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ICMBio elabora lista de vertebrados da Flona de Ipanema
Estimativas são de que existam mais de 450 espécies na floresta paulista
Brasília (31/05/2012) – A Floresta Nacional (Flona) de Ipanema, unidade de conservação sob gestão do Instituto Chico Mendes localizada em Iperó (SP), iniciou neste mês de maio a elaboração da Lista Oficial da Fauna de Vertebrados ocorrentes na floresta. Os trabalhos estão sendo conduzidos sob a coordenação do analista ambiental Luciano Bonatti Regalado e do consultor científico e biólogo André Guilherme.
Atualmente, sabe-se da existência de mais de 450 espécies de vertebrados na Floresta Nacional de Ipanema, das quais destacam-se mais de 20 espécies com algum grau de ameaça, incluídas na Lista Oficial da Fauna Ameaçada de Extinção do Estado de São Paulo e que merecem a atenção para a sua conservação e de seus ambientes de ocorrência.
"Neste primeiro momento, estamos realizando a compilação das informações relativas ao conhecimento zoológico existente na floresta que estão registradas em diversos estudos desenvolvidos nos últimos 20 anos tendo a Unidade como objeto das pesquisas”, ressaltou Regalado.
Pesquisadores especialistas
Após a atualização taxônomica das listagens, elas serão encaminhadas para pesquisadores especialistas em cada grupo animal, que poderão contribuir no questionamento e/ou validação da ocorrência das espécies na Unidade de Conservação.
Segundo Regalado com a oficialização da lista de vertebrados ocorrentes na UC, o ICMBio poderá contribuir para a definição de estratégias e linhas de apoio à pesquisas a serem previstas pelo Plano de Manejo da Flona, em processo de atualização.
“A idéia é que a lista oficial seja revista e atualizada a cada três anos. Entretanto, a Flona deverá disponibilizar anualmente informações sobre o registro e a ocorrência de novas espécies em sua área”, frisa ele.
Conheciento zoológico
A Flona de Ipanema possui uma grande importância histórica relacionada ao conhecimento zoológico do país, especialmente da região sudeste e do bioma Mata Atlântica. A região foi uma das localidades que mais recebeu visitas dos naturalistas que percorreram o interior do Brasil durante o século XIX.
Dentre os estudiosos que ali estiveram, merece destaque o austríaco Johann Natterer, integrante das comissões científicas pertencentes a esquadra monárquica da arquiduquesa Leopoldina da Áustria, vinda para o Brasil para casar-se com D. Pedro I do Brasil.
Natterer, a serviço do Museu de Viena, percorreu grande extensão do território brasileiro (sudeste, centro-oeste e grande parte da Amazônia), desenvolvendo pesquisas e coletando espécimes de diversas localidades, de diversos ambientes. Em Ipanema, permaneceu aproximadamente 800 dias entre os anos de 1819 e 1822, onde coletou centenas de espécimes de vertebrados, com destaque para as aves e mamíferos.
Entre o material coletado em Ipanema, estavam indíviduos de bionomia totalmente ignorada, assim como espécies ainda desconhecidas para a ciência, como é o caso do raro mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), cuja localidade-tipo é Ipanema. Os dados coletados e presentes nos manuscritos de Natterer foram amplamente utilizados como base para várias descrições de táxons, na época tidos como novos.
Após os trabalhos desses naturalistas, desenvolvidos principalmente na primeira metade do século XIX, a fauna de Ipanema somente foi alvo de novos estudos sistemáticos a partir da década de 1990, com a criação da Floresta Nacional de Ipanema, quando a área começou a receber estudantes e pesquisadores interessados em contribuir para o conhecimento e conservação de um dos mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do interior paulista.
Comunicação ICMBio
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