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Parque da Tijuca testa lixeiras anti-fauna
Projeto de robótica de estudantes cariocas impede acesso dos quatis às caixas metálicas de lixo, evitando que eles comam restos de alimentos e embalagens prejudiciais à sua saúde
Brasília (31/03/2017) – Alunos do Ensino Médio e funcionários do Colégio Liceu Franco-Brasileiro, no Rio de Janeiro (RJ), desenvolveram, em seu projeto de robótica, lixeiras anti-fauna para o Parque Nacional da Tijuca (RJ). As lixeiras, que possuem uma trava eletrônica, foram idealizadas para evitar que os quatis, animais habitantes do parque, entrem nas caixas de lixo e consumam restos de alimentos e embalagens que podem causar danos à sua saúde.
O projeto foi inspirado em relatos de visitantes do parque, que flagraram por várias vezes os quatis entrando nas lixeiras e retirando resquícios de alimentos e embalagens. Além da bagunça deixada para trás, esse comportamento pode ser grave: o consumo dos restos alimentares e das embalagens pode trazer sérios malefícios à saúde do animal.
O dispositivo inventado pelos estudantes impede o acesso dos quatis ao conteúdo das lixeiras por meio de uma trava eletrônica. Ao tentarem entrar nas caixas de lixo, a tampa é acionada. “A nossa trava foi projetada para ser anatomicamente inacessível aos quatis, mas facilmente manipulada por seres humanos”, afirma um dos técnicos da equipe, Philipe Moura, estudante de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Fase de teste
No momento, as lixeiras anti-fauna estão em fase de prototipagem (desenvolvimento do dispositivo) e testagem, mas as perspectivas são otimistas em relação ao sucesso do projeto, que, se aplicado, pode salvar a vida, não só das centenas de quatis habitantes do parque, como também de inúmeros outros animais que podem sofrer com o consumo inadequado de lixo.
Após a instalação das novas lixeiras, a equipe do projeto dará sequência ao trabalho, participando de uma pesquisa de observação dos quatis em campo, em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), para avaliar a eficácia do equipamento no Parque Nacional da Tijuca.
Animal símbolo
Seja por seu comportamento de andar em bandos ou de roubar comida em piqueniques, o quati (Nasua nasua) é sempre mencionado quando o assunto é a fauna da Floresta da Tijuca. Por isso, mesmo, ele é o animal símbolo da unidade de conservação.
Com 30 cm de altura, membros ágeis e um comportamento exploratório, os quatis têm um cardápio bem variado, podendo se alimentar tanto de insetos quanto de frutas. O que não se esperava é que eles fossem capazes de pular parte superior das lixeiras, abrindo suas tampas e acessando todo o seu conteúdo.
Cada vez mais são relatados casos de lixeiras invadidas por quatis em busca de alimento. Os relatos, em geral, são feitos por visitantes que flagram o animal entrando na lixeira e roubando resquícios de alimentos e embalagens.
Estudos e pesquisas
De acordo com um estudo feito pela SEB (Sociedade de Ecologia do Brasil) no Parque Nacional do Caparaó (MG), foram encontrados nas fezes dos quatis cerca de 0,96% de material de origem antrópica e não digerível, representados por casca de cebola, linha, plástico, papel, alumínio, vidro e borracha.
Já uma pesquisa de comparação entre a bioquímica do sangue dos quatis que habitam o Parque Nacional do Caparaó, o Parque Municipal Mangabeiras (Belo Horizonte) e a Estação Ecológica Água Limpa (MG), realizada pela bióloga Renata Barcelos Repolês, da Universidade Federal de Viçosa (MG), comprova que os animais selvagens de vida livre que ingerem alimentos descartados por visitantes podem apresentar alterações no comportamento alimentar, no metabolismo e na sanidade.
Ainda são necessários mais estudos de base no Parque Nacional da Tijuca, mas não há dúvidas de que os quatis cariocas estão expostos a sérios riscos. Com o êxito das lixeiras anti-fauna, esses riscos, certamente, diminuirão.
Comunicação ICMBio
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