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Mutirão retira 80 kg de lixo das praias de Noronha
Pesquisas apontam que grande parte dos detritos vem de outros países e continentes, trazida pelas correntes marinhas
Brasília (04/08/2016) – Servidores e voluntários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), turistas e funcionários da Econoronha Concessionária acabam de promover mutirão de limpeza nas praias do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE). “Havia grande quantidade de fragmentos de plástico, que, embora de difícil visualização, é muito prejudicial à natureza”, disse Paula Padua, voluntária do ICMBio.
No total, foram retirados aproximadamente 80 quilos de lixo, dos quais 41 foram provenientes da Trilha do Capim Açu e da Praia do Leão. Em Abreus, foram coletados 8,5 quilos; em Sueste, 6 quilos; no Buraco da Raquel, 21 quilos; e, por fim, em Caieiras, 3 quilos. A ideia é que novos mutirões sejam realizados para retirar os detritos que ainda se acumulam nessas praias, como boias de garrafas plásticas e chinelos que atracaram nas pedras e ainda não puderam ser removidos.
Há muito tempo o oceano serve de depósito para todo tipo de resíduo produzido pelo homem, inclusive materiais radioativos e tóxicos. Lixos marinhos podem se aglomerar e viajar longas distâncias por meio de correntes oceânicas e ventos, podendo causar inúmeros impactos na vida marinha. Para se ter uma ideia em números, segundo pesquisas em atóis do Havaí, mais de 73 mil quilos de lixo marinho foram recolhidos entre 2001 e 2003, sendo que a maioria (72%) era constituída por plásticos.
Estudo
Em abril de 2015, um grupo de pesquisadores do ICMBio, formado por Thayná Mello, Eduardo Macedo, Rafael Levy e Carlos Vinicius, mapeou a ocorrência de lixo marinho associada ao sargaço (tipo de alga) no arquipélago de Fernando de Noronha. Foram organizados mutirões para coletar os resíduos sólidos trazidos por estas algas em três praias (Atalaia, Sueste e Caieras). Para identificar a origem das amostras coletadas, foram separados os resíduos que traziam algum tipo de informação, como rótulos, códigos de barras e nome do produto. Em seguida, eles foram agrupados de acordo com o tipo de material da embalagem.
Nesse esforço, 71 embalagens tiveram sua origem identificada. Destas, 59 eram de plástico (83%), 10 de alumínio (14%) e 2 de Tetra-Pack (3%). Foram encontrados sandálias e chinelos, potes de produtos cosméticos, garrafas plásticas, latas de alumínio, apetrechos de pesca, entre outros objetos. E nada menos que 24 países de origem foram registrados, entre asiáticos (China, Turquia, Taiwan, Cingapura, Índia, Indonésia, Coréia do Sul, Malásia e Emirados Árabes Unidos), africanos (Costa do Marfim, Senegal, Guiné, Marrocos, Congo e Serra Leoa), europeus (Espanha, Irlanda, Alemanha, França, Grécia e Inglaterra), e americanos (Estados Unidos e Brasil).
O estudo concluiu que as praias do chamado “mar de fora” foram as mais afetadas, apresentando uma quantidade muito maior de lixo marinho do que as do “mar de dentro”, o que confirma a influência de correntes de superfície no transporte do lixo marinho flutuante.
Para minimizar os impactos desses dejetos no oceano, a pesquisa aponta que “acordos internacionais são de extrema urgência e importância, e tratados existentes devem ser postos em prática com o real intuito de diminuição de impactos nos ecossistemas marinhos do mundo todo”.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280