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Pesquisa investiga ecologia da tartaruga-de-couro
Estudo é baseado na análise de dados reprodutivos registrados durante duas temporadas de desova monitoradas pelo Projeto Tamar no Espírito Santo, entre 2015 e 2017
Brasília (04/08/2017) – Pesquisa que marcou 21 fêmeas de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) e acompanhou os ovos até o nascimento dos filhotes, durante duas temporadas reprodutivas monitoradas pelo Projeto Tamar no Espírito Santo, de 2015 a 2017, inicia agora a etapa de análise de dados. Termômetros instalados nos ninhos serviram para saber a temperatura durante a incubação, e amostras de tecido e ovo coletadas terão análises de isótopos estáveis.
As informações, que estão sendo reunidas na tese de doutorado da bióloga Liliana Colman, com previsão de defesa para o fim de 2018, vão contribuir para elucidar questões sobre ecologia alimentar e migrações das tartarugas-de-couro, a espécie de tartaruga marinha mais ameaçada de extinção.
O Projeto Tamar no Espírito Santo protege as praias de desova de tartarugas marinhas, desde 1982. As análises em andamento e resultados preliminares da pesquisa indicam que o monitoramento sistemático realizado no estado a partir de 1988 tem surtido resultados positivos para a recuperação dessa espécie.
Nos últimos 30 anos, mais de 130 fêmeas foram marcadas e 57.000 filhotes de tartaruga-de-couro foram protegidos pelo Tamar. “Mesmo com tanto esforço, devido ao pequeno tamanho populacional e distribuição geográfica restrita das desovas da espécie, juntamente com a emergência de novas ameaças – desenvolvimento costeiro, interação com pescarias, mudanças climáticas e poluição marinha – a população de tartarugas de couro que desova no Brasil continua em perigo de extinção”, diz a Liliana.
O estudo conta com a parceria do Tamar no Espírito Santo e pesquisadores do Marine Turtle Research Group (MTRG), da University of Exeter no Reino Unido, com financiamento do Programa Ciência sem Fronteiras do Governo Federal.
A próxima etapa da pesquisa, a partir de outubro, em parceria com o Programa GEFMar do Ministerio do Meio Ambiente, vai estudar o deslocamento das tartarugas de couro através de monitoramento por satélite.
Quatro fêmeas serão monitoradas para observação do uso de habitat durante o período reprodutivo, e para conhecer as rotas migratórias desde quando elas deixam as praias de desova, identificando áreas de maior susceptibilidade a ameaças como as interações com pescarias, maior perigo da atualidade à sobrevivência das tartarugas, além do desenvolvimento costeiro.
O projeto
O Projeto Tamar começou em 1980 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. Com o patrocínio da Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, o projeto é a soma de esforços entre a Fundação Pró-TAMAR e o Centro Tamar/ICMBio. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9285 – com informações do Projeto Tamar