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ICMBio e Ibama apreendem mais de 300 tartarugas em Roraima
Animais foram devolvidos à natureza e seis traficantes estão presos
Brasília (22/12/2011) – Uma operação de fiscalização na região do Baixo rio Branco, em Roraima, acaba de apreender 327 quelônios (animais com casco), em sua grande maioria fêmeas adultas de tartarugas-da-Amazônia ( Podocnemis expansa ). Seis homens, integrantes de uma quadrilha especializada em tráfico de animais que atuava em Caracaraí, foram detidos. Essa foi a maior apreensão de tartarugas adultas nos últimos anos na Amazônia.
Realizada em parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ibama e Policia Militar, a operação, encerrada ontem (quarta, 21), contou com a participação de seis fiscais, seis policiais e suporte logístico do Parque Nacional do Viruá, administrado pelo ICMBio. Foram lavrados 23 autos de infração.
Segundo o coordenador da operação, Azemar Marques, do Ibama, foram destruídos ao todo quatro “currais” (onde os animais são provisoriamente estocados vivos), seis acampamentos (conhecidos como “paragens”) e várias embarcações utilizadas pelos “tartarugueiros” (como são chamados os traficantes) durante a fase de reprodução das tartarugas, que em Roraima começa em dezembro e se estende até fevereiro.
NOITE – A maioria dos animais foi apreendida durante à noite, período utilizado pelos traficantes para se deslocar nos rios da região. Para o gerente logístico da operação, Samuel Lima Rodrigues, “as abordagens noturnas, apesar de muito arriscadas, são a única forma de apreender os animais”, uma vez que os infratores se aproveitam do escuro da noite para se deslocar com os barcos apagados, despistando a fiscalização. Além disso, segundo ele, “é preciso deixar o motor desligado e as luzes apagadas para garantir a chance de flagrante”.
Ao todo foram realizadas sete apreensões durante a operação, as duas maiores totalizando 167 e 108 tartarugas em dois grupos de barcos. Das mais de 300 tartarugas, apenas 42 foram localizadas em terra, o que revela a importância das barreiras noturnas para a realização dos flagrantes nas embarcações. Os animais foram devolvidos à natureza pelos fiscais do ICMBio e Ibama.
Segundo o Major Vasco Ribeiro, comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (CIPA) da Policia Militar de Roraima, a grande maioria das tartarugas foram encontradas amarradas e ensacadas, prontas para serem transportadas e vendidas provavelmente em Boa Vista (capital do estado), por valores entre R$ 300 (as maiores) e R$ 100 (as menores). “Fico feliz de
saber que nosso trabalho fez a diferença para mais de 300 tartarugas”, disse.
PRESOS – Os seis infratores foram enquadrados em flagrante pela Policia Federal nos parágrafos 1º, 4º e 5º da Lei 9.605 de 1998 (referente a crimes contra a fauna, combinados com o artigo 288 do Código Penal), com o agravante de formação de quadrilha e maus tratos aos animais, tornando o crime inafiançável. Eles foram encaminhados para a Penitenciária Agrícola Monte Cristo, onde estão presos.
Para o chefe do Parque Nacional do Viruá, Antonio Lisboa, a ação só foi possível graças à parceria entre o ICMBio, Ibama e a CIPA. “Nossa missão é difícil e envolve muitos riscos, mas, com união de esforços e estratégia, é possível otimizar recursos e ter sucesso”.
Localizada no centro-sul de Roraima, a região do baixo rio Branco é um dos principais tabuleiros de quelônios da Amazônia. Constitui uma das principais áreas de reprodução desses animais no País. A enorme extensão da área e sua baixíssima ocupação (que inclui trechos de mais de 200 quilômetros de rios sem qualquer habitação humana) a tornam extremamente vulnerável à ação de quadrilhas de “tartarugueiros”, sobretudo, do Amazonas.
A pressão ocorre entre os meses de dezembro a fevereiro quando milhares de tartarugas chegam às extensas praias de areia da região para desovarem, período em que se tornam muito suscetíveis à captura ilegal. A última grande apreensão na região havia sido feita em 2005 em uma operação custeada pelo parque Nacional do Viruá, quando foram apreendidas 680 tartarugas. Em 2006, um atentado a outra missão realizada pelo parque, resultou na morte de um colaborador comunitário e dois técnicos do Ibama baleados.
SERVIÇO:
Mais informações: Antonio Lisboa, chefe do Parque Nacional do Viruá
(95) 3624-3712 e (95) 9137-1192
Ascom/ICMBio
(61) 3341-9280