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Oficina discute plano de conservação de aves sulinas
E avalia ainda o programa de cativeiro do cardeal-amarelo
Brasília (23/11/2012) – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) e a Coordenação de Planos de Ação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Copan), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizaram na semana passada, em Porto Alegre, a Oficina de Monitoria do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Passeriformes Ameaçados dos Campos Sulinos e Espinilho. O evento, que contou com a participação do Grupo Assessor do PAN, discutiu também o Programa de Cativeiro do Cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata).
Durante a oficina, os participantes constataram que, apesar do PAN Campos Sulinos e Espinilho estar em seu primeiro ano de implementação, mais de 30% das ações propostas estão em andamento conforme o previsto. A implementação de cada uma delas foi verificada por meio de monitoria regular, e os ajustes realizados quando necessário. As monitorias são coordenadas e promovidas anualmente pelo ICMBio e contam com a participação do Grupo Assessor instituído para cada plano. O painel de gestão deste PAN para 2012 poderá ser acessado em breve no portal do Instituto.
PAN inclui 22 espécies
A elaboração do PAN Campos Sulinos e Espinilho, que culminou com uma oficina participativa em setembro de 2011, propõe ações que visam reduzir o grau de ameaça de 15 espécies de aves sulinas classificadas como ameaçadas, além de evitar o declínio populacional de espécies quase ameaçadas ou com o estado de conservação ainda desconhecido. São alvos de conservação do PAN um total de 22 espécies de aves, todas compartilhando pressões semelhantes relacionadas à perda e alteração de hábitat, sendo que algumas delas são alvo ainda de captura ilegal.
O PAN também apresenta ações de articulação com países vizinhos que compartilham ambientes e espécies semelhantes e se integra ao Plano de Ação Internacional (PAI) que trata da conservação de espécies migratórias associadas a ambientes de campos naturais na América do Sul. Essa iniciativa está diretamente ligada ao “Memorandum de Entendimiento sobre la Conservación de Especies de Aves Migratórias de Pastizalesdelsur de Sudamerica y de sus Habitats”, da CMS, assinado em 2008 por quatro países signatários e o Brasil. Atualmente, representantes da Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil se dedicam a implementar as ações constantes neste PAI elaborado conjuntamente.
Programa de cativeiro
Entre as ações propostas pelo PAN, está o programa de cativeiro do cardeal-amarelo, cuja elaboração avança para a publicação de sua portaria nos próximos meses. Essa espécie de ave possui distribuição restrita no Brasil e atualmente subsiste em número extremamente reduzido nas regiões oeste e sul do Rio Grande do Sul, principalmente junto à fronteira com o Uruguai e a Argentina. Como a pressão de captura sobre a espécie e o comércio ilegal seguem intensos, a tendência será sua extinção no Brasil se as providências devidas não forem tomadas para coibir essas atividades.
A população em cativeiro no Brasil, concentrada majoritariamente nas mãos de criadores amadoristas, excede a população em vida livre. Sucesso reprodutivo em cativeiro tem sido obtido. Em função do reduzido tamanho da população em vida livre, há necessidade de criar e manejar a população cativa como estoque de segurança. Observações recentes sugerem ainda a necessidade de identificação de especificidades de hábitats para a espécie no Brasil a fim de orientar ações de reintrodução/revigoramento que devem ser efetuadas a médio e longo prazos.
Campos sulinos
Os campos sulinos ocupam uma área de 210 mil km² no Sul do Brasil. No bioma, predominam comunidades vegetais compostas por espécies de gramíneas de valor forrageiro, leguminosas úteis ao pastoreio e também outras plantas herbáceas. Apresentam biodiversidade significativa e singular, porém são crescentes as pressões que têm reduzido, fragmentado e alterado as áreas naturais. Além disso, esse ambiente também serve de área de reprodução ou invernagem a muitas espécies de aves migratórias.
Dentre as sub-regiões dos campos sulinos, destaca-se o Espinilho, que possui espécies restritas a essa formação – savana de arvoretas espinhentas e retorcidas típica da extremidade oeste do Rio Grande do Sul –, sendo o único ambiente de ocorrência de algarrobos (Prosopis nigra e P.affinis) no Brasil. A perda e a descaracterização desse ecossistema, especialmente por lavouras de arroz, são as principais ameaças às espécies endêmicas dessa fitoformação.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280