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Parque de Brasília abrirá trilha para ciclistas
Inauguração integra festejos do Dia Mundial da Vida Selvagem
Inauguração integra festejos do Dia Mundial da Vida Selvagem
Reportagem: Marta Moraes
Edição: Alethea Muniz
Do Ministério do Meio Ambiente
Brasília (01/03/2016) - Popularmente conhecido como Água Mineral, o Parque Nacional de Brasília, Unidade de Conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vai muito além de suas piscinas de águas correntes, que há anos encantam os brasilienses e turistas. São mais de 42 mil hectares de área; 260 mil visitantes anuais; duas trilhas (a Cristal Água – com 5 km e a Capivara – com aproximadamente 1,3 km); um Núcleo de Educação Ambiental; um espaço para prática de meditação, conhecido como Ilha da Meditação; diversos tipos de vegetação; e fauna abundante e diversificada, composta por espécies raras ou ameaçadas de extinção. E vem mais atração por aí.
Para comemorar o Dia Mundial da Vida Selvagem, 3 de março, o Parque Nacional de Brasília vai inaugurar uma trilha de 15 km para ciclistas, com duchas estrategicamente colocadas ao final do caminho para refrescar quem se aventurar pelo percurso. Segundo Daniela Costa, analista ambiental e chefe substituta da Unidade de Conservação, foi preparado um caminho longo, amplo e sinalizado, que vai agradar aos ciclistas que aguardavam tanto por essa iniciativa.
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Ela explica que esta é uma expansão da trilha Cristal Água e que as duchas - “Suspiro” - funcionam com o aproveitamento da água da válvula de alívio de pressão que integra a rede hidráulica do parque, não havendo desperdício. Vale ressaltar que a trilha também é aberta para pedestres, só que, neste caso, com a opção de percorrer também um caminho reduzido, com 6,5 km.
“Com as novas atrações esperamos não apenas atrair um novo perfil de visitante, mas o pensamento, a postura de quem vem ao parque. Buscamos uma visita voltada à contemplação. Trabalhamos por uma melhoria na gestão. Precisamos de maior participação da sociedade na conservação do parque, pois sozinhos não conseguimos implementar as melhorias necessárias”, afirmou Daniela.
O INÍCIO
A história da criação do parque tem relação direta com a da construção de Brasília, na década de 1960. A Unidade de Conservação surgiu da necessidade de se proteger os rios fornecedores de água potável à capital federal e de manter a vegetação em estado natural. O parque abriga as bacias dos córregos que formam a represa Santa Maria, responsável pelo fornecimento de 25% da água que abastece Brasília. A represa fica no coração do local, ocupando uma área de 6,1 km². “É a água de melhor qualidade do Brasil, pois as nascentes ficam dentro de um parque nacional”, enaltece Daniela.
As piscinas (Areal e Pedreira) se formaram a partir dos poços de água, que surgiram às margens do Córrego Acampamento, pela extração de areia feita antes da implantação de Brasília. O parque é também um local de preservação de animais selvagens próprios do Cerrado.
São encontrados na Unidade de Conservação, entre outras espécies, o lobo-guará, a jaguatirica, o tatu-canastra, a anta e o tamanduá-bandeira, ameaçadas de extinção. Várias outras espécies não ameaçadas compõem a biodiversidade do parque, a exemplo de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, e de grupos pouco estudados como moluscos, crustáceos, insetos e pequenos organismos.
ONÇAS EM FOCO
Nos últimos dias, uma família de onças chamou tanta atenção quanto as já famosas piscinas. Com uma armadilha fotográfica acoplada a um sensor de movimento, o parque conseguiu registrar a imagem de uma onça parda – também chamada de suçuarana ou puma – que habita o Parque Nacional de Brasília. Os felinos, que possuem hábitos noturnos e são considerados solitários, aparecem bem próximos à câmera. Os flagrantes iniciaram no final de 2015, mas só foram divulgados em fevereiro. Em dois dias, as visualizações da foto em redes sociais superaram 100 mil e animaram os responsáveis pelos registros. O local dos flagrantes das onças fica em meio ao Cerrado selvagem, longe de onde geralmente há presença de visitantes.
