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Peixe-boi volta à ativa no Parque Nacional do Cabo Orange
Embarcação é a presença brasileira na fronteira ao norte do país
Brasília (09/04/2012) – Há mais de um ano atracada por comprometimento no casco, a embarcação Peixe-boi, do Parque Nacional do Cabo Orange, unidade de conservação (UC) gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Amapá, foi reformada recentemente e já está em plena atividade. O casco havia sofrido ataque de turus - moluscos de corpo gelatinoso que se alimentam da madeira e a equipe que faz a gestão do Parque Nacional do Cabo Orange não mediu esforços para reformar e devolver a embarcação em perfeito estado de uso.
Uma importante fonte de recursos para a reforma veio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa/MMA), que permitiu a troca da madeira infestada, a renovação do calafeto do casco, a manutenção essencial do motor e a pintura externa básica.
Restava apenas algo para a embarcação voltar ao mar, como símbolo do Parque Nacional do Cabo Orange: a inscrição de seu nome no casco. Foi quando a equipe se reuniu, em dezembro, com uma voluntária para a pintura. Letras grandes impressas em papel A4 ganharam vida em cartolinas com cola e fita adesiva que foram logo fixadas no casco, moldando o que seria o sinônimo definitivo de revitalização da embarcação Peixe-boi. Pincéis e tinta preta foram as ferramentas.
Firme nas fiscalizações
Duas operações de fiscalização já foram realizadas em fevereiro deste ano com a embarcação. A primeira, entre os dias 04 e 07, em que estiveram presentes fiscais do Parque Nacional do Cabo Orange, da Polícia Federal e da Força Nacional, resultando na apreensão de 710 kg de pescado ilegal e 6 mil metros de redes de pesca.
A segunda operação com a embarcação Peixe-boi foi realizada entre os dias 12 e 16. Participaram agentes de fiscalização do Ibama e efetivo do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Amapá e, ao todo, foram apreendidos 1.480 kg de peixe e 19 mil metros de redes de pesca. Em ambas fiscalizações, os infratores estavam com suas embarcações dentro da unidade de conservação, área proibida para a pesca.
“Esses números refletem a grande pressão de pesca que sofre a maior área de mar protegido integralmente no Brasil e o quão é importante a presença da embarcação. O parque contém 200 mil hectares de mar, e atividades de fiscalização nesta área são difíceis e arriscadas pelo mar ser agitado no inverno, que vai de dezembro a junho, época das chuvas”, destaca o chefe do Parque Nacional do Cabo Orange, Ricardo Motta Pires.
Uma torre para posicionamento do radar na embarcação está em fase de preparação. A expectativa é que ela auxilie na detecção e monitoramento de embarcações em pesca ilegal. “Estamos buscando recursos para realizar a manutenção de nossa lancha de abordagem, outra peça importantíssima nas atividades de fiscalização por proporcionar velocidade para alcançar embarcações fugitivas, e segurança, pois sua altura e tamanho possibilitam estabilidade no momento da abordagem pela equipe de fiscalização”, frisa Pires.
A meta da equipe gestora do parque é de que sejam realizadas duas operações de fiscalização por mês com a embarcação, aumentando significativamente a presença do ICMBio no combate à pesca ilegal. Vale ressaltar que a embarcação Peixe-boi também serve como base para as atividades de pesquisa nos rios Cassiporé e Cunani, e no mar do parque, além de dar suporte para o deslocamento de equipamentos, equipes de apoio e pesquisadores até áreas remotas, o que de outro modo seria inviável ou oneroso.
A embarcação foi ferramenta fundamental na execução do Projeto Tartaruga Imbricata - um projeto de experimentação do turismo de base comunitária no Parque Nacional do Cabo Orange. A rota que ela percorre é integrada abrangendo belezas cênicas e comunidades tradicionais residentes tanto em Roura, na Guiana Francesa, quanto no entorno do parque, no Brasil.
O passeio se dá todo por via marítima, dentro de um modelo de turismo de base comunitária/turismo solidário, que vem sendo desenvolvido com as comunidades do entorno do parque. A equipe do Cabo Orange acredita que a presença do turista na UC inibe as atividades ilícitas, inclusive no mar, colaborando para a conservação do ambiente e para a melhoria da condição econômica das comunidades do entorno.
Cooperação internacional
Em dezembro de 2011, a equipe de gestão do Parque Nacional do Cabo Orange assinou um acordo de cooperação com a Agência de Assuntos Marítimos da França (Afffaires Maritimes), a Marinha Nacional Francesa, a Polícia Marítima Francesa (Gendarmerie Maritime), o Escritório Regional do IBAMA em Oiapoque-AP, a Polícia Federal, Força Nacional e o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Amapá, com o objetivo de monitorar a área estuarino-marinha da fronteira Brasil e Guiana Francesa em regime de cooperação mútua.
Intitulado 'Programa de Monitoramento Integrado da Área Estuarino-Marinha da Fronteira Brasil e Guiana Francesa', ele visa fazer com que cada qual, dentro de seus limites de atuação, promova um canal de comunicação constante entre si sobre as embarcações e sobre os procedimentos de abordagem e fiscalização.
“Neste contexto a embarcação Peixe-boi assume um papel fundamental na manutenção da presença brasileira na fronteira marítima ao norte do país, sendo ela a única embarcação oficial de governo, de médio porte, com presença constante na região”, reitera o chefe do Parque Nacional do Cabo Orange.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280