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No Sete Cidades, tocha passeia de bike
Nesta segunda (13), a chama símbolo dos jogos olímpicos passará por mais uma unidade de conservação do ICMBio, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
Elmano Augusto
elmano.cordeiro@icmbio.gov.br
Piripiri – PI (10/06/2016) – O cenário mágico do Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí, repleto de formações rochosas esculpidas pelo vento e pela chuva durante milhões de anos e inúmeras inscrições rupestres, foi palco, na sexta-feira (10), de mais uma etapa do revezamento da tocha olímpica.
Nesta segunda-feira (13), à tarde, a tocha voltará a passar em unidade de conservação (UC) administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Vai descer de helicóptero na Lagoa Azul, no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA), onde será conduzida por um percurso de cerca de 200 metros sobre as dunas.
Desde o início do revezamento, a chama símbolo dos Jogos Olímpicos Rio 2016 já desfilou pelo Parque Nacional de Brasília (DF), Parque Nacional Histórico do Monte Pascoal (BA), Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), Parque Nacional Marinho e APA de Fernando de Noronha (PE) e APA do Delta do Parnaíba.
Tartaruga
No parque de Sete Cidades, a tocha passeou de bicicleta pelas trilhas. Coube a Francisco Orlando Carvalho Brito, integrante de um grupo de praticantes de montain bike da cidade de Piracuruca, um dos municípios abrangidos pela UC, iniciar o revezamento. Ele carregou o fogo olímpico na sua bike até o atrativo Tartaruga.
Tartaruga é um bloco de pedra monolítico, de quase 20 metros de altura e cem de largura, todo recortado por pequeninos quadrados, no formato de um casco gigante do animal. Não há quem não se impressione ao avistar a rocha no meio da vegetação.
No Arco do Triunfo, mais uma atração da UC, Brito repassou a tocha para outro colega do grupo de ciclistas, em meio a um corredor formado às margens da trilha por crianças e adolescentes de uma escola da região. “Foi uma emoção muito grande prestar essa homenagem ao parque”, declarou ele.
Ele lembrou que o grupo de montain bike existe há 13 anos. Começou como uma brincadeira de amigos e, hoje, depois que passou a usar as trilhas do Parque Nacional de Sete Cidades, ganhou novos adeptos e atingiu um nível “quase profissional”.
Atualmente, a turma soma 30 ciclistas, alguns já disputando competições fora da região. “Devemos tudo isso ao parque, que nos oferece essas trilhas maravilhosas para a prática do montain bike, assim como para outros esportes de aventura em rochas e, claro!, para simples caminhadas na natureza”, afirmou.
Segundo ele, as trilhas estão bem conservadas, o percurso cruza boa parte dos principais atrativos e é, praticamente, todo cercado por vegetação. O condutor da tocha aproveitou para convidar as pessoas a conhecer a unidade de conservação. “Podem vir que o parque tem outros atrativos como piscina natural e cachoeira”.
Mirante
Na subida do Mirante, uma estrutura de madeira e ferro, fincada sobre rocha, a mais de 150 metros do solo, de onde se tem uma vista espetacular do parque, Maria Janaína de Souza, que atua como condutora de visitantes no parque há mais de oito anos, recebeu a tocha e a levou, correndo, até o tablado em cima do morro, onde tremulava a bandeira do Piauí.
Foi, literalmente, o ponto alto do revezamento que terminou com Janaína segurando a tocha numa mão e a bandeira de seu estado na outra, para delírio das pessoas que, de baixo, assistiam à cena.
“Amo tudo nesse parque, a multiplicidade de formas e a grandeza das formações rochosas, as pinturas rupestres, a vegetação, a fauna, a flora, esse ambiente de magia e paz que o parque transmite a todos. É comum, ao encerrar os passeios, ouvir dos visitantes que eles vivenciaram uma experiência inesquecível ao conhecer o parque”, disse Janaína.
O chefe do parque, Cristino Pereira da Silva, disse que trabalha para aprimorar cada vez mais a estrutura de uso público do parque. Segundo ele, a unidade recebe em torno de 30 mil visitantes por ano, boa parte de outros estados brasileiros e, também, países estrangeiros.
Cristino citou outra estratégia de gestão que vem dando certo na aproximação do parque com a comunidade: o conselho consultivo itinerante, que prevê a realização de reuniões do conselho gestor da unidade na sede das cidades que abrigam a UC ou fazem parte de seu entorno.
“Fazer reuniões nos locais onde moram as pessoas é importante para aproximá-las da gestão da unidade e se antecipar ou evitar o surgimento de conflitos. Assim, quando promovemos a reunião geral do conselho na sede do parque, boa parte dos possíveis problemas já está resolvida”, receitou ele.
A prefeita de Brasileira, Paula Araújo, outro município que abriga parte da unidade de conservação, considerou bem vindas as iniciativas da direção do parque, com quem, segundo ela, já mantém uma relação de “perfeito entrosamento”.
O coordenador da Regional 5 do ICMBio, Daniel Castro, que articula a gestão de unidades de conservação em parte do Ceará, Piauí, Maranhão e Tocantins, também participou do evento, juntamente com gestores de várias UCs da região.
Ele fez questão de destacar a importância do parque. “O Sete Cidades é um patrimônio nacional que merece o cuidado de todos, governo e sociedade. Pelos seus recursos, pelas suas características, deve ser considerado um bem natural único não só no Brasil, mas do mundo”, comentou Daniel.
O parque
O Parque Nacional de Sete Cidades preserva um dos mais importantes sítios arqueológicos do Brasil, com monumentos geológicos e vasto acervo de inscrições rupestres. Tem esse nome por causa dos diferentes grupos de rochas que, separados entre si, parecem formar pequenas “cidades”. O local é propício para trilhas de aventura entre as rochas.
Já foram avistados no interior da unidade animais como onça-parda, gatos-do-mato, cachorro-do-mato, veado-mateiro, tucano, falcão tropical e paca, com destaque para uma espécie que marca fortemente sua presença, o mocó, roedor habitante das tocas existentes nas rochas areníticas dos monumentos geológicos do local. O currupião e o xexéu são aves que também chamam a atenção.
No geral, a vegetação característica é de transição entre o cerrado e a caatinga, onde se encontram espécies como o murici, o pau-terra, as palmeiras, o buriti, a carnaúba e o tucum. O parque tem ainda numerosas plantas importantes para a alimentação da fauna local, tais como a mangabeira, a guabiroba, o pequizeiro e o bacurizeiro.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280