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ICMBio repatria micos invasores de reserva em Pernambuco
Primeira leva será transferida para o Amapá nesta quarta-feira
Elmano Augusto
elmano.cordeiro@icmbio.gov.br
Brasília (08/04/2013) – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) inicia nesta quarta-feira (10), em parceria com o Ibama, a transferência de um grupo de micos-de-cheiro (Saimiri schiuro schiuro) da Reserva Biológica de Saltinho, em Pernambuco, para o Amapá. Os animais, típicos do bioma amazônico, são considerados invasores na reserva e têm provocado desequilíbrios ao ecossistema local.
Nessa primeira leva, serão repatriados oito animais. Eles foram capturados há alguns meses e estão mantidos em recinto apropriado na Rebio. Os micos teriam sido introduzidos há mais de 20 anos por acidente. Inicialmente, não passavam de seis indivíduos. Aos poucos, foram se reproduzindo e hoje já somam cerca de 300.
De acordo com o chefe da Reserva Biológica do Saltinho, Pedro Lins, os animais serão retirados da reserva às 14h e seguirão de carro até o Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, de onde embarcarão, à noite, em voo da TAM, para o Amapá. Lá, serão soltos em área de floresta.
A decisão de soltar os animais no Amapá foi tomada com base em estudos genéticos realizados por especialistas em primatologia da Universidade Federal do Pará. Os estudos, segundo Pedro Lins, indicaram que, embora os micos-de-cheiro habitem toda a Amazônia, os indivíduos capturados em Saltinho têm mais afinidades com o grupo que ocorre no território amapaense.
Problemas
Na reserva, a presença dos micos-de-cheiro têm causado problemas. Eles competem com espécies da fauna local, agindo como predadores, principalmente, do pintor-verdadeiro (Tangara Fastuosa), uma ave ameçada de extinção. “Eles atacam as aves, destróem os ninhos, comem os ovos, os filhotes”, diz Pedro Lins.
A operação de repatriação, que inclui captura, transferência e soltura, está sendo bancada com recursos de compensação ambiental repassados pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) do Governo do Estado de Pernambuco. Os recursos possibilitaram, entre outras coisas, a contratação do Instituto Monã, que apoia os trabalhos.
Pedro Lins disse que, após a transferência dos oito micos, o processo de retirada dos invasores vai continuar. Ele não quis fazer, no entanto, qualquer previsão sobre quando esse trabalho será encerrado. “É uma ação delicada, exige muita paciência, técnica e estudos. Como são 300 animais, ainda temos muita coisa pela frente”, concluiu.
A operação de transferência dos micos-de-cheiro foi determinada pela Justiça a partir de ação civil pública encaminhada pelo Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco. Na ação, o MPF pedia que o governo federal, por meio de seus órgãos ambientais, fizesse a retirada dos animais para evitar danos ao ecossistema da Rebio do Saltinho, um importante remanescente de Mata Atlântica no litoral do estado.
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