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Parque da Amazônia aposta no turismo sustentável
Publicado em
07/08/2018 18h17
Atualizado em
09/08/2018 12h55
Unidade busca estruturação teórica e prática para oferecer experiências únicas a visitante.
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
Criado em 1974, o Parque Nacional da Amazônia leva o nome do bioma que torna o Brasil líder em biodiversidade. Foi o 15º Parque Nacional a ser criado no país e o primeiro a ser criado no bioma amazônico. Também foi o primeiro a ser aberto para visitação e atualmente é o segundo que mais recebe visitantes. No ano passado, o parque nacional recebeu mais de 3 mil visitas e continua crescendo.
O Parque Nacional da Amazônia dispõe de oito trilhas e vários outros encantos que atraem turistas locais, que vem em busca de diversão com banhos nas praias dos rios; e de fora, como observadores de pássaros e esportes de aventura. Entretanto, de acordo com a responsável pelo uso público da Unidade Especial Avançada (UNA), que gere o parque, Lívia Haubert Ferreira Coelho, a UC ainda tem um potencial ainda maior para crescer. Nos últimos meses, a UNA tem passado por capacitações contínuas na área de uso público e já apresenta resultados.
No mês passado, por exemplo, Lívia Haubert participou de uma visita técnica aos Estados Unidos. A comissão brasileira, que contava com representantes da Coordenação Geral de Uso Público (CGEUP), visitou parques e florestais nacionais americanas geridas pelo Serviço Florestal Americano e pelo Serviço Nacional de Parques. Lá, eles conheceram metodologias de contagem de visitantes e pretendem implementar uma adaptação à realidade das UCs brasileiras. A visita faz parte do Projeto "Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia", que é uma parceria técnica entre o governo brasileiro e o Serviço Florestal Americano por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Também dentro do Projeto, no final de junho passado, a UNA sediou a segunda edição do curso de Planejamento de Uso Público. O curso foi realizado com participação de instrutores norte-americanos do Serviço Florestal dos Estados com experiências em áreas protegidas nos estados de Montana e Colorado Dentre os conteúdos apresentados estão escala de planejamento, monitoramento dos planos, trabalho com as incertezas, como construir os planejamentos de maneira participativa e diversificação de visitantes, visando as oportunidades.
Com o curso, gestores de UCs puderam pensar criticamente sobre manejo e planejamento de diversos usos em áreas protegidas brasileiras, ficar atentos às possibilidades de diálogo para desenvolver competências e consequentemente maior confiança na tomada de decisões.
O Parque Nacional da Amazônia foi palco da parte prática do curso. “Com base nestas experiências, iniciamos o processo de revisão do plano de uso público da unidade”, conta Lívia. Um dos resultados mais importantes proporcionados pelo curso é a implementação de uma metodologia para contagem de visitantes. Chamada de ROVUC – Rol de Oportunidades de Visitação de Unidade de Conservação, a metodologia consiste em simplificar o plano de uso público das UCs. “O ROVUC será um instrumento mais para o planejamento que de diagnóstico levando em conta a dinamicidade das unidades e a continuidade da gestão”, avalia Lívia.
Potencial turístico
O Parque Nacional da Amazônia possui um grande potencial turístico. Suas corredeiras e praias de rios são bastante utilizadas pelo público local para atividades de lazer. Trilhas com cerca de 20 km de extensão e a relativa facilidade de observação da fauna local (o Parque Nacional possui mais de 10 espécies de primatas, alguns deles sob risco de extinção). O local também é procurado por peregrinos que rumam à Capelinha de São José da Mata, rota seguida pelos fieis há quase cinquenta anos.
O estímulo ao turismo sustentável de maneira ordenada fortalece a economia local, proporciona diversificação e promove autonomia financeira, especialmente para jovens que estão prestes a entrar no mercado de trabalho.
É o caso de Kennedy Alves de Oliveira, de 19 anos. Morador de Itaituba, ele fez parte da primeira turma do ensino médio técnico em Turismo da cidade. Logo depois, ele finalizou o curso de condutor de visitantes para atuar no Parque Nacional da Amazônia. Agora Kennedy integra o projeto Motivação para o Sucesso de Gestão em Unidades de Conservação (MOSUC). “Este curso abriu portas para mim no mercado de trabalho que não possui muitas opções para os jovens”, diz. Kennedy conta que a capacitação como condutor o auxilia muito em sua formação como futuro biólogo, especialmente na área de ecoturismo, que domina o interesse do jovem.
Além das trilhas e observação de aves, Lívia conta também que as capacitações abriram horizontes novos para atividades para turistas. Uma delas é o boiacross, um esporte propício para ser realizado nas corredeiras do Rio Tapajós. Consiste num equipamento semelhante a uma câmara de pneu de caminhão onde o participante desce as corredeiras, munido, é claro, de material de proteção. Os primeiros testes devem ser feitos no próximo mês junto à associação de turismo local com os comunitários. “O investimento inicial é de cerca de 400 reais, bem menor do que de outros esportes como o stand up paddle ou o rafting”, afirma Lívia. Durante o período de testes, será verificada a necessidade de outros investimentos e a viabilidade turística para esse esporte.
As capacitações influenciaram no processo de tomada de decisões pela equipe responsável pelo uso público. “Atualmente conhecemos melhor o nosso visitante; sabemos que o observador de aves, por exemplo, costuma passar longos dias no Parque a fim de catalogar a maior diversidade possível de aves. Essas características nos fizeram perceber que precisávamos alterar a forma como fazíamos o monitoramento da visitação”, conta Lívia.
A unidade possui, atualmente 4 áreas de camping. O pernoite no parque é praticado por cerca de um terço dos visitantes, por isso, a UNA trabalha com afinco na estruturação do parque para receber os visitantes com maior comodidade.
Bases
Recentemente, foi finalizada a reforma de uma das duas bases da unidade, a base do Uruá, onde estão os atrativos mais procurados pelos visitantes. A habitação datava da década de setenta e passou por uma reforma profunda com troca dos pisos, do banheiro e do deque do mirante, danificado pelos cupins. A casa está mais arejada, recebeu uma cobertura de manta térmica, possui agora uma varanda com espaço para redes e está muito mais segura.
Em breve, a unidade vai ganhar quatro placas de painéis solares que devem substituir a energia elétrica atualmente vinda de um gerador, o que deve economizar recursos para os cofres públicos. Garantindo energia elétrica, água e melhorando a infraestrutura, Lívia acredita que a unidade vai proporcionar uma melhor experiência para servidores e pesquisadores que precisem utilizar as bases para pernoitar.
“A visitação é uma maneira positiva de integrar a comunidade com a gestão dos parques nacionais, pois podemos mostrar às pessoas a importância da participação delas no processo de gestão e preservação das UCs, como nos conselhos, nas concessões dentre outros processos”, conclui Lívia.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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