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ICMBio terá nova base no litoral de Alagoas
Terreno foi doado por pousada na região da APA Costa dos Corais e do Projeto Peixe-Boi
Victor Souza
victor.souza@icmbio.gov.br
Brasília (21/11/2012) – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) acaba de ganhar um terreno no litoral de Alagoas para a instalação de uma base avançada multifuncional que será compartilhada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA) e a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. A doação foi feita pelo proprietário de uma pousada na região onde ficam a APA e uma base do Projeto Peixe-Boi, administrada pelo CMA.
O terreno, de um hectare, foi doado pela Pousada Borapirá. No local, considerado estratégico para a conservação do peixe-boi marinho e a gestão da APA, o ICMBio pretende construir centro de visitantes, complexo de escritórios e alojamento. A futura base possibilitará atividades de manejo, pesquisa e educação ambiental com peixe-boi e manguezais, apoio à fiscalização da APA, ações integradas entre as unidades do Instituto, órgãos ambientais locais, ONGs e parceiros do mercado de turismo e, mais, o desenvolvimento do ecoturismo de base comunitária.
Para Paulo Corrêa Júnior, chefe da APA Costa dos Corais, a estrutura permitirá velocidade e qualidade nos atendimentos de emergências ambientais, já que ficará exatamente no centro da unidade de conservação, e fortalecerá a parceria com a Base Avançada do CMA em Porto de Pedras. “A APA Costa dos Corais tem entre seus objetivos manter a integridade do hábitat e preservar a população do peixe-boi marinho, e a base do CMA em Porto de Pedras é a experiência de maior sucesso na reintrodução dessa espécie. Juntos, vamos fazer a nossa parte”, salienta Paulo.
Outro aspecto que merece destaque, segundo o chefe da APA, é o modelo de base multifuncional, que permite o uso também por instituições das esferas municipais e estaduais, o que facilitará o trâmite administrativo e o relacionamento interinstitucional. “Assim, as ações deverão ser realizadas mais rapidamente”, prevê Corrêa.
Já Carla Marques, analista ambiental e coordenadora substituta do CMA, disse que a nova base deve melhorar as condições estruturais para monitoramento e atendimento dos animais mantidos em semi-cativeiro, no Rio Tatuamunha, em Porto de Pedras, e daqueles já soltos em ambiente natural.
Soltura
Para marcar o evento de doação do terreno, o CMA realizou a soltura do trigésimo-quarto animal reintroduzido na natureza pelo Projeto Peixe-Boi, criado em 1980 com o objetivo de evitar a extinção do mamífero aquático mais ameaçado no Brasil.
Fontinho, nome dado ao animal, foi resgatado de um encalhe em 2008, na Praia das Fontes, no Ceará, e transferido para a sede do CMA em Itamaracá (PE), em outubro de 2011. Seu processo de readaptação à natureza ocorreu no Rio Tatuamunha, local em que o peixe-boi foi monitorado até ser considerado apto para a reintegração à vida livre.
Segundo Carla Marques, o processo foi bem-sucedido: “O animal foi manejado no dia anterior à soltura, medido e pesado para futuras reavaliações por parte da equipe do CMA, e recebeu um rádio-transmissor satelital que nos permitirá acompanhar todo deslocamento do mesmo durante os próximos meses e a sua readaptação ao ambiente natural”.
O CMA
O CMA surgiu a partir dos desdobramentos do Projeto Peixe-Boi Marinho, implementado pelo governo federal na década de 1980 com o objetivo de avaliar o estado de conservação da espécie no litoral brasileiro.
Vinculado ao ICMBio desde a fundação do Instituto, em 2007, o Centro, que tem sede em Itamaracá (PE), se tornou referência no cenário conservacionista dos peixes-bois marinhos e amazônicos, tendo assumido o Projeto Peixe-Boi Marinho, através do qual obtém dados científicos para subsidiar a conservação da espécie no Brasil por meio de ações de manejo.
O CMA também coordena quatro planos de Ação Nacionais (PANs) de Mamíferos Aquáticos do ICMBio (sirênios, grandes cetáceos e pinípedes; pequenos cetáceos e toninha), além de promover cursos, seminários, reuniões técnicas e eventos de divulgação e intercâmbio científico relacionados ao tema.
A APA Costa dos Corais
Criada em 1997, Ano Internacional dos Recifes de Corais, a APA Costa dos Corais ocupa 413 mil hectares no litoral entre os estados de Alagoas e Pernambuco, abrangendo três grandes ecossistemas: os recifes de corais, manguezais e o prado de fanerógamas – ambientes interdependentes que garantem a sobrevivência de muitas espécies de peixes, mamíferos, aves e invertebrados.
Além de servir de hábitat para o peixe-boi marinho, a unidade ajuda a conservar uma das maiores barreiras de recifes costeiros do mundo. A sua gestão é feita pelo ICMBio em parceria com instituições como a Fundação Toyota do Brasil e a SOS Mata Atlântica.
A APA contribui ainda para o ordenamento do turismo na região e demais atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental, estimulando também a diversidade cultural local com o incentivo a manifestações folclóricas e populares.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9280