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Número de peixes-bois dobra em 30 anos no Piauí
Ação do ICMBio, em parceria com prefeitura, reforça a preservação
Brasília (05/12/2011) – O peixe-boi marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção, encontrou no litoral do Piauí, em Cajueiro da Praia, a 380 quilômetros de Teresina, um lugar de águas claras e tranquilas para procriar e fugir do risco de desaparecer. Sua população local, que beirava os 20 animais no início dos anos 1980, é estimada hoje entre 35 e 40 indivíduos, aproximadamente o dobro em 30 anos.
Cajueiro da Praia, um pequeno município de pouco mais de 7 mil habitantes, na divisa com o estado do Ceará, abriga o estuário que é mantido como local de reprodução da espécie, numa parceria informal do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ambientalistas, prefeitura e da população local.
Para o leigo, o crescimento da população nesses anos todos pode parecer ainda pequeno, mas para a analista ambiental Patrícia Claro, da base avançada multifuncional do CMA no município, a baixa taxa reprodutiva do peixe-boi registrada no Piauí é normal. “A reprodução do peixe-boi é mesmo muito lenta, só acontece de três em três anos, entre os meses de outubro e março”, explica.
População
A população de peixe-boi no Brasil é estimada em 500 animais, concentrados principalmente na costa Nordeste. Quando adulto, o animal pesa entre 500 a 550 quilos e tem comprimento médio de 2,8 a 3 metros, embora já tenha sido avistado animal de até 3,6 metros e mais de 1,7 mil quilos. As fêmeas tendem a ser maiores e mais pesadas; e um filhote, ao nascer, tem uma massa média 30 quilos.
Para nadar, o peixe-boi impulsiona sua nadadeira caudal, usando as duas nadadeiras peitorais para controlar os movimentos. Apesar de bastante pesado, consegue ser bem ágil dentro d'água, fazendo muitas manobras e ficando em várias posições. Em média, nadam com uma velocidade de 5 a 8 km/h, mas já foram vistos nadando a uma velocidade até 30 km/h.
Metade do dia de um peixe-boi é gasto dormindo na água, subindo para tomar ar regularmente em intervalos não superiores a 20 minutos. Nos seus mergulhos normais fica de um a cinco minutos debaixo d'água. Em repouso, pode permanecer até 25 minutos submerso, sem respirar.
Preservação
Trabalhando na região desde 1991, a paulistana Patrícia Claro, faz parte de uma equipe de dez pessoas que atua na defesa e preservação do peixe-boi no Piauí. São técnicos do ICMBio, funcionários da prefeitura e estagiários.
O monitoramento do mamífero em mar aberto acontece sempre às segundas, quartas e sextas, no horário de 6h às 10h. É o que os técnicos chamam de observação do animal em ambiente natural. Desde o início do programa, foi registrado um único encalhe de peixe-boi em Cajueiro da Praia.
Patrícia Claro garante também que o sucesso do projeto de preservação se deve muito ao relacionamento tranquilo dos pescadores com o animal. “O peixe-boi respeita o pescador e o pescador respeita o peixe-boi. Aqui nunca foi local de caça”, concluiu.
Ascom/ICMBio
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