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ICMBio participa do Seminário Quilombola Nêgo Bispo
Seminário Quilombola em homenagem ao Nêgo Bispo - Foto: Mirtha Dandara/ICMBio GR4
O ICMBio esteve presente no Seminário Quilombola em homenagem ao Nêgo Bispo, autor do livro “A terra dá, a terra quer”, falecido no final do ano passado. O evento foi realizado na última sexta-feira (1º) na sede da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que organizou o Seminário, e contou com depoimentos de quilombolas, ressaltando os desafios da luta pelo território quilombola, entre eles a titulação, a segurança e o direito de viver.
A cultura e o modo de vida das comunidades dos quilombos contribuem para a preservação do meio ambiente, uma vez que estabelecem uma relação de respeito e comunhão com a terra, que também os liga à ancestralidade, saber que vem sendo passado através da oralidade a cada geração, conforme Nêgo Bispo destacava.
Os representantes de quilombos do Estado do Rio de Janeiro, organizados através da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ), protagonizaram o evento. A ACQUILERJ identificou 53 comunidades quilombolas no Estado do Rio e algumas delas estão sobrepostas ou nas proximidades de unidades de conservação federal.
Nessa perspectiva, Breno Herrera, gerente regional do ICMBio no Sudeste, apontou alguns desses casos como o Quilombo do Campinho na Area de Proteção Ambiental Cairuçu (Paraty), o Quilombo do Feital na APA de Guapimirim e o Quilombo da Tapera na APA da Região Serrana de Petrópolis.
Para Herrera, a visão do órgão ambiental federal não é mais a da incompatibilidade dos territórios quilombolas com as áreas protegidas. “A gente entende que a existência e a resistência desses povos e comunidades só traz benefícios à biodiversidade, na medida em que faz parte da cultura e da ancestralidade quilombola o respeito à natureza.”
A Defensora Pública Daniele Silva, anfitriã do evento, alertou que “é preciso ter cuidado para não usar o meio ambiente como discurso da branquitude. Ninguém para entender melhor o território do que a pessoa que está ali ancestralmente. Quando a gente fala de quilombo, a gente fala de uma ocupação ancestral, de uma forma de viver respeitando a coletividade e obviamente o meio ambiente.”
De acordo com a presidente da ACQUILERJ, Ana Beatriz Bernardes Nunes, “falar da relação da comunidade quilombola com a mata, com a natureza, é falar do continente africano, pois quando esse povo veio sequestrado de suas matas e de suas terras, ele se identificou com a floresta brasileira. As unidades de conservação são maravilhosas, mas elas precisam ter respeito por quem já estava lá, sentar junto e construir junto.”
Rafaela Fernandes, da Diretoria da Juventude da ACQUILERJ destacou que “a maioria das comunidades estão em área rural, perto da mata atlântica, que é nosso bioma, onde a agricultura familiar também é muito forte. As comunidades quilombolas também estão vindo com a prerrogativa de trabalhar a educação ambiental dentro dos territórios.”
O gerente regional do ICMBio anunciou que está em curso um levantamento para tirar da invisibilidade outros casos de comunidades quilombolas em unidades de conservação e convidou os representantes das comunidades quilombolas a procurar os espaços de participação dos Conselhos das unidades de conservação mais próximas, uma vez que é obrigatório que o Conselho tenha uma abertura para participação direta das comunidades quilombolas, independente da categoria da unidade de conservação.
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