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Guariba-de-mãos-ruivas retorna à natureza
Publicado em
02/05/2019 20h05
Atualizado em
08/05/2019 21h05
Primata foi encontrado e capturado por trabalhadores rurais em uma área de plantação de feijão e cana-de-açúcar, no município de Mataraca, norte da Paraíba.
Mataraca (guariba da matéria) na caixa de transporte, momentos antes da soltura. (foto: Gabriela Ludwig)
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) soltou um guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul). Os pesquisadores recolheram o animal que foi encontrado e capturado por trabalhadores rurais em uma área de plantação de feijão e cana-de-açúcar, no município de Mataraca, norte da Paraíba. O macaco foi encaminhado ao Cetas/Ibama/PB.
As analistas ambientais do CPB avaliaram o animal, coletaram dados biométricos e amostras biológicas e fizeram a identificação com o uso de um microchip. O primata é uma fêmea adulta-jovem, selvagem e saudável, que foi batizada de Mataraca (nome do município onde foi encontrada). Atendendo às diretrizes do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas do Nordeste (PAN PRINE), foi avaliado que o guariba estava em condições de voltar à natureza. Assim, no dia 17 de abril, a espécie foi liberada para viver na Rebio Guaribas, considerada uma das áreas adequadas para soltura na Paraíba, de acordo com o PAN PRINE.
No período de julho de 2011 a abril de 2019, foram registrados 37 casos de guaribas-de-mãos-ruivas em dispersão ou situação de risco (como cativeiros ilegais), dos quais 26 foram diretamente avaliados pela equipe do CPB e 14 foram reintroduzidos na Rebio Guaribas.
Após 19 anos de pesquisas e ações de manejo de A. belzebul na Rebio Guaribas, realizadas principalmente pelo CPB, 29 animais foram reintroduzidos (19 fêmeas e 10 machos) e a população atual estimada para a espécie na área é de 40 a 50 indivíduos, considerada demograficamente viável a partir de resultados de modelagens de análise de viabilidade populacional.
Desde sua criação em 2001, o CPB assumiu a coordenação do “Projeto Guaribas do Nordeste”, que teve início em 1998 com o objetivo de repovoar a Rebio Guaribas com o guariba-de-mãos-ruivas. Em seguida, a partir de 2011, quando o PAN PRINE começou a ser implementado, o CPB passou a executar, de forma sistemática, ações de manejo de indivíduos e populações de A. belzebul para manutenção e estabelecimento de populações viáveis na natureza. As ações de manejo deste tipo consideram a ecologia da espécie, em que indivíduos maduros sexualmente, de ambos os sexos, deixam seus grupos de nascimento e se deslocam para novas áreas, a fim de criarem seus próprios grupos.
Essa demanda de ação surgiu no PAN PRINE, principalmente devido a registros de indivíduos que, durante sua dispersão entre as áreas de florestas, muitas vezes sofrem intervenções humanas, como no caso de Mataraca que foi capturada por trabalhadores rurais. Recentemente, inclusive, o CPB produziu um cartaz advertindo a população de como proceder quando encontrar guaribas dispersando.
Mataraca solta na natureza. (Foto: Gerson Buss)
Perda do habitat e pressão de caça
O guariba-de-mãos-ruivas é um primata endêmico ao Brasil, o qual apresenta distribuição disjunta, com populações na porção oriental da Floresta Amazônica e outras na Floresta Atlântica, no Centro de Endemismo Pernambuco (CEP). Apesar da espécie ser considerada tolerante a perturbações e modificações ambientais, a maior parte das populações amazônicas está inclusa na região do Arco do Desmatamento e as populações nordestinas encontram-se em situação crítica, devido à perda e à fragmentação de seu habitat, além de forte pressão de caça.
Diante deste cenário, a espécie foi considerada “Vulnerável” à extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2008) e pela Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA 444/2014).
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionado:
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