma queda acentuada de ocorrências de carrapatos nas pessoas, nas áreas em que as capivaras estiveram impedidas de acesso. Como era de se esperar, as capivaras não tiveram mais acesso a outras áreas que não a cercada e, com isso, houve diminuição gradual dos carrapatos parasitando as pessoas.
Isso pode sugerir que a utilização de cercas de alambrado na retenção de capivaras é eficaz para o manejo de áreas sujeitas à ocorrência destes animais, auxiliando na manutenção da saúde das pessoas. São exemplos destes locais, os parques e jardins públicos municipais, Unidades de Conservação, universidades, jardins zoológicos, condomínios, entre outros.
O que pôde-se observar foi que a altura da tela e a malha adotadas impediram a passagem de capivaras adultas, mas não a de outros animais residentes ou em trânsito, o que foi benéfico para a conservação do ambiente e das espécies.
Sobre o hospedeiro - A capivara (Hydrochaeris hydrochaeris Linnaeus, 1766) é uma espécie da fauna silvestre encontrada em quase todo o território nacional. No Estado de São Paulo, algumas populações encontram-se acima do número, causando danos agrícolas, além de riscos à saúde pública pela infestação de ectoparasitos e a consequente disseminação de zoonoses.
A febre maculosa brasileira (FMB), causada por riquétsias do grupo da febre maculosa e transmitida por carrapatos, é similar à febre maculosa das Montanhas Rochosas que tem como agente Rickettsia rickettsii, sendo a FMB uma doença de notificação obrigatória e freqüentemente fatal e que tem preocupado as autoridades sanitaristas de forma crescente.
Essa doença ocorre principalmente no Sudeste do país, com destaque para os Estados de Minas Gerais e São Paulo. Além dessa doença, os carrapatos podem causar paralisias, toxicose, reações alérgicas e são vetores de ampla gama de patógenos virais, bactérias e protozoários.
Ascom/ICMBio
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