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Parque Grande Sertão Veredas inaugura primeira trilha
São 2 km em meio ao cerrado preservado, rios, cachoeiras e animais
São 2 km em meio ao cerrado preservado, rios, cachoeiras e animais
Brasília (19/10/15) – Na entrada, os visitantes são recebidos com a frase de Guimarães Rosa “Agora, o mundo quer ficar sem sertão... Se um dia acontecer, o mundo se acaba”. Na sequência, outras citações do escritor mineiro marcam a trilha do Mato Grande, no Parque Nacional Grande Sertão Veredas , gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) entre Minas e Bahia.
A trilha, que acaba de ser inaugurada, foi construída em parceria com a Fundação Pró-Natureza (Funatura) e o Funbio/TFCA , e já é considerada uma das principais atrações do local, pelo grande volume de seus cursos d´água e pela exuberância dos ambientes de cerrado e animais residentes.
Com 2,2 km de extensão, a trilha é considerada de grau leve, fácil de ser percorrida e corta vários ambientes do cerrado, margeando o Rio do Mato Grande. Durante a caminhada, há um mirante, placas interpretativas em grotas nomeadas de acordo com os animais recorrentes no local, como o tamanduá, o inhambu, o lobo e a cobra.
Os aspectos ambiental e cultural ficam evidentes nas placas, mesclando informações sobre animais e frases de Guimarães Rosa. Além de informações em inglês para os turistas estrangeiros, a estrutura também conta com acesso para cadeirantes no Mirante da Siriema, um pouco antes da trilha, e também ao final, já chegando à cachoeira, onde foi erguido um quiosque e um banheiro seco.
Aproximação com a comunidade
A inauguração da trilha marca o processo de aproximação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas com a comunidade do entorno e turistas. O chefe da unidade, Luiz Sergio Martins, vislumbra um movimento gradual na direção do fortalecimento das atividades de uso público no parque e do turismo na região.
O Setor de Visitação Mato Grande já era previsto no plano de manejo do parque (documento que define os vários usos da unidade) e agora passa a ser a primeira de uma série de estruturas que deverão ser implantadas para receber turistas.
“Tem que ser um processo que ocorra naturalmente e gradualmente. Anteriormente trabalhamos mais com a infraestrutura da unidade, na sede, com veículos e reformas. Agora, que já temos a base, dá para evoluir. Um dos focos principais passa a ser o uso público, no qual a gente vai conseguir dar um retorno para a sociedade. O pessoal vai chegar, ver, curtir, conhecer, interagir com as entranhas do parque”, destaca Luiz.
Turismo
O Parque Nacional Grande Sertão Veredas possui um apelo muito forte, não só pela atração literária, mas principalmente pelas belezas naturais envoltas em torno do cerrado e suas veredas. O turismo, como alternativa de desenvolvimento, novamente aparece como um dos direcionamentos apontados por vários representantes da sociedade local para a discussão sobre a região do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu.
O chefe do parque salienta a relação entre turismo e proteção da biodiversidade, sob uma perspectiva importante de valorização ambiental: “Você só vai proteger ou criar uma empatia com alguma coisa que você conhece. Se não, como é que você vai se interessar ou criar aquela empatia, ficar preocupado, curtir, se você não tiver a chance realmente de sentir, de conhecer?”, raciocina Luiz.
Levando as pessoas para dentro do parque, cria-se deslumbramento, porque, segundo o chefe da UC, trata-se realmente de um local muito bonito. “O parque já pega a pessoa pela alma, dá uma fisgada! A pessoa começa a ver a diferença, a entender o que é um parque, uma área de sertão, uma área de cerrado protegido, conservado, com a biodiversidade saltando aos olhos”, reitera ele.
Mosaico
Para além do parque, o gestor da unidade e a equipe da Funatura enxergam no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu um grande potencial para se trabalhar o desenvolvimento sustentável. O cenário ambiental é encantador, aliado à possibilidade de se vivenciar e compartilhar com os moradores desses locais os conhecimentos culturais, proporcionando uma experiência única.
Ainda segundo o chefe do parque, o trabalho de planejamento vem sendo construído de forma compartilhada no âmbito do conselho consultivo (instância de participação da sociedade) do Mosaico, composto por várias instituições públicas, da iniciativa privada e sociedade civil organizada.
Cesar Victor, da Funatura, diz que o mosaico tem um potencial muito grande, tanto no aspecto da conservação da biodiversidade, do uso sustentável das comunidades que moram na região, quanto na questão do turismo.
Para ele, as unidades de conservação da região possuem características bastante diversas, cada qual com suas particularidades, seus atrativos, que precisam também ser objetos de planejamento, inclusive para as terras indígenas e para os grupos que se reconhecem como comunidades tradicionais, quilombolas, dentre outros.
“É uma riqueza enorme em termos de biodiversidade, fauna, flora, recursos hídricos que forma a Bacia do Rio São Francisco, riqueza cultural e povos tradicionais. Tudo isso transforma o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu num território muito interessante que, com certeza, será bastante valorizado pelas pessoas da região e também por pessoas de fora”, afirma Cesar.
Saiba mais
Ocupando área dos municípios de Chapada Gaúcha, Formoso e Arinos, em Minas, e de Cocos, na Bahia, o parque Grande Sertão Veredas conta com mais de 230 mil hectares de cerrado bem preservado, com nascentes, rios e veredas ornadas de buritis.
Criado em uma homenagem à obra “Grande Sertão: Veredas”, do escritor mineiro Guimarães Rosa, o parque procura, a partir da literatura, ressaltar a importância ecológica da região, com uma proposta de proteção do meio ambiente, geografia, cultura e mitologia do sertão mineiro.
Comunicação ICMBio - (61) 2028-9290 - com informações do site Mosaico sertão veredas/peruaçu