As imagens foram captadas a partir de uma das quatro armadilhas fotográficas instaladas no parque, desde agosto de 2015, pela organização não governamental No Extinction (Nex). O objetivo é mapear quais e quantos são os outros moradores do território e entender como são os hábitos de vida deles na área. Para isso, os pesquisadores percorrem o local em busca de vestígios, como pegadas e fezes das onças, para escolher onde vão colocar as câmeras. No dia 22 de fevereiro, em nova aparição, a onça parda do Parque Nacional de Brasília foi flagrada passeando com seu filhote na mata, gerando mais visualizações nas redes sociais.
Não há registro de ataque desses animais no parque. A onça parda costuma se afastar quando percebe a presença de humanos, por isso a dificuldade de se ver o animal pessoalmente. A instituição celebrou a aparição do filhote, já que a reprodução das espécies é considerada indicador de equilíbrio ambiental.
INOVAÇÃO NAS LIXEIRAS
Equilíbrio também foi o que norteou a instalação, em 2015, das novas lixeiras do parque. Como os macacos eram atraídos até as lixeiras atrás de restos de alimento, o parque desenvolveu uma trava ecológica inovadora, que impossibilita os animais de abrirem as mesmas.
O novo modelo (adaptado do tipo usado pelo Parque Nacional da Tijuca), com chapa de alumínio e que só abre por baixo, por pressão, foi desenvolvido pelos próprios funcionários da Unidade de Conservação. As lixeiras vêm sendo construídas pela equipe de manutenção do parque.
Ainda como estratégia para afastar os macacos e oferecer mais qualidade aos visitantes, foram realizadas melhorias, com a abertura das duas lanchonetes das piscinas, que passaram a oferecer um local apropriado para alimentação. Tal iniciativa reduziu o número de alimentos que as pessoas levam para o local. “Era comum vermos macacos com latinhas de refrigerante e salgadinhos na mão”, contou Daniela.
Mas o trabalho para afastar os macacos de restos de alimentos não se resume às novas lixeiras, é preciso que o visitante se conscientize do seu papel. “Não deixar comida visível, jogar embalagens e restos de alimento nas lixeiras, não espalhar lixo pelo caminho ao andar pelas trilhas. Atitudes simples, mas que fazem a diferença. Precisamos inserir a sociedade no processo de conservação do Parque”, ressaltou ela.
DESAFIOS
Para uma melhor gestão do parque e proteção dos animais selvagens que vivem no local, Daniela destaca que um dos maiores desafios é como tratar o problema dos cães semidomesticados (ou errantes, como são chamados). São cães abandonados, ou que fugiram de casa, que entram na Unidade de Conservação e juntam-se a outros animais, formando matilhas. Tais cães perdem o contato humano e tornam-se ”asselvajados” (brutos, rudes), passando a competir com a fauna nativa por alimento e território, ou até mesmo a perseguir os animais do parque.
O lixão e a Estrutural são as maiores portas de entrada para os cães semidomesticados. A matilha transmite doenças graves aos animais selvagens. Algumas delas, como a parvovirose, são fatais. “O cão semidomesticado não tem imunidade e nós não temos como identificar e nem combater doenças. Algo mais grave pode disseminar uma espécie inteira”, ressalta Daniela.
“Em dezembro de 2015 encontramos um filhote de porco do mato morto em uma das piscinas, devido ao ataque dos cães. Há vários relatos de funcionários que avistam ou testemunham sinais de perseguições dos cães a animais selvagens. A Unidade de Conservação, sozinha, não consegue fazer o manejo. Precisamos do apoio da sociedade”, destaca Daniela.
Segundo ela, uma das alternativas é usar o serviço do castramóvel, serviço itinerante e gratuito de castração de animais domésticos, fornecido pelo Governo do Distrito Federal (GDF), ou estimular a doação de animais (cães e gatos) para quem não pode ficar mais com seus animais de estimação, evitando o abandono, e também promover campanhas de vacinação e posse responsável.
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