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ICMBio ganha prêmio em evento internacional
Renovação de campos e savanas no parque da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, é escolhida a melhor iniciativa de recuperação de área degradada na VII Conferência Mundial de Restauração Ecológica
Carla Viviane
ascomchicomendes@icmbio.gov.br
Brasília (06/09/2017) - O projeto Restauração de campos e savanas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, foi premiado como o melhor projeto de recuperação de área degradada apresentado na VII Conferência Mundial da Sociedade Internacional de Restauração Ecológica (SER), realizada em Foz do Iguaçu, no Paraná, de 27 de agosto a 1 de setembro.
Coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o projeto concorreu com outros 14 projetos brasileiros ao prêmio de compensação de carbono do evento, tendo ficado entre os três finalistas ao lado do projeto Y Icatu Xingu do Instituto Socioambiental e o projeto de restauração de habitat para o mico-leão-dourado no Rio de Janeiro.
O projeto do parque foi indicado pelos próprios participantes da conferência para receber o prêmio. “O resultado desse premio é fruto do incentivo à pesquisa feito pelo ICMBio. Também prova que é possível e viável restaurar as áreas degradadas de Cerrado dentro das UCs e priorizar ações de restauração”, afirmou o analista ambiental do Instituto, Alexandre Bonesso Sampaio. Segundo ele, o valor do prêmio - recurso da compensação pelas emissões de carbono – ainda não foi calculado.
Segundo ele, o apoio financeiro inicial ao projeto de pesquisa, com recursos do ICMBio, foi crucial para alcançar os resultados atuais. “Um recurso que somou com o recurso de parceiros e outras fontes de financiamento e uma pesquisa que atraiu investimento em ação prática de restauração”, ressalta. A pesquisa gerou resultados diretamente aplicados e fomentou a realização de ações que contribuíram para a conservação de uma UC e podem ser aplicáveis a outras áreas do Cerrado, complementa.
Cooperativa de sementes
O projeto começou há 7 anos e mudou a vida de um grupo de pessoas da comunidade local na Chapada dos Veadeiros. A iniciativa acabou avançando para a formação de uma cooperativa de sementes nativas do cerrado, a Cerrado de Pé. Eles, inclusive, já estão produzindo para o mercado em larga escala. A rede tem mais de 60 mil famílias da comunidade local, que fornecem sementes nativas para restaurar as áreas degradadas. Nos últimos cinco anos, esta rede forneceu 25 toneladas de semente, gerando um benefício econômico de cerca de R$ 170 mil aos produtores.
Mais de 100 hectares foram restaurados dentro do parque usando o método de sementeira direta pelo qual 80 espécies de gramíneas, arbustos e árvores nativas foram reintroduzidas em áreas degradadas, com taxas de sobrevivência acima de 70% na maioria dos casos após quatro anos de monitoramento. Pessoas da comunidade local são treinadas e empregadas para realizar o trabalho de restauração. Com isso, as famílias melhoram seus meios de subsistência e gera impulso para a economia local.
Histórico
O projeto iniciou em 2010 financiado pela Diretoria de Conservação da Biodiversidade (Dibio), do ICMBio, coordenado pelo analista ambiental do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, José Fernando Rebello, para erradicar invasoras e restaurar áreas degradadas. Em 2012, foi ampliada a escala dos experimentos de restauração e incluir espécies do estrato herbáceo-arbustivo do Cerrado. A técnica testada desde o início do projeto foi a semeadura direta de espécies nativas, em muito inspirada no método de restauração das florestas do entorno do Parque Nacional do Xingu, campanha Y Icatu Xingu, realizada pelo Instituto Socioambiental (ISA).
O projeto foi selecionado para apoio à pesquisa pelo edital da DIBIO/ICMBio de 2012 a 2015. Depois, de janeiro de 2013 a janeiro de 2015, contou ainda com o financiamento complementar da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e, em 2014, foi apoiado pelo projeto da Rede de Sementes do Cerrado. Desde o início, o projeto contou com o apoio de pesquisadores da Embrapa, Daniel Mascia Vieira e José Felipe Ribeiro, e da UnB, Isabel Belloni Schmidt e Sarah Caldas.
Técnicas de restauração
Segundo o analista ambiental Alexandre Sampaio, o projeto sempre buscou gerar conhecimento e aprimorar técnicas de restauração de menor custo e alta eficiência para restaurar formações savânicas e campestres do Cerrado, envolvendo em todas as etapas as comunidades locais. Em 2016, surgiu a proposta para realizar uma reposição florestal do processo de licenciamento da linha de transmissão de energia elétrica que liga Porto Velho (RO) a Araraquara (SP). Assim, foi adotada a semeadura direta como técnica a ser aplicada pela empresa que realizaria a reposição florestal.
Todos os envolvidos no projeto se uniram para orientar essa ação, considerada inovadora por realizar reposição florestal via semeadura direta de plantas nativas e por promover a primeira restauração de formações savânicas e campestres do Cerrado em larga escala, considerado plantas do estrato herbáceo-arbustivo. A reposição florestal teve os plantios realizados em 2015 e 2016, e está em fase de manutenção.
Foi possível restaurar 94 hactares, que somam aos 11 hectares que haviam sido semeados nos anos anteriores. Nas áreas plantadas já foram estabelecidas plantas de pelo menos 22 espécies nativas (árvores, trepadeiras, arbustos, sub-arbustos e gramíneas nativas), em uma densidade de mais de 5.000 plântulas de árvores por hectare e uma cobertura contínua de gramíneas nativas, reduzindo a menos de 30% a cobertura de das gramíneas invasoras.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280