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IUCN alerta sobre risco de extinção de quelônio brasileiro
O cágado-de-hogei, endêmico do rio Paraíba, aparece na nova lista vermelha mundial como criticamente ameaçado, último passo antes de ser considerado extinto na natureza
Brasília (05/09/2016) – Um quelônio (animal com casco) brasileiro,
o cágado-de-hogei, ou cágado-do-Paraíba (
Mesoclemmys hogei
)
, que tem esse nome justamente por ser endêmico (exclusivo) do rio Paraíba, entre o Rio de Janeiro e o sul de Minas, foi classificado como criticamente ameaçado na nova lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
A lista foi divulgada ontem (domingo, 04), durante o Congresso Mundial para a Conservação, que está sendo promovido pela entidade no Havaí. Na análise anterior, o cágado-de-hogei estava em perigo. Criticamente ameaçado é o último passo antes de ser considerado extinto na natureza. Segundo o relatório, dez das 18 sub-populações do animal conhecidas desapareceram nos últimos 40 anos.
O cágado-de-hogei vive em áreas baixas do rio Paraíba e vem sendo afetado pela destruição de habitat. Ele está incluído no
Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Espécies Aquáticas da Bacia do Rio Paraíba do Sul
, coordenado por dois centros de pesquisa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio): o Cepta (peixes continentais) e o RAN (répteis e anfíbios).
Gorilas
Ainda segundo o relatório da IUCN, quatro dos seis grandes macacos do mundo estão criticamente ameaçados de extinção. O caso mais simbólico é o do gorila oriental (Gorilla beringei), que na última versão da lista, em 2012, era considerado em perigo, agora passa a ser criticamente ameaçado, com a detecção de que houve uma redução de mais de 70% da população nos últimos 20 anos, principalmente por causa da caça ilegal. Estima-se que menos de 5.000 indivíduos de duas subespécies estão na natureza.
Também em situação criticamente ameaçada estão o gorila ocidental e os orangotangos de Borneo e de Sumatra. Chimpanzé e bonobos são os animais mais próximos dos seres humanos na linha evolutiva estão na categoria em perigo. “Estamos exterminando nossos parentes mais próximos”, declarou Inger Andersen, diretora geral da IUCN, durante entrevista coletiva à imprensa.
Abrangência
A mais abrangente lista deste gênero no mundo avaliou em sua mais recente edição as condições em que se encontram 82.954 espécies de animais e plantas no mundo, sendo que 23.928 delas estão em algum grau de ameaça. Segundo os organizadores, apesar de haver alguns casos de sucesso em que o nível de ameaça foi reduzido após ações de conservação, como combate à caça e recuperação dos habitats naturais, a situação geral é de piora.
“Nós estamos perdendo espécies em um ritmo cada vez mais rápido. Por isso é imperativo ter mais ações de conservação, mais políticas dos governos, mais pesquisas, leis e financiamento que permitam criar um ambiente favorável para as espécies”, alertou Inger.
De acordo com Carlos Rondinini, coordenador da parte do mamíferos do levantamento, hoje há 10 vezes mais espécies chegando perto da extinção do que aquelas que tiveram uma melhora de sua situação. “Ações de conservação funcionam, é claro, mas tem sido insuficientes. Precisam ser substancialmente aumentadas.”
Boa notícia
A boa notícia vem de um animal altamente icônico: o panda gigante (Ailuropoda melanoleuca), que na lista anterior era listado como em perigo agora aparece como vulnerável. O mérito, dizem os organizadores da lista, é do governo chinês, que promoveu ações para o controle da caça e recuperação de florestas de bambu, o alimento preferencial do animal. “Nós realmente não esperávamos por isso, mas é algo a se celebrar”, comentou Simon Stuart, da comissão para a sobrevivência das espécies, da IUCN.
Rondinini ressalta, porém, que pode ser um ganho temporário, visto que há previsões de que as mudanças climáticas podem reduzir em mais de 35% das florestas de bambu nos próximos 80, o que terá impacto direto na população de pandas. Por isso, diz, é fundamental aumentar as medidas para a proteção desse habitat.
Comunicação ICMBio – (61) 2028-9280 – com informações do Estadão Sustentabilidade