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ICMBio recebe dirigentes do Serviço Florestal Americano
Encontro reforça parceria, que conta ainda com a Usaid
Encontro reforça parceria, que conta ainda com a Usaid
Brasília (11/8/2015) - O presidente substituto e diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Marcelo Marcelino, acompanhado do diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação, Sérgio Brant, e do diretor substituto de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial, Leonardo Messias, recebeu na manhã desta segunda-feira (10) representantes do Serviço Florestal Norte-Americano (USFS, na sigla em inglês) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
Do lado americano, participaram da reunião o chefe do Serviço Florestal Americano, Tom Tidwell, a representante do Escritório de Programas Internacionais do Serviço Florestal Americano, Michelle Zweede, e Andrea Von der Ohe, também do USFS. Estiveram presentes ainda o pesquisador sênior do Serviço Florestal – Pesquisador visitante Embrapa, Michael Keller, a conselheira para assuntos ambientais da Embaixada dos Estados Unidos, Mary Townswick, o diretor da USAID/Brasil, Michael Eddy, e o represnetante do Programa de Meio Ambiente da USAID/Brasil, Alexandre Mancuso.
O objetivo do encontro foi fortalecer a parceria que vigora entre as três instituições – ICMBio, USFS e USAID –, que já permitiu a troca de conhecimentos e experiências entre os dois países sobre modelos bem sucedidos de gestão de áreas protegidas. De acordo com a agenda, o grupo deve conhecer, nos próximos dias, a Floresta Nacional do Tapajós , unidade de conservação administrada pelo ICMBio no Pará.
Importância da relação Brasil-EUA
Segundo o presidente substituto do ICMBio, Marcelo Marcelino, o Brasil e os Estados Unidos da América (EUA) têm muito a somar nesta área. "Estamos em um processo que é de fortalecer a marca do ICMBio no país, pois somos uma instituição jovem, com quase 8 anos de criação. Mas se tem algo a celebrar no contexto nacional é de o Brasil ter uma autarquia voltada exclusivamente para a agenda da gestão de áreas protegidas e conservação da biodiversidade", frisou Marcelino.
Para o chefe do Serviço Florestal Americano, Tom Tidwell, o importante é que a sociedade compreenda que é possível existir o manejo e a proteção. "E temos a oportunidade de aprender juntos, envolvendo a sociedade. Temos interesse em continuar trabalhando juntos, seja em novos cursos de formação e intercâmbios para a troca de experiências", reforçou Tidwell.
Segundo Tom, os Estados Unidos estão numa etapa "bem interessante" de gestão de suas florestas e parques, em que o planejamento se dá cada vez mais alinhado com a área ambiental e especialmente com o setor de conservação de áreas protegidas.
"Quando comparamos as massas florestais dos dois países – Brasil e EUA – vemos que o Brasil faz EUA parecer pequeno. Ter a USAID nesta parceria conjunta é estratégico para continuarmos trabalhando juntos", afirmou o chefe do USFS.
Participação no planejameto de obras
O presidente substituto Marcelino explicou ao grupo que na área dos grandes empreendimentos que causam significativo impacto ambiental houve avanços da participação já no estágio de planejamento da obra, a exemplo de setores como petróleo e gás. "Esperamos avançar ainda mais em relação a áreas como a de transportes, energia eólica e outros", explicou Marcelino.
O chefe do Serviço Florestal Americano, Tom Tidwell, destacou que lida com essa dinâmica nos EUA o tempo todo. "Compatibilizar desenvolvimento e conservação (com uso sustentável) está na berlinda de todos os países. Talvez possamos trabalhar juntos, fornecendo alguma capacitação, e aprendermos com nossas experiências conjuntas. Mas sei que o mundo caminha para a busca da não dependência das fontes de carbono", destacou Tidwell, fazendo o convite a nova parceria no campo da formação.
Para o diretor da USAID/Brasil, Michael Eddy, as trocas geradas pela parceria podem ser adotadas em outros continentes. "O Congresso dos EUA apoia esta parceria, o ICMBio é reconhecido e não teremos dificuldades em dar continuidade a esta parceria", explicou Eddy.
Visita à Flona do Tapajós
A equipe dos EUA visitará a Floresta Nacional do Tapajós, no Pará. O diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em UCs substituto, Leonardo Messias, explicou ao grupo que Tapajós é um exemplo bem sucedido de organização da cadeia produtiva. "Lá conseguimos trabalhar com a comunidade e houve investimentos na organização social das famílias, o que fez toda a diferença", explicou Messias.
Recentemente, segundo ele, foi concluído o levantamento de famílias em reservas extrativistas (Resex), reserva de desenvolvimento sustentável (RDS) e florestas nacionais (Flona). E um dado interessante da pesquisa foi que, quando perguntados se gostam de viver na floresta, em meio à biodiversidade da unidade de conservação, todos responderam que sim. "O desafio do ICMBio nesse contexto é manter essas famílias com seus modos de vida tradicionais, vivendo da terra e do extrativismo", disse Messias.
O diretor de Criação e Manejo de UCs, Sérgio Brant, destacou que, para isso o ICMBio vem trabalhando na criação de um conjunto de oportunidades de desenvolvimento para essas comunidades que vivem em regiões afastadas, mas que, ao mesmo tempo, querem se desenvolver, ter acesso a melhorias como energia, educação, saneamento, internet, entre outros serviços.
"Vivemos numa sociedade imediatista e temos que compatibilizar a execução de políticas muitas vezes de médio e longo prazos, pois são estruturantes, com as demandas dessas comunidades, que são de curto prazo. E isso se dá com planejamento", frisou Brant.
Parceria vem desde 2008
A parceria ICMBio-USFS-USAID remonta a 2008, quando o ICMBio e o USFS, com suporte financeiro da USAID, começaram a desenvolver uma estratégia de cooperação técnica. Entre os resultados, estão a oferta de bolsas de capacitação em cursos e eventos, a exemplo do seminário da Montana University e do curso de Verão de Manejo de Áreas Protegidas da Colorado State University (CSU), ambos oferecidos a servidores do ICMBio, além de viagens de intercâmbio de técnicos de ambas as instituições para a troca de experiências entre os dois países.
No período 2010-2011, por meio do Programa de Capacitação, destacaram-se o curso de Especialização em Uso Público, a formação de guarda parques e atividades de incremento da visitação nos parques nacionais, todos promovidos com o objetivo de aproximar as pessoas da gestão das áreas protegidas.
Pelo acordo de cooperação, cabe a cada instituição disponibilizar equipe técnica e planejar em conjunto o desenvolvimento dos trabalhos em campo, bem como a implantação dos projetos. Em grande parte, a experiência é trazida por representantes do USFS e adaptada para à realidade local pela equipe do ICMBio.
Outras atividades previstas na parceria são o desenvolvimento de documentos técnicos em temas como infraestrutura para visitação; segurança, qualidade e adoção de melhores práticas ambientais em esportes na natureza; e elaboração de guias ou manuais, como parte de um processo de aprimoramento do Guia dos Chefes de Unidades de Conservação, já existente no Brasil.
A Sand County Almanac
O título em português acabou ficando Pensar como uma Montanha, expressão do próprio Leopold, que se tornou um dos teóricos mais influentes do ambientalismo norte-americano do século XX, ao lado de Rachel Carson.