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Lobos e leões marinhos são registrados na região sul
Publicado em
10/08/2018 18h35
Apesar da ocorrência dessas espécies no litoral brasileiro, as colônias reprodutivas mais próximas estão localizadas no Uruguai e na Argentina.
Nos últimos dias, a APA da Baleia Franca tem recebido ligações de turistas e moradores das praias alertando para a presença de lobos marinhos nas praias da Unidade de Conservação. A presença de lobos e leões marinhos na costa sul do Brasil, durante o inverno e a primavera, é um fenômeno natural e está ligado ao ciclo de vida dessas espécies. Os lobos e leões marinhos, assim como as focas e as morsas, são mamíferos marinhos pertencentes ao grupo dos Pinípedes que, diferentemente dos golfinhos e das baleias, utilizam o ambiente terrestre para realizarem algumas atividades como troca de pelo, reprodução, cuidado dos filhotes e descanso.
As principais espécies de Pinípedes que ocorrem na costa brasileira são: o lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) e o leão-marinho-sul-americano (Otaria flavescens). Apesar da ocorrência dessas espécies no litoral brasileiro, as colônias reprodutivas mais próximas estão localizadas no Uruguai e na Argentina. No Brasil existem somente dois locais de concentração invernal para descanso: o Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos localizado na cidade de Torres (RS) e o Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste situado na cidade de Rio Grande (RS).
O período de acasalamento e de nascimento dos filhotes para ambas as espécies ocorre durante o verão. Após o período de reprodução e troca de pelo os animais deixam as colônias reprodutivas. Este período é denominado de dispersão pós-reprodutiva e refere-se a etapa do ciclo de vida a qual os animais abandonam as colônias à procura de alimento. Em virtude do sul do Brasil ser uma importante área de alimentação para estas espécies é comum observamos a presença de alguns indivíduos descansando nas praias gaúchas e catarinenses durante o inverno e a primavera. A predominância de indivíduos machos adultos e juvenis de ambos os sexos, deve-se ao fato das fêmeas adultas permanecem próximo às colônias para cuidar dos filhotes.
Durante esse período as fêmeas realizam curtos deslocamentos para se alimentarem, retornando à colônia para amamentarem seus filhotes. O desmame dos filhotes ocorre entre os meses de julho a novembro após um período de amamentação que varia de 8 a 12 meses.
A partir desse momento os filhotes começam a abandonar as colônias reprodutivas em busca de alimento. Durante essa fase de transição entre o ambiente terrestre e marinho é comum utilizarem as praias do litoral sul brasileiro para descansarem. No entanto, por se tratar de uma etapa crítica do ciclo de vida, na qual o animal passa a não depender mais da mãe para se alimentar, alguns podem ter dificuldade de procurar seu próprio alimento e acabam debilitados. Embora a presença desses animais nas praias do sul do Brasil seja considerada um evento natural, flutuações interanuais podem ser observadas.
Tais variações no número de animais podem estar atreladas a fatores demográficos e ambientais. Em anos com maior número de nascimentos, por exemplo, a tendência é que mais filhotes sejam observados nas praias comparado com anos com menor número de nascimentos. Outra explicação pode estar atrelada as variações interanuais na disponibilidade de alimento devido a fatores climáticos como o El Niño e a La Niña.
Independentemente das variações interanuais que são observadas, o ciclo de vida anual dessas espécies não se altera. Isto significa que a cada inverno e primavera teremos a possibilidade de ver esses animais retornando às praias do sul do Brasil. É importante ressaltar que o ambiente praial faz parte do habitat dos Pinípedes e, portanto, eles costumam ficar bem à vontade na praia, geralmente deitados com as nadadeiras junto ao corpo, em alguns casos podem ficar se esfregando na areia ou até mesmo sentados se coçando.
Apesar de não serem agressivos, quando coagidos podem representar risco à segurança. Portanto, ao ver um lobo marinho na praia é fundamental manter distância. Além de preservar a segurança, esse distanciamento permite que o animal descanse em paz e assim recupere suas energias para retornar ao ambiente marinho. Caso algum animal se encontre ferido, entrar em contato com a APA da Baleia Franca ou com o Programa de Monitoramento de Praias realizado pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) ou pelo Instituto Australis/Projeto Baleia Franca.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280
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