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Fubica fazendo "loopings" no mar
Publicado em
16/05/2018 20h22
Atualizado em
17/05/2018 19h15
Estudo de Telemetria por satélite em tartarugas-de-couro segue revelando rotas migratórias da espécie.
Uma fêmea de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) apelidada de “Fubica”, em homenagem ao bloco carnavalesco local de Regência, no norte do Espírito Santo, onde se localizam as áreas de desova da espécie, completou seis meses transmitindo sinais via satélite.
Ela foi uma das quatro fêmeas que começou a ser monitorada pelos pesquisadores do Tamar durante a temporada reprodutiva em novembro/2017, com recursos do FunBio e programa GEFMar, e em parceria com a University of Exeter, no Reino Unido.
Fubica foi vista desovando quatro vezes, tendo neste período se deslocado ao longo de todo o litoral capixaba, evidenciando a importância desta zona costeira como habitat internidal – que é o período durante a temporada reprodutiva, que pode durar entre 3 e 4 meses, no qual as tartarugas realizam desovas sucessivas, em intervalos de aproximadamente 10 dias.
Além das informações geradas durante a temporada reprodutiva, Fubica seguiu transmitindo, após o período de desova, sinais de sua localização e comportamento de mergulho, além de outras variáveis ecológicas coletadas pelos transmissores. “É quando iniciam as migrações pós-reprodutivas, e as fêmeas geralmente voltam para desovar somente depois de 2 ou 3 anos” explica a pesquisadora doutoranda Liliana Colman, que conduz a pesquisa.
Fubica seguiu para o mar aberto, tendo ficado bastante tempo forrageando na zona oceânica conhecida como Elevação do Rio Grande, onde são registradas elevada produtividade marinha e intensa atividade pesqueira, evidenciando riscos às tartarugas, que podem ficar presas nas redes ou anzóis.
Depois de ficar bastante tempo nesta região ela iniciou deslocamento no sentido leste, e já cruzou a cadeia Dorsal Meso-Atlântica, estando atualmente indo em sentido ao continente africano. “A tartaruga Botocuda também seguiu em mar aberto até parar de emitir sinais próximo à costa da África do Sul, tendo percorrido mais de 6000 quilômetros de distância desde quando deixou a costa do Brasil, em janeiro/2018”, explica Liliana.
Os dados provenientes da pesquisa com transmissores são essenciais para o conhecimento do comportamento internidal e das rotas migratórias das tartarugas de couro depois que elas deixam as praias de desova no Espirito Santo.
“Tais dados respondem questões identificadas como prioritárias no
Plano de Ação Nacional (PAN)
para conservação das Tartarugas Marinhas, que inclui 56 ações para a conservação destes animais no Brasil, incluindo identificar, mapear e caracterizar áreas de alimentação e de uso; avaliar a conectividade entre as áreas utilizadas pelas tartarugas marinhas e identificar áreas onde as tartarugas estejam sujeitas à ameaças como capturas incidentais em pescarias, entre outras ações”, explica o Coordenador do Centro Tamar do ICMBio, Joca Thomé.
Esta pesquisa é fruto de parcerias com a Fundação Pró-Tamar, com recursos do programa GEFMar e bolsa de pesquisa do Programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal. Também conta com o apoio da Rufford Foundation e British Chelonia Group.
Comunicação ICMBio
(61) 2028-9280