Notícias
ICMBio integra projeto de cooperação transatlântica
Objetivo é estimular o intercâmbio e o compartilhamento das melhores práticas para a gestão efetiva das áreas marinhas protegidas ao longo de todo o Oceano Atlântico
Brasília (18/08/2017) - O Brasil faz parte de projeto apoiado pela Comunidade Europeia destinado a desenvolver a cooperação entre as áreas marinhas protegidas (AMPs) dos países costeiros ao longo de todo o Oceano Atlântico, incluindo o Mar Mediterrâneo.
Idealizado pela Rede de Gestores de Áreas Marinhas Protegidas do Mediterrâneo (MedPAn) com o intuito de estimular o intercâmbio e o compartilhamento das melhores práticas para a gestão efetiva das AMPs, o projeto tem dois anos e inclui três eixos principais de cooperação.
O primeiro trata da Resiliência das Áreas Marinhas Protegidas composta por cinco áreas selecionadas: o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (Brasil), o Complexo Ecológico Arco Esmeralda (Gabão), a Reserva da Biosfera de Cozumel (México), a Reserva Nacional de Pesquisa Estuarina de Jacques Cousteau (EUA) e o Parque Natural do Litoral Norte (Portugal).
O segundo eixo de cooperação trata da Migração de Baleias, composta por áreas do Atlântico Norte que compartilham as mesmas populações de cetáceos.
Já o terceiro eixo trata do Fortalecimento de Redes de Gestores de AMPs, do qual participam as quatro principais redes já estabelecidas, a saber: CaMPAM (Rede e Fórum de Gestores das AMPs do Caribe), MedPAN (Rede de Gestores das AMPs do Mar Mediterrâneo), NAMPAN (Rede das AMPs da América do Norte) e RAMPAO (Rede Regional de AMPs do Oeste Africano).
Conselho consultivo
Em 2016 foi criado um Conselho Consultivo do Projeto, composto pela Coordenadora de Planos de Ação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ana Paula Prates, convidada pela Comunidade Europeia por ser especialista em áreas marinhas protegidas.
Junto com o staff do projeto, eles reuniram as informações disponíveis na literatura científica e junto aos bancos de dados internacionais sobre as características ecológicas e de governança das mais de 14 mil Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) declaradas no Atlântico – incluindo o Mediterrâneo - com mais de 450 tipos diferentes de categorias/designações, nos 64 países e territórios da costa do Atlântico.
Abrolhos
Após esta fase de levantamento de informações, foram selecionadas as AMPs. O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos foi selecionado para representar o Brasil, bem como de integrar as redes de AMPs possibilitando a participação brasileira nos demais workshops, que visam compartilhar as melhores práticas, lições aprendidas e propostas de manejo inovadoras, tendo como foco a melhora na efetividade da gestão das AMPs. “Com isso espera-se ampliar a resiliência costeira aos impactos causados pelo aumento rápido na densidade populacional e pelas mudanças climáticas”, explica Ana Paula Prates.
Histórico
O primeiro workshop ocorreu em maio de 2017 em Nova Jérsei, nos Estados Unidos. Participaram do encontro os representantes das áreas protegidas: Reserva Nacional de Pesquisa Estuarina de Jacques Cousteau, Complexo Ecológico Arco Esmeralda, Reserva da Biosfera Cozumel e Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, representado por Joca Thome, coordenador do Centro Tamar.
Cada área protegida fez uma apresentação destacando os desafios de gestão relacionados à resiliência e às alterações costeiras e marinhas. Foi realizada uma visita de campo na Reserva de Pesquisa Estuarina Nacional Jacques Cousteau com importante troca de experiências entre os gestores, tendo em vista que essa área recebeu o impacto do furacão Sandy, e a área protegida costeira atenuou tal impacto na referida região, o que não se deu nas demais áreas do entorno.
Dois servidores do ICMBio, Carina Abreu e Antonio Sena, foram ao segundo workshop representando o ICMBio, realizado em julho de 2017 em Librevile, no Gabão. Nessa segunda oficina a participação foi muito mais ampla, tanto em número de países, com representantes da França, Espanha, Portugal, Tunísia, Marrocos, Mauritânia, Camarões, Senegal, Gabão, Estados Unidos, Bahamas, República Dominicana, México, São Martinho e Brasil, quanto de níveis organizacionais, envolvendo representantes de unidades de conservação marinhas, redes de áreas protegidas marinhas, instituições e ONGs de renome internacional.
Foram discutidos assuntos como riscos e ameaças devido às mudanças rápidas, necessidades dos gestores de AMPs, estratégias de comunicação adotadas pelas áreas protegidas e ferramentas para o estabelecimento e a implementação da rede de AMPs do Atlântico. Além disso, alguns participantes fizeram apresentações sobre suas áreas de atuação e experiências. Assim como no primeiro workshop, no último dia foi realizada uma visita de campo, no Parque Nacional Pongará.
Ainda em julho de 2017 foi realizada a terceira oficina em Tenerife, Ilhas Canárias, na Espanha. Apesar do Brasil não pertencer a nenhuma rede de AMPs, os membros do Conselho do Projeto foram convidados a participar, ocasião na qual o ICMBio foi então representado pela servidora Ana Paula Prates.
O evento foi voltado para o fortalecimento da cooperação e definição de estratégias comuns entre redes de gestores de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs). No evento foram trabalhados os principais pontos identificados pelos líderes das redes de AMPs para futuras colaborações, tais como: fortalecer e melhorar a eficiência das respectivas redes de gestores de MPA; aumentar a efetividade das AMPs para enfrentar os desafios globais; levantar o perfil e a visibilidade das redes dos gestores de AMPs e suas necessidades; e maximizar oportunidades e recursos.
Desafios comuns
Apesar de suas diferenças em termos de infraestrutura, governança, recursos financeiros e humanos, as AMPs possuem objetivos similares e enfrentam muitos desafios comuns relacionados aos impactos antrópicos nos ambientes costeiros e marinhos.
A colaboração entre os gestores e o estabelecimento de uma rede de AMPs do Oceano Atlântico, proposto pelas oficinas, pode maximizar as oportunidades e recursos para treinamento, comunicação, geração e compartilhamento de conhecimento científico e tradicional, promovendo a troca de experiências, a prospecção e a antecipação de problemas críticos, bem como o fornecimento de suporte técnico ou financeiro.
A partir da frase mais disseminada no projeto – ‘Never manage alone’ (Nunca administre sozinho), o gestor poderá se apoiar na rede para de fato não atuar de forma isolada. O projeto de cooperação está lançando a proposta de uma grande rede permanente entre as redes de gestores de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) na área do Atlântico.
Ao trabalhar em conjunto e desenvolver estratégias comuns, a experiência deste projeto de cooperação também contribuirá para o estabelecimento de uma nova Rede Global de áreas Marinhas Protegidas (IMPANA) a ser lançada durante o 4º Congresso Mundial de Áreas Marinhas Protegidas - IMPAC4, que ocorrerá em La Serena, Chile, em setembro.
Serviço:
. Mais informações sobre o 4º Congresso Mundial de Áreas Marinhas Protegidas clique
aqui
. E
aqui
para acessar o site do projeto
Comunicação ICMBio
(61) 20289280