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No Dia Mundial do Meio Ambiente, tocha visita Noronha
Nesta semana, chama olímpica passará ainda pela APA Delta do Parnaíba e pelo Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí. Até chegar ao Rio, terá percorrido 12 UCs
Brasília (06/05/2016) - "Senhores passageiros, sabemos que a paisagem é deslumbrante, mas, por favor, continuem sentados". O apelo é rotina dos comissários dos voos que ligam as capitais nordestinas ao paradisíaco arquipélago de Fernando de Noronha, no litoral de Pernambuco. Quando surgem as ilhotas cercadas de um mar pontilhado por todas as cores, é instintivo procurar o melhor ângulo para a foto.
Foi nesse clima que o fogo símbolo dos Jogos Rio 2016 desembarcou na ilha e passou pelo Parque Nacional (Parna) e pela Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha, numa data muito especial: o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado neste domingo (5).
A tocha foi carregada, entre outros, pelo servidor Gilvânio Ferreira da Silva, que representou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiveridade (ICMBio). As unidades do Instituto no arquipélago aproveitaram a passagem do fogo símbolo dos Jogos Olímpicos Rio 2016 para comemorar, também, os 30 anos da APA. A atividade envolveu alunos da escola local.
Na véspera, antecipando o evento da chama olímpica, a base avançada do projeto Tamar soltou uma ninhada de filhotes de tartarugas marinhas durante o pôr do sol na Praia do Bode.
Nesta semana, a tocha volta a passar no interior de unidades de conservação geridas pelo ICMBio - a APA Delta do Parnaíba, na tarde desta quarta-feira (9), e o Parque Nacional de Sete Cidades, na manhã da quinta-feira (10), que ficam no Piauí. Já no dia 13, a chama desembarca de helicóptero no Parque Nacional de Lençóis Maranhenses, no litoral do Maranhão.
No total, até chegar ao Rio de Janeiro, no dia 4 de agosto, para a solenidade de abertura das Olimpíadas, a tocha olímpica, que segue no revezamento por 329 cidades em todo o País, terá passado por 12 unidades de conservação (UCs) geridas pelo (ICMBio).
Antes de cruzar o parque e a APA de Fernando de Noronha, neste domingo, o comboio que transporta a tocha já passou pelo Parque Nacional de Brasília (DF), no dia 3 de maio, Parque Nacional Histórico do Monte Pascoal (BA), 19 de maio, e Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), 23 de maio. Clique aqui para ver como foi a passagem da tocha no Parque Nacional de Brasília.
A inclusão das unidades de conservação no trajeto da chama olímpica mostra, na visão de gestores do ICMBio, o reconhecimento e a valorização que a sociedade dedica às UCs, não só pelos serviços ambientais que elas oferecem, mas também por serem espaços símbolos da riqueza natural e cultural do Brasil, que merecem ser divulgados para todo o Mundo.
Eventos na ilha
Dona de uma natureza em estado bruto, repleta de vegetação, pássaros exóticos, formações rochosas imponentes e enseadas que parecem desenhadas à mão, a ilha de Fernando de Noronha presenciou uma sequência de eventos para celebrar a Semana do Meio Ambiente e, ao mesmo tempo, a passagem da tocha.
Debaixo de um céu azul, a chama começou seu trajeto por volta das 8h (7h no horário de Brasília) no Sueste, uma das baías mais exaltadas pelos visitantes. Como o mês de junho encerra o período de reprodução das tartarugas, diversas delas foram levadas pelos servidores do Tamar à praia, considerada um berçário natural da espécie, para emoldurar a passagem do fogo.
Golfinhos
Seguindo a linha do mar, o comboio atravessou a pequena extensão da ilha pela Transnoronha, menor rodovia federal, com 7 km de extensão. Na outra ponta do paraíso, na área de embarque do porto, a bióloga Zaira Matheus esperava ansiosa por seu momento de participar da celebração. Moradora do arquipélago desde 1999, a mergulhadora se entusiasma ao falar de sua atividade.
