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Pesquisadores apresentam primeiros resultados de pesquisa das onças no Parque Nacional Grande Sertão Veredas
Pesquisa constatou uma população de quase metade de onças melânicas na região - Foto: Eduardo Fragoso
O monitoramento em campo de onças-pintadas no Parque Nacional Grande Sertão Veredas (MG e BA) avança e começa a trazer resultados de pesquisa. Em junho, após a captura das onças Guirigó e Riobaldo, foi iniciado o acompanhamento dos animais por meio de rádios-colares com GPS que permitem o rastreamento do animal sem interferência humana.
O trabalho, realizado conjuntamente entre ICMBio, a organização não-governamental Onçafari e a Pousada Trijunção constataram dados importantes para a conservação da espécie. “Uma das descobertas mais impressionantes diz respeito às incidências da variação melânica do animal”, conta o especialista e coordenador científico do Onçafari, Eduardo Fragoso. O estudo constatou que o índice de onças pretas varia entre 40 a 48% no território Trijunção-PNGSV. Ou seja, quase metade da população de onças é melânica. Para se ter uma ideia, esta mutação genética tem uma frequência de aproximadamente 10% na espécie nas Américas e é ausente nas planícies alagáveis do Pantanal e nos Llanos da Venezuela. Guirigó, uma das onças estudadas, faz parte desta população raramente vista na natureza.
Uma das investigações importantes é entender as áreas ocupadas pelas onças. Com a localização via GPS, é possível mapear os caminhos feitos, onde encontram refúgio e recursos, como presas, água e parceiros repetitivos . De acordo com o Onçafari, no caso de Guirigó, foi possível perceber que sua área de vida se restringe à vegetação nativa de Cerrado, evitando áreas desmatadas — o que reforça a importância da conservação do bioma.
Foi possível registrar que no período as onças ocuparam grandes áreas. Guirigó ocupou cerca de 417 km² e Riobaldo, cerca de 477 km², uma dimensão que se estende até a Área de Proteção Ambiental Nascentes do Rio Vermelho, cerca de 80 km do Parque. Ao observar os padrões, é possível comparar as onças entre si e entre populações de outros biomas. De acordo com o especialista Eduardo Fragoso, biólogo do Onçafari, os machos de onças-pintadas no Pantanal, em média, ocupam 144,3 km², enquanto na Amazônia, cerca de 211,6 km² – quase metade do registrado por Guirigó e Riobaldo.
Outras descobertas possíveis sobre o comportamento dos animais são captadas pelas armadilhas fotográficas, que são máquinas implantadas em alguns locais da vegetação nativa e ativadas com o movimento. É possível ter registros visuais das onças e da dinâmica das interações entre elas e com outros animais por meio dos vídeos, além de gerar estimativas de quantos animais percorrem a região.
Do início de 2022 até agosto de 2023, foram registrados 489 vídeos de onças-pintadas dentro do Parque Nacional. No mesmo período, foram registradas de 18 a 22 onças-pintadas diferentes – a incerteza do número se dá pelas onças-pretas, que por sua pelagem escura, são mais difíceis de identificar. Com dados integrados do Parque e da Pousada Trijunção (limítrofe do PNGSV), o número estimado de indivíduos é entre 25 a 31.
Com os resultados, é possível trabalhar em prol da conservação da espécie onça-pintada (Panthera onca), que é ameaçada de extinção. Com dados científicos especializados e compartilhados entre pesquisadores, tem sido possível determinar cada vez mais ações efetivas para a proteção e reverter o declínio populacional da espécie.
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