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Programa Papagaios do Brasil é lançado em evento no Paraná
Objetivo é unir os vários projetos conservacionistas do País para combater o tráfico de aves, em especial as seis espécies de papagaios em risco de extinção. Cemave reforça a iniciativa
Brasília (09/11/2017) – O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior do mundo. Fica atrás apenas do tráfico de drogas e armas. As aves correspondem a 80% das apreensões do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Dentro desse grupo, os papagaios estão entre as espécies mais vulneráveis, muito procurados como animais de estimação.
Para evitar a retirada de papagaios da natureza por meio do combate ao tráfico, foi lançado na quarta-feira (8), durante o 1º Simpósio Internacional de Conservação Integrada, no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), o Programa Papagaios do Brasil. A exibição de um vídeo sobre os papagaios brasileiros marcou o lançamento do programa, que também divulgou uma
página no Facebook
.
O programa integra ações de conservação de seis espécies de papagaios com diferentes graus de ameaça: papagaio-verdadeiro (
Amazona aestiva
), papagaio-charão (
Amazona pretrei
), papagaio-de-peito-roxo (
Amazona vinacea
), papagaio-de-cara-roxa (
Amazona brasiliensis
), papagaio-chauá (
Amazona rhodocorytha
) e papagaio-moleiro (
Amazona farinosa
).
As espécies habitam diferentes biomas do país e, além do tráfico, enfrentam a redução do seu hábitat. “As seis espécies são contempladas pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios, o PAN Papagaios, que engloba um conjunto de atividades voltadas ao combate das principais ameaças a esses animais”, explica Patricia Serafini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Elenise Sipinski, coordenadora do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, realizado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), afirma que a união dos de diferentes instituições garante resultados mais efetivos na conservação da natureza.
O projeto atua desde 1998 no litoral paranaense e litoral sul de São Paulo, áreas onde a espécie ainda é encontrada. “Infelizmente ainda há pessoas que compram papagaios silvestres e financiam esse tipo de crime. Com o Programa Papagaios do Brasil, pretendemos mostrar que a biodiversidade é nosso maior patrimônio”, comenta Sipinski.
O Programa Papagaios do Brasil conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e realização da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Parque das Aves, Fundação Neotrópica, Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) e ICMBio/Cemave.
O programa segue as diretrizes do PAN Papagaios e tem ações previstas até 2021, entre atividades de educação para conservação da natureza, pesquisas e participação de instituições públicas e privadas. Leia, abaixo, mais informações sobre as seis espécies incluídas no Programa Papagaios do Brasil.
Papagaio-de-cara-roxa
O papagaio-de-cara-roxa vive em uma estreita faixa do bioma Mata Atlântica que se estende do litoral do Paraná ao Litoral Sul de São Paulo. Desde 1998, a SPVS desenvolve o Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa, monitorando anualmente a população da espécie e realizando atividades de manejo e educação para conservação com as comunidades locais. Com ações como a instalação de ninhos artificiais de madeira e PVC, que suprem a falta de ocos de árvores, houve um crescimento na população nos últimos anos.
Em 2014 a situação do papagaio-de-cara-roxa saiu de “vulnerável” para “quase ameaçado” na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. No entanto, o alerta de conservação da espécie permanece, devido à destruição de seu habitat natural e à grande quantidade de papagaios capturados para serem vendidos de forma ilegal.
Papagaio-verdadeiro
No Brasil, a espécie mais conhecida de papagaio é o papagaio-verdadeiro. Essas aves habitam o Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país. Sua popularidade se deve, principalmente, à sua habilidade para imitar a fala humana. Por esse motivo, a espécie é a mais traficada para o comércio ilegal. Mais de quatro mil papagaios-verdadeiros já foram apreendidos pelos órgãos fiscalizadores desde 1988. Para conservar a espécie e seu habitat natural, o Projeto Papagaio-verdadeiro pesquisa e monitora filhotes desde 1997. O projeto realiza a contagem de indivíduos em dormitórios para estimar a população nacional, além de atividades de educação e sensibilização com crianças, moradores do entorno de áreas naturais e turistas para combater o tráfico.
Papagaio-charão
O papagaio-charão vive nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, nas florestas com araucárias, onde se alimenta das sementes do pinheiro-brasileiro. Essa espécie é uma das menores entre os papagaios do país. Entre as ações desenvolvidas para conservação da espécie, a Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) tem incentivado proprietários de terras na criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), estratégia que garante a perpetuidade da preservação de áreas naturais e protege o habitat do papagaio-charão. O Projeto Charão pesquisa e monitora os papagaios, além de promover a educação para conservação da natureza nas cidades em que a espécie é encontrada.
Papagaio-de-peito-roxo
O papagaio-de-peito-roxo era encontrado frequentemente em várias regiões do bioma Mata Atlântica, do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul. Mas a diminuição de áreas de florestas bem conservadas reduziu drasticamente a população da espécie. Em 2014 a Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) e o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Passo Fundo (ICB/UPF) realizou a primeira avaliação nacional do tamanho da população dos papagaios-de-peito-roxo. Além de ações de pesquisa e coleta de dados, caixas-ninhos também são instaladas pelo projeto para suprir a falta de ocos de árvores nativas e auxiliar na reprodução da espécie.
Papagaio-chauá
O papagaio-chauá vive nas florestas úmidas da faixa litorânea do país. Na Mata Atlântica é encontrado desde o estado de Alagoas até o Rio de Janeiro e algumas regiões de Minas Gerais. O status populacional da espécie é um dos menos conhecidos, o que torna ainda mais relevantes as iniciativas de conservação. O Projeto de Conservação do Papagaio-chauá é executado pela Fundação Neotrópica do Brasil e pelo Parque das Aves, que realizam pesquisas sobre a ave e atividades de educação para conservação. Em parceria com instituições e comunidades locais, o projeto incentiva a geração alternativa de renda com menor impacto aos ambientes naturais.
Papagaio-moleiro
O papagaio-moleiro é o maior papagaio brasileiro, medindo cerca de 40 cm de comprimento. Pode ser encontrado em florestas mais densas da Amazônia, Bahia, São Paulo e no leste de Minas Gerais. A principal ameaça à espécie é a captura ilegal para criação em cativeiro. Devido a sua personalidade dócil, os papagaios-moleiros são muito procurados como animais de estimação, o que tem contribuído para uma diminuição drástica da população, principalmente na Bahia.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações do Cemave (Patrícia Serafini)