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Parna da Serra do Pardo retoma monitoramento da fauna
Nascer do sol Rio Xingu - Foto: Jessica dos Anjos
A equipe de Pesquisa e Monitoramento do NGI/ICMBio, Terra do Meio, realizou entre os meses de setembro e outubro de 2023, a retomada do monitoramento de aves e mamíferos do Programa Monitora no Parque Nacional da Serra do Pardo, após três anos de interrupção.
O Parna está localizado nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu, no Pará, a 350 km da sede do NGI Terra do Meio (cidade de Altamira). Na estação seca, são necessários dois dias de deslocamento subindo o rio Xingu de voadeira para chegar à Base Operacional do ICMBio e mais dois dias para retornar.
O protocolo básico do monitoramento para aves terrícolas e cinegéticas, e mamíferos de médio e grande porte no Parna da Serra do Pardo, começou a ser realizado no ano de 2016, ocorrendo anualmente com a participação de servidores do ICMBio, alunos de universidades e monitores comunitários até 2019. O acompanhamento foi interrompido nos anos de 2020 e 2021 devido à pandemia do SARS-CoV-2 (COVID-19) e no ano de 2022 por dificuldades logísticas e ausência de servidores no NGI.
Limpeza de Trilha
Para a retomada do monitoramento em 2023, uma analista ambiental e dois agentes, juntamente com três comunitários locais, realizaram a limpeza das trilhas, abrindo novamente os caminhos em meio a cipoais, troncos e galhos.
Os monitores comunitários que atuam no Parna são moradores da Vila de São Sebastião, dentro do Parna. Os conhecimentos da fauna, da navegação no rio Xingu e da área do Parna tornam a participação desses monitores essencial para o desenvolvimento do monitoramento da biodiversidade.
Houve também a participação de dois voluntários: o casal Dennis Hyde e Letícia Alves, do Entre Parques BR – projeto com o objetivo de visitar todos os 75 Parques Nacionais do Brasil. Em pouco mais de dois anos, Dennis e Letícia visitaram 58 parques.
Ao longo do monitoramento (de 10 a 12 dias por trilha), foram avistadas 15 espécies de mamíferos e 12 espécies de aves, dentre as quais espécies ameaçadas de extinção como o jacupiranga (penelope pileata), a cujubi (aburria cujubi), o jacamim-de-costas-marrons (psophia dextralis), o queixada (tayassu pecari), o macaco-aranha-de-testa-branca (ateles marginatus), o guariba-de-mãos-ruivas-de-spix (alouatta discolor) e a anta (tapirus terrestris). Destaca-se também o avistamento de felinos durante os trabalhos: uma jaguatirica (leopardus pardalis), uma onça-pintada (panthera onca) e uma onça-preta (indivíduo melânico de panthera onca).
A retomada e continuidade deste protocolo no Parna da Serra do Pardo são importantes estratégias de conservação para a sociobiodiversidade local, pois fornecem indicativos da efetividade desta UC, que fica numa região (Terra do Meio) com conflitos de regularização fundiária, histórico de desmatamento e ocupações irregulares.
Texto original e fotos: Jessica dos Anjos Oliveira/Núcleo de Gestão Integrada Terra do Meio