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Mutirão combate espécie invasora no Parque de Brasília
Além da contaminação biológica, gramínea africana favorece incêndios
Brasília (16/05/2012) – O Parque Nacional de Brasília, gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acaba de realizar mutirão de controle da espécie invasora Andropogon gayanus. A gramínea africana, introduzida no Brasil como forrageira no início dos anos de 1970, chama a atenção pela intensidade do seu processo de contaminação biológica no local. O mutirão teve como propósito reduzir a disseminação dessa invasora nas áreas já infestadas.
A analista ambiental Christiane Horowitz afirmou que a tarefa foi concentrada ao longo das estradas e trilhas que acessam e cruzam as zonas intangível (não é permitida a entrada de pessoas) e primitiva (de mínima intervenção humana) do parque e, também, em áreas contíguas a uma mancha de campo rupestre conservada no interior da UC. “As atividades consistiram em cortar os pendões de inflorescências das touceiras de Andropogon antes da maturação de suas sementes”, disse.
O mutirão contou com as brigadas de incêndio do ICMBio que atuam no Parque Nacional de Brasília e na Reserva Biológica da Contagem e foi realizado entre os dias 8 e 12 de maio. Sob o comando do analista ambiental Mateus Sonego, os brigadistas, equipados com foices e facões, percorreram mais de 48 quilômetros de estrada e cerca de 25 hectares adjacentes ao campo rupestre.
“O controle de gramíneas exóticas invasoras deve se inserir entre as atividades de prevenção de incêndios em Unidades de Conservação, sobretudo, nas de Proteção Integral situadas no bioma Cerrado. No caso do Parque, houve redução de material combustível em uma área crítica, onde não há registro de incêndios desde 2007. A limpeza da massa de Andropogon ao longo das estradas é uma forma de aceiro de proteção contra fogo”, afirmou Sonego.
Importância do controle
O analista ambiental Alexandre Sampaio salientou a importância do controle de gramíneas invasoras devido à rápida expansão das áreas infestadas, mesmos em áreas de campo rupestre, vegetação única no parque.
A professora Heloísa Miranda, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), disse que a presença das gramíneas exóticas altera o comportamento e o efeito do fogo, agravando seu impacto sobre a vegetação do cerrado. Estudos realizados pela professora demonstram que as queimadas em áreas de cerrado com predomínio de gramíneas exóticas liberam mais calor por metro quadrado, pois a biomassa em excesso dessas espécies aumenta a carga de combustível disponível no estrato rasteiro.
Além disso, o experimento do doutorando Marcelo Silva Marinho, conduzido no Parque Nacional de Brasília, sob orientação da professora Heloísa Miranda, levantará informações inéditas sobre a resposta do Andropogon gayanus às queimadas. Os dados indicam que o fogo favorece a dinâmica de invasão dessa espécie. Assim, há a necessidade de se associar as ações de prevenção de incêndios às de controle de gramíneas exóticas invasoras.
Ao final do mutirão, o chefe do Parque Nacional de Brasília, Amauri Motta, enfatizou a importância dos trabalhos. “A partir dessa iniciativa abrimos caminho para a prática de esforços conjuntos em prol de ações de manejo e proteção que se integram e complementam”, afirmou ele.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9291