Especialistas debateram sobre uso de técnicas em áreas protegidas distritais.
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
Representantes de órgãos e entidades do Distrito Federal se reuniram ontem (10) para discutir o Manejo Integrado do Fogo (MIF) em áreas protegidas do Distrito Federal como a Área de Proteção Ambiental (APA) Cabeça de Veado, a Estação Ecológica de Águas Emendadas, o Parque Nacional de Brasília e a Floresta Nacional de Brasília e suas áreas adjacentes.
O encontro foi sediado no ICMBio, parceiro da iniciativa ao lado da Universidade de Brasília (UnB), Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal (Sema), Instituto Brasília Ambiental (Ibram), IBGE e Ibama Prevfogo. Participaram do workshop representantes do Corpo de Bombeiros, Grupo Ambientalista do Torto, Força Aérea, Marinha, Exército entre outros.
“O objetivo é discutir se as técnicas de manejo integrado de fogo podem ser aplicadas nas áreas do DF, especialmente a técnica de queima prescrita”, explicou a professora da Universidade de Brasília (UnB), Isabel Schmidt, que coordenou o evento. Segundo Isabel, o conceito do MIF ainda é incipiente no Distrito Federal e necessita de mais diálogo entre as instituições que estão envolvidas nas áreas protegidas distritais.
Durante o workshop os participantes tiveram contato com a experiência na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, que conseguiu, com a adoção do MIF, diminuir sensivelmente a intensidade dos incêndios florestais; a exemplo da APA e do Parque Estadual do Jalapão, que também alcançaram expressivos resultados.
Na segunda parte, eles foram divididos em três grupos para apontar razões e facilidades na implementação do MIF em cada agrupamento de áreas protegidas, bem como dificuldades e ações que poderiam ser realizadas.
Seca
Segundo a professora da UnB Isabel Schmidt, dois grandes eventos marcaram o entendimento de fogo no DF: 2010, com o incêndio no Parna de Brasília, que custou 34% do território à época e o de 2011, na APA Cabeça de Veado e Gama. Desde 2017, o DF acumula muito combustível, que é o material orgânico que tem o potencial de alimentar as chamas numa área, geralmente formado por folhas e capim secos.
Assim, a cada ano de seca, o DF enfrenta uma possibilidade maior de grandes incêndios. “As áreas estão muito homogêneas, com grande acúmulo de combustível, daí a necessidade de se discutir melhor o manejo integrado de fogo com todas as entidades gestoras das áreas protegidas do DF”, destacou a professora.
Fogo nem sempre é vilão
O Manejo Integrado do Fogo é um conjunto de técnicas que procuram diminuir o grau de destruição dos incêndios florestais. Um dos indicadores é o acúmulo de material combustível. Queimas prescritas são instrumentos para diminuir o volume de material combustível acumulado no solo. Elas são realizadas entre o final das chuvas e o início da seca, época de ocorrência do fogo natural causada pelos raios em áreas previamente mapeadas por especialistas. Dessa forma, o fogo é mais controlável e os danos são diminuídos.
Os especialistas procuram realizar um mosaico de queima a fim de não prejudicar a flora e especialmente a fauna local, mantendo locais onde eles podem encontrar alimento e abrigo, sem aumentar a pressão sobre uma determinada área. Assim, em caso de incêndio, as chamas encontrarão nesses mosaicos “barreiras” que diminuirão sua intensidade e facilitam o combate.
Porém, de acordo com a analista ambiental da Coordenação de Prevenção e Combate a Incêndios (COIN), Angela Garda, é necessária a clareza de que as queimas prescritas não significam manejo integrado do fogo. Segundo ela, o manejo integrado do fogo compreende uma gestão do conhecimento do fogo, o que inclui outras ferramentas como a conscientização.
Entender o fogo como aliado, inclusive, é uma dificuldade para implementação do manejo integrado do fogo pois ainda não há uma conscientização de que nem todo fogo no cerrado significa perigo, desde que feito com estudos, análises prévias e com o emprego de profissionais qualificados.
Comunicação ICMBio
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