"Cada mergulho é uma emoção diferente. Temos uma água limpa, clara e aqui impera a abundância de espécies. Sem contar que é possível mergulhar em todas as estações", afirmou. Durante sua condução, Zaira tinha uma missão especial: ser anfitriã de um passeio em uma baía ocupada por golfinhos rotadores, que fazem, no ar, piruetas em formato de parafuso.
O barco que levava Zaira seguiu até as proximidades de Sela Gineta, uma das quatro ilhas secundárias de Noronha. Não demorou até as primeiras barbatanas surgirem. De repente, todos os barcos da expedição foram cercados por diversos desses animais, que faziam um sincronizado balé subaquático. "A idéia é o Brasil conhecer um pouquinho de Noronha e de seus ícones", disse ela.
Na Praia da Conceição, uma enseada de ondas fortes, ladeada pelo Morro do Pico, coube a um dos noronhenses mais carismáticos conduzir a chama. Corredor desde a adolescência, quando era escoteiro, Renê Jerônimo, de 75 anos, percebeu que havia muita doença e sedentarismo na ilha. Começou a estimular uma pessoa, depois outra e seguiu, até montar um grupo de corrida, o Coração Valente, hoje com 80 participantes. A comunidade também decidiu homenageá-lo e criou uma corrida de rua com o nome do morador – ocorre todo mês de agosto." Muita gente vai carregar essa tocha para sempre. Não a tocha em si, mas a irmandade que ela gera", acredita.
Enquanto Seu Renê se preparava para vencer os metros de areia que o aguardavam, o alemão Wolfgang Frank Pelouse, de 49 anos, filmava tudo com o celular. Casado com uma brasileira e morador do Rio de Janeiro há três anos, o consultor não perdeu a oportunidade de cumprimentar o condutor e até de fazer fotos com ele. "O dia está lindo e esse lugar é espetacular. A passagem da tocha traz alegria ao povo brasileiro e ajuda a unir o país", analisava.
Centro histórico
Depois de uma breve pausa para o almoço, a chama retomou sua peregrinação pelo centro histórico da ilha. O primeiro visitante a documentar sua parada no local foi Américo Vespúcio, em 1502. Relíquias arquitetônicas dos tempos de colônia ainda são vistas em uma simples caminhada. Um deles é o Forte Nossa Senhora dos Remédios, construído em 1737 sobre ruínas do reduto holandês.
Do alto de suas paredes de pedra, avista-se uma baía espetacular, de barcos brancos contrastando com o azul profundo das águas. Mais adiante, a chama percorreu a praça em frente à Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, erguida no mesmo ano em que se iniciou a construção do forte. Outro ponto de interesse é o Palácio de São Miguel, edificação erguida sobre o antigo presídio localizado na ilha, hoje sede administrativa de Fernando de Noronha.
O trecho final do percurso foi feito pela Transnoronha, até chegar à Capela de São Pedro, igrejinha branca, com porta de madeira, debruçada sobre o Mar de Fora, porção oceânica voltada para o continente africano. Quem levou a tocha até lá foi Ademir Ventura, de 28 anos. Funcionário de uma ONG local dedicada à proteção de golfinhos rotadores e atleta amador, ele destacou a importância da visita da chama para o trabalho ambiental feito na ilha.
"A passagem da tocha trouxe seres humanos e animais juntos para o centro da discussão sobre a sustentabilidade no planeta", salientou. Nos metros finais de seu percurso, o noronhense deu saltos acrobáticos com a tocha nas mãos, até encerrar a missão ao lado dos outros condutores, sob a bênção do padroeiro da capela. "Foi pura emoção, instinto, extravasei toda a emoção que estou sentindo", relatou.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações da Ascom do Ministério do Esporte (Mariana Moreira)