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Monitores da biodiversidade compartilham experiências
Publicado em
03/07/2019 20h02
Atualizado em
03/07/2019 20h10
Instituto Ipê e ICMBio promoveram o II Seminário de Construção Coletiva de Aprendizados e Conhecimentos.
Participantes do II Seminário de Construção Coletiva de Aprendizados e Conhecimentos. (Foto: Daniele Bragança)
Raimunda de Jesus Soares foi a primeira mulher a trabalhar como monitora de biodiversidade dentro da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará. A novidade movimentou a fofoca entre os moradores. “Tem gente que não entende uma mulher estar no meio de tantos homens”, disse, provocando a curiosidade da plateia que participou do II Seminário de Construção Coletiva de Aprendizados e Conhecimentos, promovido pelo Instituto Ipê e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na semana do meio ambiente.
Raimunda de Jesus Soares foi a primeira mulher a trabalhar como monitora de biodiversidade dentro da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará. A novidade movimentou a fofoca entre os moradores. “Tem gente que não entende uma mulher estar no meio de tantos homens”, disse, provocando a curiosidade da plateia que participou do II Seminário de Construção Coletiva de Aprendizados e Conhecimentos, promovido pelo Instituto Ipê e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na semana do meio ambiente.
A história de Raimunda – que faz parte do monitoramento e cuida das fichas das casas, onde aplica os questionários para saber o que a população local anda caçando –, é uma de pelo menos uma dúzia de monitores que saíram de suas comunidades localizadas na Amazônia, dentro ou fora de unidades de conservação (UCs), para relatar suas experiências na capital do país.
Acostumados desde sempre a andar no mato, conhecedores como poucos do próprio território, treinados por pesquisadores e gestores para preencher fichas, catalogar espécies, medir troncos de árvores ou cuidar das armadilhas fotográficas, os monitores que participam do Projeto de Monitoramento Participativo da Biodiversidade, iniciativa do ICMBio – em conjunto com o Instituto Ipê –, lidam diariamente com os desafios de fazer parte do grupo “da conservação”, sendo do “time dos moradores”. Os dois chapéus não são incompatíveis, relatam os monitores, se a pessoa passar por cima dos próprios preconceitos.
Os monitores relatam que às vezes são confundidos com os servidores do órgão ambiental. Quando o monitor vai fazer o monitoramento, a população não nos vê como monitores, mas como funcionários do ICMBio, relata Jackiel Cássio, monitor no Parque Nacional do Tumucumaque, no Amapá, onde trabalha desde 2014. A unidade é o maior parque do país, com 38.651,885 km².
Socó é monitor de ninhos de tartarugas desde 2003. Entre setembro e janeiro, se muda para as praias formadas com a baixa do rio para proteger os ninhos de tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), do tracajá (Podocnemis unifilis) e do pitiú (Podocnemis sextuberculata). Os monitores do Projeto Quelônios do Rio Trombetas não recebem salário, só uma ajuda de custo com gasolina, equipamento e uma cesta básica completa por mês pelo trabalho voluntário.
As UCs cumprindo seu papel
O monitoramento participativo é um tronco dentro de um projeto maior, o MONITORA, que visa coletar dados para responder se aquela unidade está realmente protegendo o que deveria proteger. Atualmente, cerca de 90 unidades de conservação federais promovem algum tipo de monitoramento da biodiversidade. Desse total, 17 realizam o participativo.
O ICMBio não separa o monitoramento realizado por pesquisadores do que é realizado pelos comunitários de dentro ou do entorno. Todos são participativo, o grau de envolvimento é o que muda.
O Instituto Ipê ajudou o ICMBio ao testar novos procedimentos e ferramentas para tornar o monitoramento aplicável, ao mesmo tempo que respeita as realidades locais. O grande desafio era como esses dados, gerados localmente, poderiam ser avaliados conjuntamente com outros dados. Após 6 anos de trabalho, tanto o ICMBio quanto o Instituto Ipê consideram que chegaram ao termo satisfatório. Os monitores sabem como coletar as informações, o armazenamento já existe, e os resultados, em algumas UCs, já existem.
As unidades de conservação de uso sustentável protegem biodiversidade, inclusive espécies ameaçadas e espécies cinegéticas. Segundo a Kátia Torres, coordenadora-geral de Pesquisa e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, essas informação serve inclusive para quem tem a concessão de direito real de uso das terras, que são as comunidades tradicionais, que prestam um serviço de conservação.
Para Suzana Pádua, presidente do Instituto de Pesquisas Ecológica (IPÊ), os dados em si do monitoramento não são o aspecto mais importante, mas sim o de empoderar o indivíduo no processo de proteção da área.
* Com informações de O ECO
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados:
Comunicação ICMBio
(61) 2028 9280
As unidades de conservação de uso sustentável protegem biodiversidade, inclusive espécies ameaçadas e espécies cinegéticas. Segundo a Kátia Torres, coordenadora-geral de Pesquisa e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, essas informação serve inclusive para quem tem a concessão de direito real de uso das terras, que são as comunidades tradicionais, que prestam um serviço de conservação.
Para Suzana Pádua, presidente do Instituto de Pesquisas Ecológica (IPÊ), os dados em si do monitoramento não são o aspecto mais importante, mas sim o de empoderar o indivíduo no processo de proteção da área.
* Com informações de O ECO
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados:
Comunicação ICMBio
(61) 2028 9280