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Nascem quatro filhotes de pato-mergulhão
Publicado em
16/08/2018 18h22
Atualizado em
17/08/2018 14h07
O projeto de reprodução da espécie começou a ganhar forma em 2012, com a criação do PAN (Plano Nacional de Conservação) do pato-mergulhão.
O Zooparque Itatiba registrou a primeira reprodução por meio natural de pato-mergulhão sob cuidados humanos no mundo. Quatro filhotes nasceram no dia 8 de julho, de ovos incubados pela primeira vez pelos próprios pais. O pato-mergulhão é uma das aves aquáticas mais raras e ameaçadas do mundo, com menos de 250 indivíduos na natureza. O Zooparque Itatiba é a única instituição no mundo que mantém essa espécie sob seus cuidados.
O nascimento destes filhotes representa mais uma conquista para o PAN Pato-Mergulhão, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com o apoio de diversas insituições parceiras como o Zooparque, que buscam a reprodução da espécie, que já ganhou título de símbolo das águas do Brasil.
O sucesso reprodutivo foi possível graças aos esforços da Associação Natureza do Futuro, que tem sua sede no Zooparque Itatiba e desenvolve ativamente projetos focados na conservação de espécies ameaçadas da fauna nacional. Seu objetivo principal é a conservação do pato-mergulhão, sendo este um dos mais importantes projetos de conservação de espécies ameaçadas do país.
O primeiro objetivo desse trabalho foi possibilitar o nascimento de indivíduos dessa espécie no zoo, proporcionando o aumento de sua população. A amostragem definida para o início da reprodução foi de cinco casais formados. Após esses pareamentos, ocorreram as primeiras posturas e os primeiros nascimentos de pato-mergulhão em um ambiente sob cuidados humanos, em 2017.
O Zooparque tem hoje 21 patos-mergulhões adultos. Até então, todos os indivíduos nascidos no zoo foram criados de maneira artificial, utilizando-se da infraestrutura de maternidade existente na instituição. Os ovos foram incubados artificialmente e os filhotes, criados manualmente. Neste ano, três casais fizeram a postura de ovos no zoo e, diferentemente do ano anterior, o processo de incubação ficou totalmente a cargo dos pais. Esta é a primeira vez que os casais foram responsáveis por todo o processo de reprodução.
PAN Pato-mergulhão
O projeto do pato-mergulhão começou a ganhar forma em 2012, com a criação do PAN (Plano Nacional de Conservação) do pato-mergulhão, instituído pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com monitoramento de um grupo de trabalho formado por órgãos do governo e instituições não-governamentais. Desde 2017, está em vigor o 2º Ciclo do PAN do pato-mergulhão, cujo responsável é o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave). O PAN conta com a parceria do Zooparque Itatiba e a Associação Natureza do Futuro, que desempenham um papel fundamental. Como parte da metodologia de trabalho, foi designada a essas duas instituições realizar o manejo e a reprodução desta espécie. Assim, teve início o projeto de conservação do pato-mergulhão no Zooparque Itatiba. A base desse projeto foi realizar a coleta de ovos em ambiente natural para serem incubados posteriormente no zoo. Esses ovos foram escolhidos para a coleta científica no Jalapão (TO), em Patrocínio (MG) e na Serra da Canastra (MG) por se tratarem de ovos que não teriam chances de eclosão.
O sucesso reprodutivo do pato-mergulhão demostra a importância da reprodução de espécies ameaçadas sob cuidados humanos. O foco principal de todo esse projeto é o aumento da população dessa ave, possibilitando, futuramente, a reintrodução das gerações nascidas no zoo em seu habitat natural. Para Alexandre Resende, veterinário do Zooparque, o nascimento desses filhotes junto à mãe é um indicativo de que, embora criados sob cuidados humanos, eles podem sobreviver em seu habitat natural. “Como foram criados longe dos pais naturais, tínhamos a dúvida de que seriam bons pais, já que estes não estavam por perto para ensiná-los. Foi provado agora que não teremos problema quanto a isso”, justificou.
Essa futura reintrodução poderá dar uma sobrevida a essa espécie criticamente ameaçada. Para Robert Kooij, diretor do Zooparque, o nascimento de mais uma geração de patos-mergulhões é apenas a primeira etapa desse grande projeto. “Um projeto dessa relevância mostra como os zoológicos são importantes na conservação da fauna brasileira. Através da reprodução dessas espécies ameaçadas é possível ter um aumento em sua população e, futuramente, com parcerias, possibilitar a reintrodução dessas gerações nascidas sob cuidados humanos”, afirmou.
No Zooparque, os patos-mergulhões são mantidos em recintos fechados à visitação, em uma área de 100 m2 para cada casal, lagoa artificial de água corrente, vegetação e ninho em tronco de madeira e cavidades naturais nos recintos. São monitorados por câmeras 24 horas por dia. A alimentação é balanceada com ração e alevinos de lambaris vivos colocados nas lagoas para estimular o comportamento natural da espécie. Os visitantes podem vê-los através de um centro audiovisual instalado na maternidade.
Ave aquática mais ameaçada do mundo
O pato-mergulhão é uma das aves aquáticas mais ameaçadas do mundo, considerada criticamente em perigo de extinção em nível global segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Segundo informações, existem menos de 250 aves em vida livre e esse número está diminuindo. A espécie só é encontrada em regiões da Serra da Canastra (MG), Patrocínio (MG), Chapada dos Veadeiros (GO) e no Jalapão (TO), em áreas com unidades de conservação, geridas pelo ICMBio.
A ave depende de águas limpas e transparentes porque se alimenta somente de peixes, e por isso precisa ter boa visibilidade debaixo d’água para conseguir mergulhar e caçar, daí o nome pato-mergulhão. Os mergulhões gostam de rios com corredeiras e vegetação nas margens, e são extremamente afetados pela degradação das águas. Por este motivo são considerados bio-indicadores: a presença da espécie indica que aquele ecossistema está em equilíbrio.
Devido à grande importância da conservação desta espécie, o pato-mergulhão recebeu, no 8º Fórum Mundial da Água, em março deste ano, em Brasília, o título de "símbolo das águas do Brasil". Quando se fala na conservação do pato-mergulhão fala-se na conservação de toda a biodiversidade e na conservação das principais nascentes dos rios que abastecem a população.
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*Com informações do Brasil Fashion News.
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