Notícias
ICMBio faz inventário de cactos na Serra da Capivara
Parque nacional no Piauí abriga pelo menos dez espécies
Brasília (08/08/2012) – Em continuidade ao Programa de Monitoramento da Biodiversidade em Unidades de Conservação Federais do Bioma Caatinga, o Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Caatinga (Cecat) promoveu o levantamento florístico e o georreferenciamento de espécies da família cactáceas (cactos) no Parque Nacional (Parna) da Serra da Capivara, no Piauí.
O Cecat pertence ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o parque é uma das principais áreas protegidas do País dedicada à conservação do patrimônio biológico da caatinga, em especial das cactáceas.
Os resultados preliminares apontam a presença no parque de dez espécies: Arrojadoa rhodantha (rabinho-de-onça); Cereus albicaulis (chichá); Cereus jamacaru (mandacaru); Facheiroa squamosa (rabo-de-raposa); Melocactus zehntneri (coroa-de-frade); Pilosocereus flavipulvinatus ; Pilosocereus gounellei gounellei ssp (xique-xique); Pilosocereus piauhyensis (facheiro); Tacinga inamoema (quipá); Tacinga palmadora (palmatória, ou quipá de espinho). De todas, A. rhodantha e T. palmadora foram as espécies menos frequentes e com o menor registro de ocorrência.
Expedição
A expedição foi realizada em junho e contou com a participação dos biólogos Victor Vinícius Ferreira de Lima, bolsista do Cecat, e Uêdija Natali Silva Dias, bolsista da Universidade do Vale do São Francisco, em Pernambuco, além de bolsistas assistentes de campo envolvidos no programa.
Para a realização do levantamento florístico, a equipe do Cecat empregou o método de prospecção ao longo da área de estudo, seguido de coleta e georreferenciamento das espécies encontradas ao longo do percurso. As espécies foram registradas em tabelas de campo pré-elaboradas, constando nome da família, gênero e espécie, coordenada geográfica, hábitat, hábito de crescimento, frequência e número e tipo do material coletado.
O material coletado foi identificado no campo e em laboratório, pela botânica Marianna Rodrigues Santos, e os exemplares enviados ao herbário da Universidade Federal do Vale do São Francisco, responsável pela confecção do material botânico fixado e duplicatas.
Os dados de composição florística e georreferenciamento serão organizados em tabelas eletrônicas e incorporados ao banco de dados do Cecat, que é coordenado pela bióloga Suelma Ribeiro-Silva. O tratamento dos dados será utilizado para a confecção de mapas de distribuição, na análise do status de conservação das espécies e na definição do delineamento amostral para obtenção dos parâmetros de ecologia quantitativa.
Segundo a equipe do Cecat, conhecer a distribuição geográfica é um importante passo para o monitoramento, uma vez que permite ao pesquisador identificar o padrão de ocorrência das espécies ao longo da área de estudo e sua associação a tipos vegetacionais específicos.
Saiba mais:
O Brasil, em sua porção oriental, é o terceiro maior centro de diversidade de cactáceas das Américas. Já a caatinga é o bioma com o maior número de espécies endêmicas de cactáceas (61) e onde a família pode chegar a ser dominante na vegetação. No entanto, a extraordinária riqueza não se interpõe como um fator ponderador à conservação das cactáceas, de modo que, em escala global, o país apresenta a maior proporção de espécies ameaçadas (18%).
Diante deste cenário, algumas peculiaridades incorporam o Parna Serra da Capivara como um dos principais centros para a conservação de cactáceas e do patrimônio biológico da Caatinga. Em primeiro lugar, porque são raros no Brasil os locais que abrigam número igual ou maior do que dez espécies de cactáceas. Ecologicamente o grupo desempenha importante papel para o equilíbrio dos ecossistemas de Caatinga, sendo importante recurso alimentício para a fauna.
Além disso, o Parque é uma das poucas regiões de Caatinga onde encontramos exuberante diversidade florística e fitofisionômica associada a uma paisagem bem preservada, com baixa pressão por intervenções antrópicas e forte aparato de fiscalização.
Dessa forma, já que as cactáceas são bastante sensíveis à perturbação ambiental, a UC deve ser considerada como área prioritária para a conservação e refúgio para essas espécies no bioma Caatinga.
Comunicação ICMBio
(61) 3341-9291